Capítulo 15

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Peguei minhas coisas e fechei meu armário para ir para a aula, mas antes de dar o primeiro passo parei, estagnada.

— E aí, Helena.

Luke, meu ex namorado, estava encostado no armário ao lado, olhando para mim como um leão olha para um pedaço de carne.

— O que você quer, Luke?

— Tava pensando em sair pra ir no cinema ou em alguma festa. Tá afim?

— Você não pode estar falando sério.

— Por que não estaria?

— Você me traiu com uma líder de torcida dois meses depois de me dizer que detestava líderes de torcida. O que eu devo esperar de você?

— Ah, qual é, Helena. Isso já foi há tanto tempo.

— Foi ano passado.

— Então! Faz tempo.

Revirei os olhos, sem paciência alguma para ouvir as babaquices de Luke.

— Eu tô atrasada pra aula. – Falei, empurrando-o com o ombro e andando pelo corredor.

Entrei na sala levemente irritada, e Sofia e Charlie perceberam.

— Lena, tá tudo bem? – Perguntou Charlie, sussurrando.

— Tá sim.

Sofia lançou-me um olhar preocupado, e eu não dei resposta. Passei a aula quieta, ainda mais que o habitual.

No intervalo, peguei meu livro e tentei esquecer o mundo. Sempre distraí minha mente lendo, desde pequena, então não era algo tão difícil para mim. Principalmente com livros de suspense.

— Lena?

Levantei o olhar, sendo puxada de volta à realidade. Eram Sofia e Charlie.

— Você tá bem? Tá estranha desde que chegou na aula.

— Tá tudo bem, gente. Só acordei de mau humor.

— Mesmo?

— Não. Luke veio me chamar pra sair.

— O QUÊ? – Sofia quase gritou, e Charlie fez uma careta por conta do som estridente.

— Ele apareceu no meu armário e veio com conversa. Cortei na hora e fui pra aula.

— Por favor, me fala que isso não mexeu com você. – Disse Sofia.

— Não. Luke é passado. Mas confesso que fiquei muito irritada com a cara de pau.

— Lena, quando essas coisas acontecerem, não guarda pra você. Você sabe que a gente tá aqui. – Disse Charlie, sentando ao meu lado.

— Valeu galera. Vocês sabem que eu não tenho costume de chegar contando as coisas, mas confio demais em vocês.

Eles sorriram. Conheciam meu jeito fechado, mas nunca me deixaram na mão.

— E sua mãe? Tá bem? – Perguntou Charlie.

Charlie e Sofia eram os únicos que sabiam da condição da minha mãe. Éramos amigos há anos, e eles acompanharam a situação, de certo modo.

— Tá bem. Teve uma recaída semana passada, mas já se recuperou.

O sinal tocou e tivemos que voltar para a aula. Luke passou próximo a mim, e eu apenas fingi não ver. Não queria qualquer tipo de contato com ele.

No meio da aula de matemática, me peguei pensando na noite no café com Peter. O modo como ele ficava sério quando se concentrava, deixando de lado seu jeito tímido e atrapalhado... Quando vi, estava com um pequeno sorriso nos lábios, e o desfiz o mais rápido possível, focando nas contas.

Já na empresa, chamaram-me para conferir os dados de uma planilha, e fui rápido. Vi a situação da mesma e pedi para que me mandassem uma cópia para que eu refizesse, a fim de me certificar de que não havia erros.

Estava fazendo a planilha e pensando que Peter ainda não havia batido em minha porta naquele dia. Já havia virado quase uma rotina.

Ainda estava nesse pensamento, quando ouvi as batidas. Sorri.

— Entra, Parker.

— Helena? Sou eu. – Disse Pepper.

Enrubesci, envergonhada.

— Ah... Oi Pepper.

— Estava esperando outra pessoa? – Perguntou ela, num sorrisinho.

— N-não. É que eu estava discutindo sobre um acontecimento com Peter e aí nós não terminamos a conversa e eu achei que talvez... Enfim, do que você precisa mesmo?

— Vou precisar ir embora mais cedo hoje. Acha que pode agendar esses compromissos para o Ton... Sr. Stark por mim? Aqui tem a agenda dele. Os horários livres são os em preto e aqui são os compromissos que preciso marcar. Os urgentes estão em vermelho.

— Sem problemas. Marco sim.

— Obrigada querida! E boa sorte na sua discussão com o Peter. – Ela sorriu, dando uma piscadinha.

— Ah... Obrigada. – Respondi, querendo me esconder sob a mesa.

Pepper saiu e eu escondi o rosto entre as mãos, quase me desintegrando de vergonha. Não podia acreditar que havia dado uma gafe dessa.

Bateram na porta novamente, e eu mal havia me recuperado da vergonha ainda.

— Entra. – Disse.

— Muito ocupada?

Olhei para a porta e, para terminar de desgraçar minha mente, era Peter.

— Não... Pode entrar.

Ele entrou e cuidadosamente fechou a porta.

I (don't) Need a Hero!Where stories live. Discover now