Capítulo 59

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— Tudo bem? – Perguntou Tony, percebendo meu estado.

Fiz que sim com a cabeça e entrei de uma vez. Tudo estava como ela havia deixado. Passei lentamente pela sala e subi as escadas, rumo aos quartos.

Ao passar em frente ao quarto de minha mãe, parei. Eu queria entrar, mas não sabia se conseguiria. Tony pousou a mão sobre meu ombro e disse:

— Uma coisa de cada vez. Vamos pegar suas coisas, e então você vem se despedir.

Não contestei. Fomos até meu quarto, e os momentos passados ali invadiram minha memória.

— Olha! Sou eu ali? – Perguntou Tony, apontando para um pequeno pôster colado em minha parede. Acima de sua foto dizia "gênio do ano".

— Sim. Seu trabalho sempre me inspirou.

Ele sorriu, e eu retribuí.

— Bom, vamos começar então. Vou pegar as roupas dessas gavetas, e você pega as que estão nos cabides. – Falei.

— Sim, senhora. – Brincou ele.

Começamos a pegar todos os meus pertences e separá-los. Roupas, sapatos, material escolar, livros, objetos pessoais, e aproveitamos para separar algumas para doar.

— Mas peraí! – Exclamei – Como vamos levar tudo isso pra sua casa?

— Happy está vindo com uma carreta. Vamos encaixotar tudo e separamos o que você quer levar pra casa e o que quer doar.

— Ok.

Estava pegando meu notebook e colocando na pilha que eu ia levar, quando Tony indagou:

— O que tá fazendo? Vai levar essa carcaça?

— Ei! Não fala assim dele! Esse computador já me salvou com muito dever de casa, ok? Ele só tá velhinho.

— Quanto tempo ele demora pra ligar? Três dias?

— ... Isso não importa. Ele dá uma travadinha às vezes, mas...

— Joga isso fora, Helena. Eu compro um pra você depois.

— É tão fácil assim?

— Você lembra com quem tá falando?

— Gênio, bilionário, playboy e filantropo. Entendi.

— É isso aí. Anda, vamos continuar com isso.

Continuamos separando tudo quanto foi possível, e as horas passaram depressa. Ao terminarmos, olhei no relógio e vi que já passava das onze horas.

— Pronto. Mais alguma coisa? – Perguntou Tony.

— Não. Acho que pegamos tudo daqui. Deve ter algumas coisas no quarto da minha mãe.

Fomos até o quarto dela. Foi difícil entrar ali, mas respirei fundo e me concentrei em não chorar.

Separei suas coisas. Eu não queria me desfazer, e confesso que peguei muitas de suas roupas que me serviam. Era terrível para mim ter que colocar suas coisas para a doação. Para que estranhos usassem.

Peguei seus livros para mim também, e até mesmo o vidro de seu perfume preferido, que às vezes eu também usava. Minha vontade era de levar comigo tudo o que era dela, mas sabia que tinha de me controlar. Suspirei e disse, virando-me para Tony:

— Acho que é tudo.

Ele deu um sorrisinho triste, compreendendo minha dor.

— Vou estar esperando no carro pra irmos almoçar.

Sozinha no quarto, peguei o travesseiro de minha mãe e abracei, sentindo seu perfume que ainda estava ali. Senti as lágrimas escorrendo por meu rosto e não tentei pará-las.

Após alguns instantes ali, dei um último abraço naquele travesseiro, olhei para aquele quarto uma última vez e virei as costas, com o coração apertado.

Enxuguei as lágrimas e saí porta afora, trancando a casa e logo em seguida entrei no carro, onde Tony checava seu celular.

— Com fome? – Perguntou.

Fiz que sim com a cabeça, fungando.

Após algum tempo dirigindo, ele entrou na fila do drive-thru de um fast food. Confesso que esperava vê-lo parar em frente a algum restaurante caro, mas fiquei aliviada por comer em um lugar comum.

— O que vai querer? Pode pedir o que quiser, sabe que dinheiro não é problema.

— Ahn... Um cheese bacon, uma batata e uma coca. Ah, sem picles.

Ele assentiu. Paramos e Tony abaixou o vidro para fazer o pedido:

— Um cheese bacon e um cheese bacon duplo, uma batata e duas cocas. Ah, e tire os picles.

— Também tira os picles? – Perguntei.

— Detesto picles.

Sorri. Talvez não fôssemos assim tão diferentes, afinal. Após um tempo esperando naquela fila de carros que parecia não se mover, conseguimos finalmente pegar nossos lanches.

— Acho bom não derrubar nada nesse carro. – Disse ele.

Fiz que sim com a cabeça, comendo em cima do saquinho para não derrubar nada. Eu podia facilmente imaginar o escândalo que Tony faria caso eu derrubasse um gergelim daquele pão em seu carro.

Paramos em frente ao que parecia um grande escritório, e Tony abriu a porta do carro.

— Vou entrar e assinar uns documentos. Espera no carro.

— Você vai assinar documentos comendo um cheese bacon?

— Vou.

— Sabe que não pode fazer isso, né?

— Eu posso tudo. – Disse ele, caminhando tranquilamente até a entrada do prédio enquanto abocanhava seu lanche.

Sorri. Gênio forte era pouco para descrever Tony.


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Cerejinhaaaas! Me perdoem pelo atraso! Eu tive uns problemas e realmente só consegui postar agora!! Espero que estejam curtindo essa nova fase da vida da nossa Helena tanto quanto ela KKKK

Beijinhosssss ♥ 

I (don't) Need a Hero!Where stories live. Discover now