O Lado de Fora

CAPÍTULO TREZE

*alerta de apresentação de personagens secundários importantes*

Encontravam-se num pátio, cheio de mesas redondas cercadas de bancos presos ao chão. Pessoas estavam sentadas, observando-os entrar. A grande maioria das coisas daquele lugar era cinza, e tudo era iluminado com uma luz branca fraca. Kaya começou a sentir sono só de estar sob essa iluminação.

Uma multidão se formou ao redor dos adolescentes, todos olhando para a garota como se ela fosse um animal exótico. Sentindo um pouco de vergonha, deu um passo para trás de Leyr, tentando ficar menos visível. Não adiantou.

— Ela é mesmo do Lado de Fora? — perguntou alguém, espantado.

— A Teoria está certa, então?

— Não acredito... Como... como...

Então, de repente, um grupo de três pessoas passou abrindo espaço pela plateia. O garoto que estava na frente falou:

— Circulando! Nós cuidaremos disso. Depois informamos vocês a respeito.

Demorou um pouco para todos obedecerem à ordem do homem. Assim que se aproximou, deu um abraço forte em Leyr. Ele era um pouco maior que o adolescente, tinha um nariz avantajado e as orelhas pequenas. Os olhos eram negros, assim como sua pele e seus cabelos, quase tão curtos quanto os do garoto. Em um de seus dedos, um anel grosso e dourado brilhava.

— Fico feliz que tenha conseguido — disse quando cessou o abraço.

— Eu já deixei de conseguir alguma vez, Hug? — indagou Leyr, com um sorriso torto.

Em seguida, uma garota se jogou aos braços dele, dando um abraço ainda mais forte. Kaya ficou horrorizada ao notar a cor de seus cabelos: azul. Nunca na vida vira alguém com essa cor. Será que só pessoas do Lado de Dentro nasciam assim?

— Ah, a gente estava morrendo de medo de você ser capturado! — exclamou. — Já pensou? Imagina eles te torturam até nos entregar. Não ia ser nada bom.

Ele riu com aquilo, empurrando a menina de leve para afastá-la.

— É, e você seria a primeira que eu entregaria — brincou. — Por estragar meu videogame.

— Eu precisava de um HD.

Leyr revirou os olhos, irritado. Em seguida, o último garoto se aproximou, e ambos se encararam. A atmosfera mudou, ficando tensa. Kaya olhava a cena com atenção, assim como os amigos do rapaz faziam. Algo claramente acontecera com esses dois para todos pararem daquele jeito. Até ela se afastou para dar mais espaço aos rapazes.

Por longos instantes, eles ficaram só olhando um para o outro. Ele era do mesmo tamanho de Leyr, aparentava ser apenas um ou dois anos mais velho; tinha o cabelo loiro e espetado, os olhos verdes-claros. O nariz era bem fino, assim como a boca. A pele era clara, quase pálida. Seu aspecto mais velho provinha de sua barba, da mesma cor de seu cabelo.

Enfim, o garoto desconhecido resolveu tomar uma atitude e foi o último a dar um abraço em Leyr. Dessa vez, durou mais, além de ser bem mais forte do que os outros. Kaya conseguiu sentir dali o clima afetuoso dos dois. Por um segundo imaginou que fossem da mesma família, porém logo abandonou essa ideia; os dois eram bem diferentes um do outro nos aspectos físicos.

— Senti sua falta — ela conseguiu ouvir Leyr sussurrar com a cabeça afundada no ombro do outro.

— Eu também senti a sua — ele respondeu.

Assim que o momento entre os dois acabou, todos viraram seus olhares para Kaya. A primeira pessoa a ir cumprimentá-la foi a garota de cabelos azuis, sorrindo.