CAPÍTULO TRINTA

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Conseguiram chegar antes da aeronave. O local era como uma estação de metrô comum, porém, servia como entrada da central de comando. Eles puderam ver, no lado de fora, o enorme portão de aço que os impedia de entrar e sair do estacionamento com a van.

Antes de atravessarem as catracas para descer até o subterrâneo, Hug se virou para eles.

— Kaya, vá até o pátio e saia com todos de lá o mais rápido possível! — instruiu à garota.

Os veículos militares começavam a se aproximar; tanto os aéreos quanto os terrestres. Leyr ouvia o som de hélices indicando um helicóptero bem em cima do prédio onde estavam. Seu coração estava prestes a explodir.

— E eu vou pra onde?! — ela perguntou com lágrimas de desespero nos olhos.

— A porta que dá para os trilhos provavelmente está aberta — explicou o mais velho de maneira muito rápida. — Só siga os outros. Eles sabem um lugar na floresta aonde iremos nos reencontrar. Tínhamos um plano B caso fossemos descobertos e saberão o que fazer quando você chegar lá os alertando. Só os siga.

— E quanto a vocês? — ela perguntou.

De repente, um caminhão militar arrebentou as grades de um dos becos lá fora, parando bem na frente do edifício abandonado. Pela janela, o rapaz viu soldados pulando para fora.

— Não se preocupe conosco agora — continuou Hug. — Só siga minhas instruções. Vá!

Ela olhou para Leyr, depois para Chloe e, no fim, Gustavo. Desejou boa sorte um pouco antes de disparar em direção às escadas. Os homens dos caminhões já vinham para o prédio enquanto outros deslizavam por cordas das aeronaves acima, aterrissando no piso.

— O que vamos fazer? — perguntou Chloe, olhando espantada para o lado de fora.

— Temos que destruir aquela papelada — falou Hug. — Eles não podem encostar as mãos naquilo.

— Estamos esperando o que então? Vamos logo! — berrou Leyr quando o primeiro soldado entrou no prédio.

O grupo escapou por pouco da enxurrada de tiros.

***

Kaya não demorou para chegar ao pátio, onde todos estavam tentando ouvir os barulhos que aconteciam na superfície. A porta para os túneis do metrô estava aberta conforme Hug dissera, e alguns Insurgentes estavam parados lá, com produtos de limpeza nas mãos. A garota mal havia corrido e já estava suando. Apesar de diminuir a velocidade, não cessou seus passos. Avançou pelo ambiente, entre mesas e cadeiras, gritando:

— Eles estão aqui! Corram! Fujam!

Num piscar de olhos, aquele local virou um caos. A atmosfera tensa foi rompida por gritos histéricos. Todos se levantaram desesperados de suas cadeiras, sem se preocuparem em derrubar alguma coisa. Começaram a fugir para os trilhos. Kaya apenas acompanhou a multidão.

Depois de abandonarem o pátio, os soldados chegaram disparando contra os corpos em movimento. Aquilo era horrível. Como podiam atirar neles? Não eram uma ameaça. Estavam apenas tentando fugir.

Eles continuaram correndo e gritando, se distanciando o máximo possível dos Sem-Caras. O túnel do metrô estava pouquíssimo iluminado; havia apenas algumas lanternas ligadas abandonadas no chão, ou sendo erguidas por alguns Insurgentes à frente. Os feixes de luz dançavam pelo ambiente, não adiantando muita coisa.

Kaya olhou para trás, bem a tempo de ver os soldados saindo em formação do pátio e indo em direção a eles. A gritaria se intensificava e os esbarrões se tornavam mais brutos. A garota conseguia sentir seu coração agredindo seu peito. Ao voltar seu olhar para frente, percebeu que as pessoas estavam tentando se dispersar pelo espaço.

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