CAPÍTULO TRINTA E NOVE (FINAL)

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*Genteee, decidi postar os três últimos capítulos hoje para não atrasar mais o final hahaha. Enfim, assim que puder escreverei uma nota falando desse livro e da possível futura continuação. Agradeço imensamente a todos que vieram até aqui e espero que tenham curtido a história tanto como eu curti. Muito obrigado mesmo!

Nos vemos em breve!*

O vagão escuro balançava de forma sutil enquanto seguia seu caminho para a Fronteira, sem deixar ninguém dentro incomodado. Estavam todos esgotados. Pelas janelas, podiam ver que já saíram do subsolo. A cidade passava num borrão colorido de luzes fortes. Eles saíam, aos poucos do mar de tecnologia. Logo estariam numa terra onde nada daquilo era encontrado. Onde não existia eletricidade ou edifícios deslumbrantes.

Leyr estava sentado com Gustavo e Chloe. Eles o ajudavam a tirar os cacos ainda cravados em sua pele e a tratar os ferimentos. Tinha um hematoma horripilante em uma das bochechas, arranhões na outra, um corte na boca e inchaços em diversas regiões do rosto. Os amigos o fizeram tirar a camiseta para analisarem o corpo. Sobre sua pele parda, as marcas da luta manchavam sua barriga, seu peito e suas costelas. Também havia pedaços de vidro e cortes. Maldita escrivaninha.

— Ah! Merda! — gemeu de dor quando a garota puxou um caco sem tomar muito cuidado. — Vai com calma aí.

— Desculpa — ela falou, passando um dos panos do kit de primeiros socorros no ferimento.

Algumas lágrimas escapavam de seus olhos e nem mesmo ele conseguia saber se era por causa das dores ou dos sentimentos ruins que o afloravam. Talvez fossem os dois. A última imagem de Hug não saia de sua cabeça: seu corpo embaixo daquele soldado, o rosto sendo esmagado contra o chão, os lábios formando uma única palavra...

Ele os salvara. Mesmo ferido, subiu até o andar em que estavam para se encontrar com eles. E os salvara. Talvez fosse culpa de Leyr. Ele sugerira que Hug ficasse no trem até a missão se completar, mesmo sabendo da postura do mais velho de ordenar e não de obedecer. O garoto deveria ter imaginado essa falha em seu plano.

Mas... se tivesse previsto, se o tivesse trancafiado no vagão de alguma forma... Quem os salvaria? Kaya ainda estaria junto com seu irmão? Eles teriam passado do batalhão de soldados?

O rapaz não sabia se estava sentindo arrependimento. Só queria ter seu amigo ali com eles. O clima estaria bem mais agradável. Seria de comemoração, de alegria por tudo ter dado certo...

— Eu vou verificar os outros vagões — disse Chloe, se levantando. — Sabe, quero ter certeza de que estamos sozinhos aqui. Gustavo, você precisa...

— Eu sei o que fazer — interrompeu o loiro, antes que ela iniciasse uma série de instruções sobre o kit médico.

Ela suspirou e sorriu para os dois antes de sair, ainda carregando sua mochila nas costas. Ele se agachou de frente para Leyr, que estava com as costas recostadas em uma das paredes frias. Encararam-se um ao outro por alguns momentos, mudos. O som das rodas passando pelo trilho era o único preenchendo o ambiente. Kaya parecia estar quieta do outro lado do vagão.

Só por Gustavo estar perto, o garoto já conseguia se sentir mais reconfortado.

— Não foi sua culpa — falou o mais velho. — Seja lá o que tenha acontecido lá... sei que não foi sua culpa.

Leyr respirou fundo, tentando engolir as palavras.

— Ele se sacrificou para passarmos — explicou, relembrando a cena. — Pulou em cima de um soldado e... e...

Não conseguiu terminar. Mais gotas de água brotaram em seus olhos e o fizeram se perder no meio da frase. Chloe fora a única que não derramara uma lágrima sequer ainda. Talvez estivesse chorando agora por ter saído do vagão. Talvez não quisesse ser vista aos prantos.

O Lado de ForaWhere stories live. Discover now