Capítulo 20

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Por Poncho:

Nosso almoço foi bem agradável, apesar de não ter sido preparado por ela. Cozinhar nunca fora mesmo seu forte.

É inacreditável como o universo (que talvez não seja mais tão filho da puta assim) coloca tudo em seu devido lugar. E você tem noção do quanto é louco se dar conta de que tudo isso acontece da maneira mais natural possível?

Quando eu imaginaria que pudesse voltar a ter esses tipos de momentos com Anahí?

Parecia que ali o resto do mundo desaparecia.

Era surreal demais admitir, mas eu estava mesmo curtindo a companhia dela.

Ríamos, nos deliciando com um maravilhoso vinho branco. Outra coisa que eu precisava admitir, a desgraçada tinha um ótimo gosto pra bebida.

Em algum momento daquela tarde, sentamos à beira da piscina com nossas taças na mão.

Anahí balançava os pés na água.

— Sua casa é linda, Ani!

Ela sorriu.

— Eu também acho. Me apaixonei por ela desde que pisei aqui. — Seus olhos brilhavam.

Sorri.

— Imaginei que quando voltasse, fosse morar com a sua mãe. Afinal, aquela casa é enorme pra ela morar sozinha...

— Cogitei isso, de verdade. — Ela explicou. — Mas eu precisava crescer... Me virar sozinha e andar com as minhas próprias pernas. — Suspirou. — É claro, minha mãe me ajuda em muita coisa. Mas pela primeira vez na vida, sinto que tenho um lar. Algo que seja meu, de verdade! Um lugar onde eu possa receber quem eu quiser, na hora que eu quiser. Um lugar onde eu possa passar o dia inteiro de pijama, sem me preocupar com visitas que não são minhas, ou que possa demorar mais de dois meses pra desmontar a árvore de natal. Simplesmente, porque, eu adoro essa época do ano e não gostaria que acabasse nunca... — Ela sorriu de uma forma tão sincera, que me causou um arrepio.

Aquela Anahí era nova pra mim. Era a mulher que a vida estava me apresentando nos últimas tempos, mesmo contra a minha vontade.

Tinham muitas coisas que continuavam intactas... Seu olhar, seu sorriso, sua essência, sua beleza exuberante... Mas muitas outras coisas tinham mudado, e eu só conseguia pensar no que poderia ter causado aquilo. Ninguém muda por nada.

— Você não tinha isso na sua antiga casa... — E engoli a seco. — Lá em Chiapas?

Ela negou com a cabeça.

— Era uma casa dez vezes maior que essa aqui. Mas eu não tinha a menor privacidade! — Sorriu amargamente. — E não tinha a ver só com o Manuel... tinha a ver com tudo que o cargo que ele tinha significava.

Não gostava da ideia de falar sobre ele, mas ela estava se abrindo pra mim. Não poderia corta-la.

— E você acha que foi por isso que não deu certo? Digo... vocês dois.

Ela levou sua taça de vinho até a boca, bebeu o líquido e voltou a me encarar.

— Gostaria de dizer que sim. — Suspirou. — Mas não foi só isso...

Assenti.

— E você e Diana... — Anahí me perguntou, um pouco hesitante. — Há um motivo?

Suspirei.

— Na verdade, eu não sei... É tudo tão confuso! — Desabafei. — Eu queria lutar por isso... — Suspirei — Pelo meu casamento, pelo meu filho e por tudo que construímos nesses anos... Mas sinto que estou estagnado no mesmo lugar, sem conseguir dar um passo. Ela não tem culpa nenhuma, e isso me corrói de uma forma que não consigo controlar...

Anahí me lançava um olhar, que eu não sabia identificar.

Senti sua mão quente cobrir a minha.

— Você deveria ir atrás dela... — Ela disse, com bastante firmeza. — Se é o que você sente... — Pausou por alguns segundos. — Se a ama... — Suspirou. — Não deveria deixá-la escapar assim.

Engoli a seco.

— Talvez seja por isso que eu esteja estagnado...

— Por que? — Perguntou como se tivesse confusa.

— Porque eu não tenho mais tanta certeza disso. — A olhei no fundo dos olhos. — Não sei se ainda a amo.

Ela franziu o cenho, e pareceu analizar o que tinha acabado de falar.

— Se eu te perguntar uma coisa, você me responde com sinceridade? — Ela me perguntou.

— Claro, Ani... O que quiser...

Algo no que eu disse, arrancou um sorriso contido dos lábios dela.


— Bueno... Não sei como perguntar isso sem parecer um pouco prepotente... — Seu rosto se contraiu formando uma careta, que me fez sorrir. — Mas... Enfim, talvez eu seja prepotente as vezes. — Sorriu. — Poncho... Essa separação de vocês tem a ver comigo?

Fixei o olhar no seu e respirei fundo.

— De certa forma...

— Nossa! — Ela desviou o olhar do meu e encarou seus pés dentro da água. — Me desculpe.

Levei minha mão livre até o seu rosto e fiz com que ela voltasse a me olhar.

— Ei! Não peça desculpa, você não fez nada.

— Fiz, claro que fiz! — Anahí suspirou.

— Não, você não fez! — Neguei com a cabeça também. — Se tem um culpado nessa história toda, esse culpado sou eu. Mas isso não vem ao caso, porque não muda o que já aconteceu. E pra ser sincero, por mais cruel que isso pareça, eu não gostaria de mudar.

Ela arqueou a sobrancelha.

— Você não se arrepende daquela noite?

Anahí me olhava, como se temesse a minha resposta. E eu juro, que naquele momento a minha maior vontade era abraçá-la e beija-la. Eu me questionei, se algum dia vou conhecer alguma outra mulher que me faça sentir, como eu estava me sentindo.

Todos esses pensamentos, fizeram com que eu demorasse mais do que o normal pra responder. E a feição dela ficava a cada segundo mais e mais tensa.

— Não, Ani. — Respondi sinceramente, e a vi relaxar.  Involuntariamente, meus dedos se moveram e tiraram uma mecha de cabelo do seu rosto, a prendendo atrás da orelha. — Isso não... Isso nunca!

Ela sorriu tão abertamente, que também tive vontade de sorrir.

Naquele momento eu senti algo dentro de mim reacender. E não era aquele velho desejo que nos acompanhava desde o início. Era um sentimento bom e leve. Sentia meu corpo flutuar, e meu coração bater tão rápido que chegava a assustar.







<Notas da Autora>

Capítulo curtinho, só pra deixar um gostinho de quero mais!

Feriado realmente é um pouco complicado pra mim escrever e postar, porque tem sempre alguém por aqui ou algum lugar pra ir.

Talvez tenha alguns errinhos, porque não tive como revisar, portanto relevem kkk.

Uma boa Páscoa a todas! Um super beijo!

One Step Closer (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora