Capítulo 28

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Por Anahí:

Era incrível como em questão de dias a nossa vida poderia virar de cabeça pra baixo. Há menos de uma semana, tudo que eu conseguia de Poncho era sua indiferença. E agora, finalmente ele tinha aberto seus sentimentos pra mim.

E de quase nada, voltamos a ser tudo!

Era impressionante como sentia falta sua presença física, ainda que nos falássemos boa parte do tempo por outros meios.

Naquela noite eu me sentia estranhamente incomodada, porque Poncho estava demorando horas pra responder às minhas mensagens no WhatsApp. E pra ser sincera, eu nem sei por quanto tempo fiquei paralisada quando abri o Instagram e vi que tinha um store dele.

Era um vídeo, super curto, do seu filho dançando. Sorri automaticamente, ele mais parecia uma miniatura do próprio pai. E mesmo que Poncho insistisse em não mostrar o rosto do pequeno, a semelhança ainda era óbvia.

Mas foi só quando Diana apareceu atrás do garoto, que meu coração quase parou. Ela batia palmas e cantava no mesmo ritmo.

Pra mim tinha sido um belo balde de água fria.

E por mais que eu tentasse desvencilhar meus pensamentos daquilo, não conseguia.

Estava inquieta e histérica.

Toda uma cena se montou na minha cabeça e tudo parecia muito claro: Poncho tinha voltado de viajem, e tinha ido vê-la. Entendeu? Ela ao invés de mim.

Foi impossível dormir.

E uma madrugada em claro era tudo que eu precisava para o meu mau humor piorar.

No dia seguinte recebi muitas mensagens de Poncho, mas não visualizei nenhuma. E talvez, por ter percebido que eu não o faria, ele resolveu me ligar... Mas eu continuei ignorando.

Estava nervosa e meu corpo pedia pra que descontasse toda aquela frustração em comida. Era realmente só o que me faltava! Levar um pé na bunda e ainda ganhar peso!

Como diria aquela incrível filósofa da era contemporânea: "Como é difícil ser eu!"

Abri a geladeira e fiquei por vários segundos tentando achar alguma coisa pra comer. Acabei pegando uma caixinha de morangos e uma latinha de chantilly.

E que o mundo acabasse! E que acabasse em comida, porque a única coisa que me restava era comer!

Sentei num dos bancos altos e coloquei as guloseimas na enorme bancada de madeira que dividia a minha cozinha.

Eu mexia no celular, e me deliciava enquanto criava uma espuma de chantilly por cima de cada morango, antes de levá-los a boca e saborea-los.


— Em toda a minha vida, eu nunca senti tanta inveja de um pobre morango. — Ouvi alguém sussurrar em meu ouvido. E meu corpo imediatamente deu um sobressalto.

Rapidamente virei a cabeça, encarando o desgraçado.

Meu coração batia freneticamente. E se eu fosse cardíaca, podia jurar que teria infartado.

— Que susto, merda! — Levei a mão peito, com a respiração super ofegante.

Poncho me encarava com a cara mais debochada do mundo.

E se eu não tivesse tão assustada e tão desestabilizada por sua presença. Com toda certeza, teria avançado nele e lhe dado uns bons tapas.


— Não quis te assustar... É que bem... Eu ia apertar a campainha, mas a dona Consuelo estava saindo e me deixou entrar. — Seu olhar de deboche se desfez ao perceber que eu não estava pra brincadeira.

One Step Closer (Concluída)حيث تعيش القصص. اكتشف الآن