Capítulo 09

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  Sentindo a dor, nem mesmo ousei em abrir os olhos, continuei ouvindo sua voz, continuo sentindo dores pelos cortes, não quero me mexer, não sei se devo, estou louco!
  — Você não quer me ver, por que está aí jogado! Levante-se — abro meus olhos devagar e olho o tanto de vidros quebrados de perfume e bebida, viro minha cabeça trás para encarar sua figura pequena de braços cruzados.
  — Como isso é possível? — abano minha cabeça, a escuridão parece dominar a luz...

  Cuido dos machucados sentindo minha cabeça doer, olho todo o líquido espalhado no chão e todo vidro quebrado, respiro fundo fechando meus olhos com força e seguro o curativo da minha mão. A porta é batida e logo depois uma pequena brecha é aberta, lá está Cristal.
  — Você não irá comer com a gente? — olho a bagunça no chão e depois para ela — está bem? Parece abatido — ameaça entrar e a impeço.
  — Estou bem — escondo a mão — irei sair com Estevão — à mesma sorri para mim.
  — Tudo bem. Precisa realmente sair um pouco, se divertir — me levanto e pego as chaves, visto uma jaqueta sem me virar para ela, sem mostrar os curativos feitos e escondidos, vou em sua direção e abre à porta para mim, seguro a maçaneta e fecho com chave.
  — Obrigado pelo dia maravilhoso — beijo sua testa.
  — Não foi nada — me abraça com força — vamos descer.
  — Sim — atrás dela passo a mão no rosto e logo nos meus cabelos afastando-os para trás. No meu móvel pego o convite, estou um pouco atrasado, ainda da tempo de desistir Harry, suspiro e paro com minhas paranoias. Despeço-me das duas mulheres e guardo o convite no meu bolso e antes de sair digo para o meu ato de loucura.
  — Boa noite senhora Van Vitsky — entro no elevador para o estacionamento.

  Já na porta da festa pude avistar Estevão e uma morena que abriram a passagem para mim, bom que não enfrentaria a fila que tem nessa boate. Assim que arrastado para dentro daquele lugar que parecia não ter fim, a música estrondosa faz o chão tremer e os olhares vêm em minha direção, principalmente os olhares femininos. Trato de agir bem quando vi que alguém vinha para perto, não conheço e agradeço quando passa reto. Na minha direita tem um bar não demora em estar lá a pedir uma tequila. Deixo a nota sobre a mesa quando a loira me entrega o pequeno copo.
  — Ei — ouço uma voz e encaro a morena — Claire lembra? — aos poucos minha mente ia formando a lembrança de algumas semanas atrás — não respondeu minhas mensagens.
  — Há, me desculpe é... — procuro uma resposta rápida na minha cabeça, mas nada além da verdade se encaixa nesse curto diálogo — muito trabalho — mas claro que contei algo invés de lhe dizer que esqueci completamente da mesma.
  — Entendo — sorriu largo — estava na Itália ontem, a trabalho. É cansativo — suspira enquanto bebe algo do seu copo.
  — Sim, é — de maneira alguma tenho vontade de continuar a conversa.
  — Mais quem está aqui! Não acredito! Vitsky dos tempos da escola? Está diferente! — olho para o rapaz loiro que me cumprimenta com um aperto de mão e uma tapinha no ombro.
  — Maicon — observo os rostos familiares do lugar, Estevão estava certo, isso seria como uma reunião escolar tinha mais rostos conhecidos que desconhecidos, queria muito ir embora daqui e esquecer-se de cada um deles como fiz a minha vida inteira — quanto tempo.
  — Muito tempo — me olha nos olhos — soube que é dono de uma empresa. Quem diria — é quem diria, agradeço se sair daqui para pista de dança e me dar à licença de beber sozinho.
  — É, pois é o destino é imprevisível — sorri falso. — Mas e você? Continuou no futebol?
  — Sabe como é, Capitão! — diz com um sorriso largo enquanto parece orgulhoso e metido com a vitória de ser o líder, nunca gostei muito de jogar, sou apenas quem assiste.
  — Você merece — vejo-o a dar passos para trás.
  — Nós merecemos! — diz em um tom mais alto e vejo a menina ao meu lado - na qual nem sabia que ainda estava ali - a dar risadas. Não sei o que deu em mim, mas nos olhamos enquanto seu corpo se mexia conforme a música. Sinto que se aproxima e quero sair daqui, mas seus olhos me prendem como um feitiço, antes de fazer algo seus lábios já estão nos meus, antes de pensar algo, já estava em um carro com ela por cima de mim. O que estou fazendo? O total de álcool que ingeriu, está me deixando bêbado e a ferocidade que me beija e minha mão a toca me denuncia a ela o quão carente de toque estou. Mas toda vez que me toca, o rosto de Anna vem na minha mente e a cada botão que desfaz da minha blusa lembro da voz, do toque e dos beijos.
  — Claire — seguro suas mãos, a mesma me olha com os lábios entre abertos um pouco eufórica. — Não quero — parece confusa.
  — Não quer? Ou não pode? — me pego a pensar na sua questão. Suspiro e antes de algo sair da minha boca me interrompe — é a Anna? — como sabe da Anna? Meu cenho fica confuso, e isso liberta a raiva em mim — Harry ela não vai voltar — seu jeito calmo de dizer aquilo, na minha mente ecoou como algo com intenção de magoar. Afasto suas mãos, sem nem me preocupar se fui rude e a mesma cai ao banco.
  — Você não sabe de porra alguma! — abro a porta do seu carro e ouço sua voz, vou a caminho da festa para terminar de encher minha cara e me despedir de Estevão, faço todos os botões possivelmente chatos da blusa que uso e adentro a boate. Sinto as suas mãos gélidas e a afasto de mim — não quero nada com você.
  — Alguma coisa pegando? — vejo um moreno alto aparecer.
  — Harry me desculp...
  — Não venha me pedir desculpas agora.
  — Ei cara, se não quer problemas, caí fora — olho bem no fundo dos olhos do homem à minha frente e sinto o quão se aproxima e sem pensar o empurro. Vejo como encara a mim e quando menos penso já estamos trocando socos, seguranças do local tentam nos separar, mas quanto ele quanto eu, estamos movidos pela raiva.
  — Você é um louco desgraçado! — Grita ele quando somos afastados um do outro e no meio da multidão pude ver Estevão, encaro a todos enquanto arrumo a roupa em mim, ofegante e furioso. O que era para ser uma noite onde se esqueceria das coisas que acontecem na minha vida em cinco meses, se tornou o pesadelo que mais me atormentou em todas as noites. Me solto do segurança vendo como o moreno está e como todos estão, assustados! Encaro cada rosto dando passos para trás me dirigindo para fora do local, flashes nos meus olhos enquanto caminho ao carro o que me deu mais motivos de entrar rápido no automóvel.

De volta a vida -  Livro 2Donde viven las historias. Descúbrelo ahora