Capítulo 42

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   Harry

   — Então ele foi o responsável por você quase levar um tiro? — a mesma chegou perto do corpo caído, com seus saltos mexeu o mesmo com um olhar de puro desdém, se agachou perto de Gabriel a fechar seus olhos — que tenha um bom lugar depois da morte — se levantou e se retirou para longe do que está no chão virando as costas para mim — no inferno — completa, talvez ainda esteja digerindo o que aconteceu agora, ela poderia ter errado esse tiro e acertado a minha cabeça, vi a morte passar a milésimos de mim, pelo meus olhos, senti a pressão no meu rosto e não se preocupou? Simplesmente acertou na testa de Gabriel. Arrumo o meu terno e vou atrás da mulher, no salão vejo a mesma a pegar sua bolsa e levantar do lugar que está, olho Gibson que a olha com ódio, seguro seu pulso olhando o homem. 
   — Não sou assassino de aluguel Gibson e nem acho isso uma reunião de reconciliação — começo a andar para a saída, Anna comigo e o barulho irritante de nossos sapatos sobre o cimento queimado. — Quase me matou! — a jogo contra a parede e sinto a raiva sobre mim, minha mão de um lado de sua cabeça a olhar profundamente em seus olhos castanhos, o brilho que tem nele, o desejo.
   — Mas não matei — sorriu.
   — O que acha que fez? — se recompõe e arruma seus cabelos, seus olhos vêm ao meu, seu corpo anda para mais perto e sinto quando sua respiração bate na minha clavícula, seus olhos sobem novamente para os meus e sua mão pousa no meu rosto.
  — Disse que tinha um propósito para os meus treinos — volta a andar até o carro parado à nossa frente, a encaro vendo seu corpo ir para longe a cada passo sobre aquele salto, como é provocante, o olhar que me deu assim que entrou no automóvel, disse? 

   Dirijo sobre as ruas vazias e frias da França, me surpreendeu o dia de hoje, não havia atrações nem mesmo pessoas nas praças. Não me atrevi a olhar a mulher do meu lado, que por essa noite inteira me pergunto se era mesmo Anna, mas olhando seu rosto agora, sim é e teria que me acostumar com ela. Quando chegamos não pude deixar de sentar sobre o sofá acabado, exausto, passo a mão sobre meu rosto e sinto que ao meu lado com o pouco peso na menina o acento se abaixa. Abro os olhos olhando o lustre em cima de nós.
   — Harry — sua voz, sua doce voz — o que tanto te incomoda? — sinto suas mãos passarem por meu braço, a encaro de soslaio para ver que seus olhos estão na minha coxa.
   — Nada me incomoda — digo finalmente, me apoio sobre meus joelhos e sinto suas mãos no meu ombro. — Só não estou acostumado com uma Anna igual a mim — não a olho, apenas sinto suas mãos — eu te amei por ser diferente desse mundo, ainda te amo, mas não quero ver você se afundando como me afundo, como estou a me afundar. 
   — Você quer que eu pare? Paro — ouço e a olho, está atenta em mim.
  — Não, gosto de você do jeito que é e com suas decisões, só vou precisar me acostumar com o fato de que tem uma arma na bolsa e que foi eu quem permitiu isso.
  — Saiba que não foi você quem fez isso — se levanta e me olha — foram eles — vira de costas subindo as escadas para o quarto, fico refletindo no que disse enquanto tiro a gravata do pescoço, bebo uísque a imaginar o que mais Anna seria capaz, para se vingar, mas de quem? As imagens de Gabriel estão na minha mente e as palavras de Anna impregnadas em todos os cantos da sala de estar. 

    "Saiba que não foi você quem fez isso, foram eles".

  Levanto indo até o quarto onde a garota já está jogada na cama com seu pijama, o seu perfume ainda reina nesse ambiente, iluminada apenas pela luz da lua posso ver muito bem cada curva de seu corpo. Respiro fundo, jogando o terno para lá e segurando apenas a calça sobre a poltrona. Não serei capaz de dormir agora, então seguro no notebook a olhar a caixa de e-mails e ver os de Cris e mais alguns boletos, algumas mensagens de amigos me desejando boas férias e por incrível que pareça, um de Débora. A mesma diz que soube que Gabriel era um grande filho da puta que estava infiltrado a mando dos Jones e que a sorte era que nunca estava no horário de uma reunião, também dizia que estava aqui, na França. Deixei de lado as mensagens, respondendo algumas e a resposta para Débora foi a que mais me deixou aliviado. 

   "Gabriel está morto, graças a Anna!"                  H

 Olho para a garota que ressona ao meu lado e sorrio com sua visão, seria difícil me acostumar com uma mulher armada ao meu lado, do mesmo modo que foi para ela se acostumar com o estranho de vermelho armado ao seu lado. Deixo o computador sobre o móvel e me deito puxando à menina para perto de mim, olho para o teto a pensar um turbilhão de coisas antes dos meus olhos navegarem nas névoas do sono. 
  — Eu te amo e não deixaria mal algum acontecer a você — o sotaque estranho me fez abrir um olho vendo que me observa, um pequeno sorriso se abriu desenhando sua face antes de deitar sua cabeça no meu peito. Acredite pequena Anna, eu também não vou deixar nenhum mal acontecer com você, nunca mais. 

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De volta a vida -  Livro 2حيث تعيش القصص. اكتشف الآن