Capítulo 58

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   Anna

 Ouço as vozes dos dois irmãos que acabaram chegar de um passeio por Paris, quis ficar por causa do mal-estar que estava sentindo, já eram mais ou menos oito da noite, Harry já havia falado com seus tios e pela conversa que ouvi, logo pela madrugada iriam, seria o horário perfeito para pegá-los despreparados e eu ficarei, sozinha com cinco seguranças, cinco seguranças essenciais para Harry, só quero estar acordada quando fosse. Quando entrou no quarto e me olhou sorrindo fiz o mesmo enquanto deixo a minha xícara com o chá quente sobre o criado mudo. Caminha até mim, parando perto.
   — Como se sente? — me aconchego para seu peito enquanto senta ao meu lado, sinto sua colônia forte, na esperança que aquele cheiro fique comigo por muitos minutos ou horas.
   — Estou melhor agora — na televisão passa Friends. Harry não diz mais nada só fica ali, me acompanhando na série, me dando seu calor, seu cheiro, seu carinho e seu amor, fomos pessoas acostumadas a sempre pensar ruim, a esperar o pior e as nossas ações agora são de pura despedida, Harry não quer ir sei da sua escolha, não quer ir, mas outra pessoa, a não ser ele, não irá destruir todos, Harry quer ver, quer degustar das pessoas que desapareceram com sua família, com seu pai, talvez se Túlio ainda estivesse vivo, Harry não estaria envolvido nisso tudo o quanto está, mas talvez estaria. Não sabemos, estamos trilhando o caminho que o destino trilhou para nós e mesmo que tentemos sair dele um dia voltaremos, nossas vidas serão as mesmas se não passamos por esse caminho, confesso que tenho medo do fim do caminho de Harry está perto, não quero ter que criar um filho sozinha, Harry está sendo a minha força a minha coragem o meu alicerce, por um longo momento é a minha vida. Não quero acordar com uma notícia ruim, quero ter que acordar com ele ao meu lado, talvez me observando, talvez descansando à mente de tanta violência, é acostumado, mas nem sempre os traumas da guerra se vão. O seu celular vibra sobre seu bolso e me levanto para que pegue, assim que atende está sério, não fala nada apenas ouve, confesso que estou curiosa e um pouco receosa já que seu rosto não demonstra nada, respiro fundo e seguro meu chá já morno , o bebo todo e encaro seu rosto.
   — Tudo bem, estarei de pé — é a única coisa que diz antes de desligar e se levantar, deixo meu corpo descansar sobre a cama e desligo a televisão, entra no banheiro e a única luz que ilumina o quarto é a que passa por debaixo da porta. Encaro a janela até que meus olhos vão se fechando pelo sono, mas antes que feche totalmente meus olhos, sinto suas mãos me envolver e me puxar para perto de si. Aos poucos a quentura do seu corpo me faz relaxar por completo.

Harry

   Já chega a hora do golpe. Não preguei meus olhos à noite toda, não por sono, apenas a fim de aproveitar a companhia de Anna, ouvir seus pequenos roncos e sentir seu corpo com o meu, quando levanto são três da manhã, ponho minha roupa e seguro nas armas que irão atirar em todos que aparecer na minha frente, dou uma última espiada na mulher a cama e junto a ela deixo uma caixinha que depositei a minha alma. Nos corredores para o andar de baixo do apartamento o meu coração está apertado de modo que acelera me deixado sem ar, chega a doer no peito, é como se tudo que é meu estou a abandonar. Encaro todos os seguranças no meio da sala enquanto Cristal está sentada no sofá.
   — O preto já é para estar de luto? — Augusto solta a frase a se aproximar da porta, desço completamente a escada e a mulher se levanta a suspirar.
   — Ninguém vai morrer aqui — Cris abre um sorriso caminhando para perto de mim.
   — De luto por eles, querida — paro a sua frente me olha a revira os olhos sorrindo. — Não deixem Annastácia sair daqui até que eu chegue. Se ela pedir não faça, é a minha ordem — todos concordam e olho por fim Cristal. Sinto que segura minha mão e quando saímos do apartamento e vi aquela cambada de homens de preto bem armados, todo o pensamento que tenho da minha família naquela cama fiz sumir, a partir daqui, quero que o Harry de antes me assuma e não tenha piedade de nenhum dos homens.

   Nos carros fortes nada discretos, as avenidas estão vazias e frias, iluminadas pelos reflexos dos faróis e os postes de luzes, assim que entramos na rua principal que nos levará para o centro de todo tiroteio vejo que mais quatro carros se juntam a nós em uma encruzilhada, Mike, só então meu cérebro entende que agora sim começou, a frieza me assume e sinto como o sangue ferve em minhas veias, assim como todos aqueles que vi morrer e perder um jogo a alegria me assume, esse é o demônio que se esconde em mim, e ele está muito feliz por estar de volta.

   Por volta das cinco da manhã já estamos à espera do aviso do técnico, os carros fortes dos bancos federais com os falsos seguranças estão prontos para a partida e todos os meus capangas a espera do aviso para atirar na cabeça de cada um que está do lado de fora, Piers passa as coordenadoras para o técnico falso, para os motoristas dos carros fortes e para os seguranças de mentira. Pela minha visão havia alguém que não era da segurança e não sei quem é, mais um deles e não me importo. Ouço o barulho quase imperceptível do silenciador da arma de algum lugar mais escondidos que nós, algo que eu já havia decorado enquanto Cris procura de onde havia vindo, falta apenas alguns passos para adentramos a casa.

  Assim que os caminhões se movimentam para dentro da casa nós preparamos para sermos os próximos, tudo até agora está saído como planejado, o técnico entrou sem que ninguém percebesse e os seguranças da casa estão mortos e foram substituídos pelos meus, não demorará para os caminhões saírem com o dinheiro e nós entrarmos. A cada minuto minha ansiedade aumenta mais, já falta pouco para às seis. Não gasta mais que vinte minutos para que os caminhões saíam e os nossos carros se movimentem, os portões já estão abertos e quando os nossos carros chegam perto de adentrar a casa, meus olhos se abrem em uma sequência rápida e uma maldição é ouvida da boca de Cristal. Está à frente de casa Adrovtch e o resto dos Jones, junto a Débora. Malditos Franceses.

De volta a vida -  Livro 2Where stories live. Discover now