Capítulo 23

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  Assim que sai do hospital fui direto ao estacionamento pegar meu carro. O dia havia passado rápido demais para processar as horas, passei a ler para que não pensasse na menina e quando a noite chegou, estava fria e a conversa com Helena não tinha saído da minha mente, não prestei atenção nem na metade das palavras no livro, deixei-o em cima da escrivaninha e saí da biblioteca. Vamos se dizer que será uma questão que talvez, só talvez, pense à noite toda, simples palavras. Vou ao meu quarto, jogando minhas roupas para lá me sento à cama, olho os comprimidos e seguro na garrafa de água, coloco sobre meus dedos, duas pílulas e jogo a boca.

  No dia seguinte quando acordo me surpreendo de não ter passado à noite acordado, apenas dois remédios para me fazer dormir igual pedra, não vi Cristal e Mary também não á viu, ligo para seu celular, mas só caí na caixa postal, durante o meu percurso inteiro até a empresa tento contato com minha irmã mais velha, mas nada, nenhuma mensagem.
  — Thomas, você viu Cristal hoje? — pelo retrovisor o mesmo me olha e o seu pouco silêncio está me dando nos nervos.
  — Sim Senhor — calou-se — saiu cedo e não quis que a acompanha-se.
  — Sabe que deveria pelo menos pedir para alguém a acompanhar, mesmo de longe, não é mesmo?
  — E o fiz, James foi com ela.

  Estou pouco tranquilo, mas o meu nível de ansiedade está no alto, respiro fundo muitas vezes e quando chego ao meu andar me tranco no escritório. No silêncio respiro fundo jogando a maleta para cima da secretaria e sentando na poltrona de couro, viro a mesma para a vista de Londres pouco ensolarada e deixo que minha mão descanse por cima do meu abdômen, não terei muita coisa para fazer, só assinar papéis e ver como está indo à organização dos desfiles. Posso ficar em casa e descansar por uns dias depois de hoje, antes de iniciar a agenda de viagens, poucas mais cansativas.

  Deixo o copo de uísque apoiado a minha coxa enquanto marco viagens particulares antecipadamente junto a Suzana. Ouço toques à porta e tomo o meu último gole.
  — Entre — me ajeito à mesa e ligo o notebook.
  — Senhor Vitsky chegou uma correspondência da França hoje mais cedo. — Seguro no envelope pequeno e amarelo e com desconfiança o encaro, à porta é fechada e procuro outros envelopes, para me certificar de que esse é totalmente diferente das folhas brancas. Quando o abro, é uma folha simples com um desenho de um pingente. Isso seria de um admirador secreto? Devo me preocupar? Sem assinatura ou pedido. Guardo na minha maleta e seguro em outros papéis despreocupado. Pela tarde, faço relatórios e os assino, falo com Tio Mike que diz que daqui a dois dias chegará a Londres, estou mais ansioso e feliz por essa notícia. Acabo de soltar o celular na mesa e começa a vibrar novamente fazendo um barulho irritante até demais, não deixa eu terminar de escrever, e ao ver que se trata de Cris, atendo.
  — Onde voc...
  — Fomos atacados! — O seu tom alterado e respiração ofegante do outro lado da linha a dizer isso me faz parar em milhões de pensamentos. Guardando todos os meus documentos e fecho o Notebook, corro as pressas para fora desse lugar.
  — Suzana termine o relatório vinte para mim e me mande por e-mail, por favor! — saio às presas para o elevador. Pego o carro para minha casa, espero que estejam bem...

Observando o grande estrago que a casa se encontra, me sinto o presidente sendo atacado, quem diabos fez isso? Isso foi um míssil?
  — Todos arrumem suas coisas, iremos embora — começo a subir pela estrada de pedra entre as árvores para a casa e ouço Cristal vindo atrás de mim.
  — Como assim? — olho para minha irmã e volto a olhar a casa.

  — Isso aqui não foi a nasa Cristal, não foi uma base militar testando mísseis rastreadores que explodiram o norte da casa, da nossa casa, isso foi um aviso de um inimigo que nem sei qual deles foi, a sorte é que moramos afastados de pessoas numa casa no meio do nada, o estrago seria maior se isso aqui não fosse uma fortaleza. — A mesma suspira e parece concordar.

  Vou ao meu escritório onde Dallas se encontra e impaciente ando de um lado para o outro, puxo a cadeira e me sento sobre o acento atrás da secretaria. Apoio meus cotovelos na mesa afundando os dedos nos cachos.
  — Quem era? — o mesmo me olhou nos olhos e suspirou.
  — Não sei e, ao mesmo tempo, suspeito dos franceses, são os únicos que podem fazer isso, começamos uma guerra com eles ano passado, essa trégua de seis meses, nunca quis dizer que estamos em paz — paro de falar ao perceber que na pilha de papéis na mesa, há um igualzinho ao que chegou na empresa hoje. Dallas está falando, mas quase não entendo o que diz.
  — Quero que chame alguém, ou alguma coisa que leve todas as coisas, minhas de Cris e Mary para meu apartamento, apenas alguns de vocês irão comigo, uma boa parte será dispensada temporariamente, precisarei de vocês para as viagens. Dispense apenas o que acha desnecessário. Não se esqueça das coisas de Anna e chame alguma empresa para arrumar o estrago que fizeram na minha casa. Não dispense todos os empregados, a maioria ficará aqui.
  — Entendido, com licença — o homem de terno sai da sala e coloco um pouco uísque sobre o copo e acendendo um cigarro relaxo sobre minha poltrona. Observo muito bem o envelope sobre minhas mãos, saberia que nada disso ficaria assim. Jones, eu saberia que sua trégua não seria para sempre, mas atacar a minha família, não é a melhor escolha sua. Pego o papel decorado, com letras no meio, com o total foco:

Meus pêsames.

De volta a vida -  Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora