Capítulo 19

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  — Mas, por que deixou sua empresa? — Não vou falar a minha vida para essa mulher, não sei o que ela quer, não posso simplesmente achar que só por que nos conhecemos da escola, temos um vínculo de amizade, ela pode muito bem trabalhar para a imprensa, e quem sabe para um dos meus inimigos, tenho que ser cauteloso, no mínimo esperar muita coisa dela, e mesmo que nada do que pense esteja correto, ela seja apenas uma mulher com interesses nada prejudiciais para mim, fui cauteloso.
  — Acabei percebendo que precisava de um tempo, mesmo que o modo que escolhi isso foi nada agradável.
  — O acidente com a menina, Anna né? Também acredito que foi um choque — uma coisa sabia, diferente da imprensa, Claire sabia que Anna estava viva, isso me faz pensar que ela, não é uma pessoa sem interesse.
  — Annastácia — a olho, parece entender o que quis dizer, não tem permissão de chamá-la de Anna.
  — Tem esperanças? — soou baixo, como um sussurro para mim. Respiro fundo e balanço minha cabeça que sim e bebo o resto do vinho na minha taça, a música calma do restaurante faz meu corpo relaxar e ter menos dor de cabeça, até que o almoço foi bom.
  — Nunca fui um homem de esperanças. Mas bom — olho seus olhos castanhos que tem uma grande diferença dos de Anna que são mais claros — acho que não existe um homem mais esperançoso do que eu.
  — Isso é ótimo! — ela sorri largo.

  Menos uma coisa na minha vasta lista de afazeres, me preparo para ir ao hotel que estou hospedado aqui na França, percebo os holofotes, algumas pessoas a se aproximar, mas sou rápido até chegar ao local que deixei meu carro estacionado. Dirijo para casa ao som do rádio, músicas aleatórias poucas conhecidas por mim, tocam, milhões de pensamentos distorcidos e confusos passam, só quero chegar, me embebedar e dormir até a noite, sei que o dia seguinte será o melhor de todos, quando voltar e dormir o dia todo fará tudo ser mais rápido. Só preciso virar um frasco de remédio garganta abaixo, sei que é apenas um, apenas um. Chego e vou direto ao quarto, uma boa soneca antes das reuniões seria ótimo, sento sobre minha cama e solto o maior suspiro que conseguiria, o ar dos meus pulmões inundaram as paredes do quarto e percebo uma coisa.
  — Na droga desse quarto não tem uma garrafa de bebida! — jogo meus sapatos ao lado da porta e vou ao banheiro, lavo meu rosto e volto ao quarto com uma roupa confortável para sair. Deixo o hotel falando com Suzana sobre a reunião reservada para hoje e sobre a suposta festa depois dela. Embebedar-me até tarde, parece muito bem, as ruas estão frias hoje e o céu está nublado.

  À noite depois das reuniões estou indo à festa junto a uns amigos, chegou a melhor parte do meu dia, só preciso me embebedar e dormir até amanhã, a dor iria diminuir e os pensamentos sobre Anna não seriam frequentes. Quando entramos o barulho estrondoso da boate me doí os tímpanos, realmente deveria assumir que esse ambiente já é desconhecido por mim, uma vez que frequentei muitos lugares assim quando mais novo e agora percebo o que meus primos mais velhos falavam, isso é apenas a fase da euforia. Sento-me no único lugar que me encaixo, o bar, ao meu lado se senta uma moça de cabelos negros e curtos, bebemos muito e falamos muito e descobri que tenho bom assunto e que mulheres são ótimas pessoas para falar e ouvir.
  — Então quer dizer, que uma mulher fez isso? Uou! Impressiona-me! — confuso sinto necessidade de perguntar o que mais lhe impressiona.
  — O que lhe impressiona?
  — O fato de nem nos conhecemos e falamos das nossas vidas como se fossemos totais amigos de infância.
  — Algumas pessoas são simplesmente mais confiantes de conversar do que alguém que conhecemos a vida toda — a mesma levantou seu copo e sorriu.
  — Isso senhor Vitsky — sorriu largo. Seu nome é Úrsula, me contou que veio a França a procura de trabalho e refúgio dos pais. É uma pessoas muito legal, conversamos ao longo da noite e se foi e fiquei a só, eu e a bebida. Não vi nenhum dos "meus amigos", e sozinho vago pelas ruas frias da França. Às noites em Paris tirando os ratos nas ruas a correr para bueiros, é uma das mais lindas, acho que nunca iria enjoar desse lugar, os bares a tocar jazz e o clássico no ar, as praças cheias dos instrumentos e as pessoas a festejar mesmo sendo fora do horário. Lembro-me bem que Anna me disse que gostaria de conhecer a França e uma das coisas que quero fazer quando ela acordar é trazê-la para cá, a magia desse lugar fará bem para ela, na verdade, isso é mágico para uma semana, quem mora aqui não acha nada tão extraordinário. Estar nessa praça a ver todos a festejar uma música tão calma é melhor que aquela boate, e estar aqui é menos doloroso.

  Estou pronto para pegar o trem da meia-noite, nas estações mais músicas e talentos e no trem uma ópera, ópera me lembra de negócio, mas dessa vez, por uma vez, não quero pensar em trabalho, apenas deixar a música me levar para um mundo paralelo, só quero sumir um minuto do mundo e imaginar um lugar melhor onde eu poderia fugir e esquecer a máfia ou a empresa, mas me apeguei ao trabalho de desenhar e viajar mundo afora para divulgar o meu trabalho, só quero esquecer a máfia e agir como um homem normal a não andar com armas dispostas a atacar qualquer um, está no território inimigo é uma das melhores e piores coisas. Uma vez que estou a só e cá estou, a pensar em trabalho sem querer pensar, fechando meus olhos me lembro do restaurante que ganhamos para nós em Los Angeles. Uma boa conversa com Mike será ótimo e lembrar que estará em Londres em breve, me faz feliz, só não faz mais do que receber a notícia que Anna acordou, não a ver está me matando, passar a semana longe foi muito, mas foi bom, conheci pessoas novas, vi além do que conhecia e conversei além do que falava a desconhecidos, mas devo saber que minha vida não é tão secreta quanto eu sei, sendo um ícone da mídia mundial, só sei que da máfia eu escondo bem.

De volta a vida -  Livro 2Where stories live. Discover now