Capítulo 18

1.5K 120 9
                                    

    "Você acha que me merece? Acha que sou feliz com você? Não estou mais aqui Harry, e você, você acabou com a minha vida. Fez-me amá-lo a tal ponto de me entregar a um tiro. Mas agora vejo que não era amor. Era prazer, sobrevivência. Porque você não faz nada além de matar, você sempre será um assassino, assim como foi comigo".

   Acordo com o barulho do despertador, meu corpo suado e meu cabelo grudando na minha testa desligo o aparelho e tento respirar enquanto sento. Sentia-me irritado e com vontade de bater em algo ou em mim mesmo, e conforme me lembro das palavras que Annástacia me disse a raiva de mim próprio só aumenta.
   — Ah! — em frustração levanto, olho para a mala, nem deveria ter aquilo guardado novamente, alucinações Harry? Vai viver a base de alucinações? 

"Assassino".
"Não era amor, era prazer".

   As frases na minha cabeça me torturam, enquanto o sorriso e o corpo suado da menina passam na minha mente. Milhões de sentimentos e emoções, as palavras foram tão pesadas.
   — Senhor Van Vitsky— olho para o rapaz na porta a olhar para mim. — Está bem? — respiro fundo e limpo as lágrimas, tiro o lençol de cima de mim e me sento na beira da cama, aceno que sim e vejo que recua um pouco. — Estamos esperando você lá embaixo — olho nos olhos de Thomas e ainda me surpreende como me chama pelo sobrenome, mesmo quando me conhece há anos. A porta é fechada e vejo sua sombra se ir. Suspiro e me levanto para um banho antes de ir para França, já sabendo que não dormiria mais até a noite de amanhã. Depois do banho vou até meu celular para ver se tem alguma mensagem além das que vi antes de dormir; tem apenas uma da Claire dizendo que está na França e que podemos nos encontrar, não confio nela e nem nada que vem dela, mas não sou obrigado a lhe dizer nada e nem me entregar a nada, é apenas um jantar ou almoço. Jogo o celular para a cama e seguro nas minhas cuecas. Depois de pronto e dá uma última organizada ao lugar abro meu criado mudo para ver se não esqueci nada e o que encontro são jornais e fotos, sem tempo de ver o que são o seguro e saio dos meus aposentos. No carro em direção ao aeroporto para me encontrar com Jack, evito ler os jornais, não sei e nem quero saber o que escreveram na manchete de hoje, provavelmente mais alguma coisa da minha vida.
   — Esse é de hoje — Thomas me entrega outro jornal, o seguro e vejo que o título fala sobre a morte da garota, isso me dá calafrios, mas é melhor que os franceses pensem assim, mas se Anna acordar, não irá demorar nenhum segundo para os jornais dizer algo a mais. Respiro fundo e seguro nas fotos que me vejo junto a Estevão e minha mãe. Deixo tudo de lado e resolvo apenas olhar as estradas.

   Acordo com Bryan a me chamar e com os olhos semicerrados inspiro fundo, nem percebi que havia dormido, mas tenho certeza que foi apenas meia hora de sono, ajeito-me saindo do carro. Cumprimento Jack e entro no avião, seguro no meu notebook mandando e-mails para as secretárias, pela manhã iriam visualizar, encosto confortável sobre a poltrona de couro claro, deixo que meus ombros relaxem e tome uma postura desleixada. Mesmo estando com sono a tal ponto que não consigo olhar para o televisor claro, ficar assim é melhor que ter pesadelos. Planejo ficar acordado até chegar na França, pouco possível.

   Pela manhã havia recebido os e-mails de Suzana falando sobre as duas últimas reuniões, uma hoje à noite e uma amanhã pela manhã. Fico feliz porque verei Anna logo pela noite de amanhã, Cristal não mandou mais nada muito menos Helena. Havia marcado a hora do almoço junto a Claire, me convidou para o desfile que iria desfilar a noite, mas não aceito pelo fato de ser no mesmo horário que encontrarei os organizadores para os últimos preparos da decoração do salão de desfile e onde ficariam as minhas joias em exposição. A loja que tenho aqui na França será um dos lugares que ficará aberto para as compras inéditas, está tudo dando certo e agradeço por isso.

  Estou a caminho do restaurante, mas antes de chegar lá, aproveito e vou a uma farmácia. Odeio depender deles, mas os remédios são o antídoto para ter uma boa noite de sono, será essencial se não quero parecer doente na frente das câmeras.
   — Olá! — cumprimento à moça atrás do balcão e entrego a receita do remédio para a mesma que visualiza — Três frascos, por favor.
   — Com licença. — Vejo uma garota baixa loira. — Pode tirar uma foto comigo, por favor? — não sou muito de ser parado para tirar fotos. Talvez por quase nunca aparecer em lugares a não ser pelas viagens.
   — Claro.

   Na rua visualizo alguns paparazzi e virando a esquina tento logo entrar no restaurante evitando todas as câmeras. Passo por todos e vou à mesa reservada; algum tempo depois visualizo a morena de vestido curto a andar em minha direção.
   — Chegou na hora — olho meu relógio de pulso e a cumprimento com um aperto de mão. Sento-me sobre a cadeira e a mesma sorri.
   — Pensava que estava atrasada alguns minutos — balanço a cabeça negativamente e começamos a escolher o que comeríamos. Depois de um bom bocado de minutos os pedidos chegam e saboreamos a comida divina calados. Enquanto isso a observo, nada que vem dela mostra que poderá ser agressiva, é só uma garota da escola a querer conversar, mas meu instinto de que tem algo atrás dessa pele de cordeiro, não falha.
   — Então, o que fez depois da escola?
   — Nada, não tive tempo algum. Terminei os estudos em casa, por obrigação do meu pai. — Deixo o prato vazio à minha frente. — Mal sabia que me preparava aos poucos para um mundo de design e reuniões. Pensava que a moda não era tão difícil.
   — Eu também, mas as viagens são bem cansativas, as coisas que temos que seguir e o que temos que escolher bem escolhido. É exaustivo psicologicamente.
   — Você gosta do que faz? — a mesma parece pensativa.
   — Além do cansaço físico e psicológico, é bom, você se diverte conhece pessoas novas ou países novos no meu caso. Mas, às vezes se você não parar e colocar a cabeça no lugar você fica louco.
   —Gosto do que faço. Mas muitas vezes acho que estou perdendo o controle.
   — Precisa de umas férias — deu uma risada antes de tomar o vinho da sua taça.
   — É eu acho que sim!

De volta a vida -  Livro 2Where stories live. Discover now