Capítulo 21

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  Dentro do carro dirijo, não escondo o quão ansioso estou e como meu coração bate a mil por hora, mas, ao mesmo tempo, de sentir tanta ansiedade estou em paz, pois, sei que irei a ver e contar como foi à viagem ou até mesmo, dizer bobagens de como foi difícil ficar cinco dias longe. Pego o elevador para ir ao primeiro andar. Depois de um café, vou em direção ao quarto de Anna, um frio na barriga e inquietação nos dedos me dou de frente com Helena que me cumprimenta com um abraço, falamos um pouco e percebo que quer falar algo a mais, mas não forço a me dizer nada e me despeço finalmente entrando no quarto de Anna, sinto uma paz correr todo o meu corpo numa velocidade extrema a tempo de me deixar relaxar, ela está aqui, o meu mundo está em um silêncio confortável, meu porto seguro, é claro que ela está aqui, se não estivesse já saberia. Sento-me sobre a poltrona observando bem o seu rosto e o quão viva parece estar, sem conter o sorriso pego em sua mão.
  — Oi Anna — faço carinho sobre o dorso e levo até meus lábios, depositando um beijo — voltei — olho sua face deixando meu corpo descansar na poltrona — finalmente voltei. Consegui... eu consegui — olho seus dedos nos meus — fiz o que pediu, consegui retomar ao antigo Harry e entender que você não está morta e que logo vai levantar dessa maca. Acontecerão cinco desfiles todos estimulados em valores altos, com modelos bons e todo o dinheiro será para crianças, fico feliz por essa conquista. — Torço meus lábios sentindo uma tristeza, mesmo quando estou tão feliz. — Gosto do meu trabalho, fazê-lo me deixou feliz, só queria que você estivesse acordada e visse tudo, quero a ver sorrindo e dizendo o quão orgulhosa estar de mim. Mas tenho certeza que se estivesse não estaríamos aqui — olho para o móvel com o vaso de flor vazio e ao lado do vazo de flor, nosso futuro. A porta se abre, mas não me atrevo olhar quem é, olho para Anna enquanto milhões de memórias me surgem à mente. Foi pouco tempo, mas juntei boas delas, ela sorrindo, ela se divertindo, parque, shopping, bons momentos que sempre me recordo.
  — Harry? — encaro Helena.
  — Desculpe estava no mundo da lua — me ajeito na poltrona de modo que fique de frente para a enfermeira.
  — Ela está te respondendo? — olho a garota pálida, balanço minha cabeça ainda pensando se sim ou se não. — Anna está respondendo bem. Mas depois que Cris saiu daqui ontem, ela piorou de uma forma surpreendente. Não sabemos se poderia passar dessa noite, o coração está sofrendo sobre carga. Discutimos e não sabemos como estava num nível ótimo de saúde, não que não esteja, mas sua febre aumentou teve problemas respiratórios e seu coração acelerou muito. Ao mesmo tempo, não sabemos se ela irá ter sequelas quando acordar. Muitos pacientes as tiveram das mais possíveis as mais impossíveis, como acordar sabendo algo que não sabia. Mas ela pode ter algum retardo ou dificuldade para algo. Aliás, ela teve um traumatismo. Querido são apenas possibilidades, não perca a esperança, Annastácia é uma menina forte. Muito forte! — sorriu e não tenho palavras, de uma hora para outra, sabia, sabia que algo estava errado, mas não esperava esses tipos de notícias, aliás, ela estava bem até ontem.

  Quando saio do hospital sinto algo, algo diferente e não sei o que é, mas mistura a raiva e o choro, chove forte e está tarde, não há carros nas ruas e apenas ando e tentava segurar as lágrimas, é uma emoção que não sei controlar nem sei de onde vem, é tudo novo. Não tenho tantos motivos para as lágrimas, mas a todo o momento sinto uma raiva incontrolável de mim próprio.
  — Droga! Droga! Droga! — bato no volante e sinto minha cabeça girar, justamente com o carro que perde o controle, vai de um lado para o outro enquanto minha visão está embaçada, giro o volante desesperado, antes que capote consigo o parar de derrapar na pista; com o coração acelerado olho para os dois lados, estou fora da pista, olho para minhas mãos no volante, os nós dos dedos brancos, respiro fundo tentando manter a calma. Assusto-me quando bate no vidro, um caminhoneiro.
  — Você está bem — olho para o homem, a chuva molha sua capa e escorrega pelo seu capuz, aceno que sim — não quer ligar para ajuda? Não foi um corte feio, mas é bom! — grita para que possa ouvir.
  — Estou bem, obrigado! Vou retornar a pista — olha para a pista, alguns carros passam devagar, estava mesmo em alta velocidade.
  — Cuidado, a pista está perigosa — relutante diz, concordo e levanto o vidro, o homem retorna para a pista e respiro fundo. O que estava fazendo? Queria me matar? Tenho que estar aqui quando Anna acordar! Choro tudo o que queria e só paro quando recebo uma ligação de Cris. Não atendo, apenas ouço a música irritante, afasto meus cabelos e respiro fundo tentando me acalmar dos espasmos e soluços, deixo minha cabeça levar para o banco e olho o teto do carro.

  Assim que chego Cris vem a mim e me encara preocupada, me dá um abraço e o que sinto é como se tudo isso fosse uma prévia do que está prestes a acontecer. É como se já recebi a notícia.
  — O que aconteceu? Por que não atendeu? E por...
  — Anna pode não passar dessa noite — a mesma parece extasiada, seu semblante é pura confusão.
  — Ela não estava bem? — me sento sobre o sofá deixando minha blusa de frio ao meu lado.
  — Helena disse que sem explicação certa ela piorou, o coração está recebendo uma sobre carga muito grande, o nível da sua febre e outros sintomas são altos, sua saúde de boa ficou ruim. Eu não sei, o que entendi é que ela pode se ir hoje, mas pode ficar, não quero que ela vá Cris. Não agora, não é sua hora — me abraça.
  — Ela não vai. Helena deve ter se enganado, ela passou tão bem, não tem como a sua saúde ter ficado ruim de uma hora para outra — balanço minha cabeça confirmando o que minha irmã disse. A afasto de mim sem olhar em seus olhos, engulo em seco segurando o casaco.
  — Vou descansar. Boa noite — ouço que me chama, mas não retorno para seus braços, não vou ficar chorando perto dela, só preciso de uma bebida.

De volta a vida -  Livro 2Where stories live. Discover now