Capítulo 38

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  Já havia se passado algumas semanas, eu e Anna passeamos e tentamos voltar a sua rotina normal, aparentemente estava bem, mas para mim além de ser uma felicidade era estranho a ter do meu lado quando estava me habituando com a ideia de não a ter, conversamos muito essa semana sobre ela ter que fazer algo, faculdade ou algum trabalho, não quero ser igual ao Otto, a prender em casa, quero que tenha uma vida normal, quero que socialize, okay, talvez tenha pensado muito e tido várias crises de raiva com meus próprios pensamentos, apenas em pensar em outros garotos olhando para ela, mas eu teria que me controlar se queria que tivesse uma vida normal, me disse que ainda não sabe o que quer realmente fazer, mas me diria assim que decidisse. Úrsula já havia começado a aprender com Suzana, Mike e Débora tinham voltado a Los Angeles, agora na casa apenas eu, Cris, Mary, Anna e Úrsula estavam no apartamento que não fica tão longe de onde moro agora, sei que Úrsula ficará de olho nela, Anna logo voltará a ficar comigo e tenho grandes planos daqui para frente. A ideia de comprar aquela casa é manter minha identidade mais sociável possível, morar longe e numa casa tão grande parede alarmante demais.
  — Harry — olho para a menina no meu colo — quero que continue me ensinando a atirar — aquilo foi definitivamente como um tiro em mim.
  — Mas por quê? — antes mesmo que acrescentasse algo a mais na minha fala sou interrompido por sua voz.
  — Porque não quero ser alguém indefesa, que é protegida o tempo todo, que todos vivem se preocupando, não quero ser vista como uma garota. Quero ser vista como uma mulher a sua mulher, assim como nossas mães eram vistas. Quero andar com você, não ficar em casa comendo unha enquanto recebo alguma notícia. Quero me sentar ao seu lado num jantar de negócios, e precisar me defender nos momentos exatos.
  — Quer negociar comigo? — contive o sorriso apenas para saber sua resposta.
  — Quero ir além disso — séria. Então eu teria que pensar, era algo sem chances de dúvida, altamente perigoso.
  — É muito perigoso.
  — Já mostrei que enfrento qualquer perigo, só não quero ficar sentada sem fazer nada — respiro fundo, soltando o ar em seguida. Era um proposta muito difícil de aceitar.
  — Preciso de um tempo — a olho nos olhos vendo nenhuma expressão nela, quando foi que aprendeu a esconder seus sentimentos?
  — Tudo bem — fria, nessa semana percebi o quão mudou, por mais que seja ainda a menina doce e meiga, tem um gênio forte, ainda é a Anna, mas ao mesmo tempo não é. Reage como uma mulher definitivamente vivida ou até mesmo, com ódio de algo. Se levanta do meu colo saindo do quarto, olho o relógio de pulso vendo que era hora de voltar para casa e quando desço faz algo na cozinha, era a mesma Anna, mas com um olhar frio e intrigante, como se sempre estivesse a pensar em algo que a magoou, magoou muito!
  — Já estou a ir — assim que meu olhar foi com o dela, as sobrancelhas franzidas se foram e seu semblante se tornou relaxado, torceu os lábios e caminhou até mim, me dando um beijo.
  — Volta amanhã? — sorri para ela tirando as mechas de cabelo do seu rosto, segurando sua cintura para mim.
  — Você sabe que sim — um beijo no seu pescoço, mais um e mais um e decido ir, me leva até a porta e ando os grandes corredores a olhar para o relógio de pulso. No andar de baixo já pronto para pegar meu carro vejo que Úrsula entra pela porta da frente quando já disparo avenida a fora. Não demora muito para estar em casa e não ver nenhuma das mulheres, Cris deve está a dormir e Mary já se foi, solto um grande suspiro e me sento no sofá a olhar para a mesa de centro, pego um pouco do uísque ao meu lado e o tomo, o pensamento imediato me pega de surpresa, a pensar em Claire, o que será mais que ela passou para Nick? E se os Jones tem essas informações? Só o fato de saber que talvez saibam algo de mim me faz ter raiva, o meu próximo passo é matá-los e ver seu corpo cair com o tiro que darei, ou até mesmo queimar naquela casa. Preciso matar todos, de um jeito único e esperto. Por mais que pense em mudar, não posso deixar os pensamentos de matar ou ser morto, porque está no meu sangue, no entanto vou esperar um tempo. Aproveitar a vida com Anna, só preciso manter tudo sobre controle na empresa e fora dela, enquanto elaboro o plano que me trará paz por um tempo, quem sabe nesse pequeno período não viva na vida que sonhei durante esses meses, sem máfia, sem trafico e prostituição, apenas eu e Anna.

  Subo ao meu quarto com a garrafa nas mãos, depois de muitas doses e de me sentir tonto vou para a varanda, o vento forte da noite bate sobre meu rosto, mas é algo que não me importa, o calor do álcool não me permite sentir frio algum, a minha única preocupação é sair de Londres, era sumir do mapa, para algum lugar que ninguém conheça Harry Van Vitsky ou muito menos ache um. Algum lugar que eu não tenha negócios a tratar. Respiro o ar e entro para o quarto, já um pouco sóbrio tomo um banho gelado, demorado e cheio dos pensamentos de uma mini férias, talvez seria justo, depois de um mês inteiro de trabalho e ter Anna comigo, significa treiná-la.

De volta a vida -  Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora