Capítulo 2 - Confusos

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- Merle -

Saio da casa do meu irmão tentando organizar meus pensamentos. Eu me sinto dentro de um tornado, desesperado e sem saber para onde ir. Vou andando pelas ruas de Blairsville. Como deixei isso acontecer? Cara que merda!

O que eu faço agora? Aposto que a porra do meu pai tá rolando de rir de mim no inferno. Jurei pra mim mesmo nunca ter filhos, meu lema sempre foi "foda uma mulher (ou várias) e deixe-a". Simples, sem nenhuma emoção, além do tesão, envolvida. Eu não posso ser pai, não era pra isso ter acontecido comigo! O universo é uma cadela!

Depois que meu irmão veio com a maldita ideia de se fixar uma cidade eu até pensei que depois que eu me mandasse, a próxima notícia que eu teria dele seria de que amarrou com alguma garota e teve filhotinhos. Era perfeitamente capaz de imaginar meu irmão vivendo isso, apesar dele nem perceber. Se você olhasse de primeira para os irmãos Dixon não veria nada além de dois encrenqueiros, mas se olhasse uma segunda vez veria que meu irmão mais novo apesar de fechado era bom. Exatamente por isso que Daryl era o cara pra construir família, raízes. Eu não! Que merda de vida!

O que eu posso oferecer a uma criança? Metanfetamina? Álcool? Foram exatamente essas duas coisas que ofereci ao meu irmão. E me arrependo disso, não que eu vá dizer em voz alta, mas fico feliz dele se livrar do álcool. Mas e o bebê? O que eu faria com um bebê? Nunca nem segurei um. Só meu irmão mais novo, quando ele chorava e meus pais estavam bêbados demais para cuidar de uma criança recém-nascida.

Será que eu conseguiria cuidar de um bebê? Do meu bebê? Argh! Até usar um pronome possessivo relação a essa criança me causa mal estar. Coitado. Não poderia ter pais mais ruins do que eu e Lauren. Ela nunca quis filhos, gosta demais do seu estilo de vida desregrado. Eu nunca conseguiriam amar essa criança, já a vejo como um estorvo. Uma pena, queria poder ser o pai que ela merece. Mas mesmo agora, mais calmo, só consigo pensar em arrumar metanfetamina e beber um grande copo de vodca.

É disso que eu vou atrás, e entro no mesmo bar que conheci Lauren. Bebo, uso drogas, bebo mais ainda. Ninguém reclama porque a maioria dos que estão nesse horário é a própria escória da cidade. É num lugar desses que me sinto em casa. Aqui eu controlo tudo. Como um filho meu poderia viver assim?. O pensamento me faz beber mais. Mais tarde, quando a ressaca passar vou conversar com Lauren sobre o que vamos fazer com essa coisa. Aborto não é uma ideia viável, não tenho dinheiro pra isso. Ela também não. Me recuso a pedir ao Daryl, além disso dúvido que ele fosse me dar se soubesse que quero fazer um aborto.

Ele seria um bom tio, meu irmão seria a única parte boa da família dessa criança. Pelo que conheço do meu caçula ele seria do tipo que leva pra acampar na floresta e joga futebol. Eu rio quando penso nisso. Ele seria a parte responsável e pra quem a criança correria se pudesse.

Saí de casa pra tentar organizar minha mente e estou mais confuso do que antes. Merda de vida!

- Lauren -

Eu desabei assim que entrei no pequeno quarto que alugo nos fundos de uma lanchonete simples. Era o que eu podia pagar depois de perder meus pais e o banco pegar a casa que vivíamos. Estava tudo bem pra mim, eu trabalhava como garçonete, ia a um bar que gosto, saia com minhas amigas e transava. Transar com desconhecidos tinha a sua graça até me envolver com Merle.

Ele era tinha tudo o que me atraía, cara de mau, um jeito debochado e cínico e estava sempre pronto pra um sexo sem compromisso. Pelos meus gostos eu sempre estava em dias com meu anticoncepcional e camisinhas, ele foi o primeiro que confiei trepar sem o preservativo. E não reclamei. Confiava no anticoncepcional até sentir tontura e enjôos no mês passado todo. De início não pensei em gravidez, depois que pensei me recusei a aceitar e a fazer um teste de farmácia ou exame de sangue. Depois de duas semanas tomei coragem e fiz.

O positivo escrito no resultado me deixou sem chão. Que Merda! Não! Não! Não! Impossível! Depois de conversar com médico e ele confirmar eu quis abortar, mas estava sem grana. Como eu ia fazer isso?. Podia ter a criança colocar em um abrigo, era uma alternativa. Mas fiquei triste quando pensei na criança sendo descartada como um par de sapatos velhos. Coitadinha!

O que eu vou fazer? Como posso ser mãe?. Definitivamente eu e Merle precisamos conversar. Que merda de situação!

Eiii pessoal, fic nova por aqui. 😏

A era dos Mortos | Daryl Dixon  Where stories live. Discover now