Capítulo 18 - Tensão

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- Beth - 


Tudo está mais confuso do que antes, Rick e Lori permanecem no quarto junto de Carl, descobri o nome do menino enquanto a mãe chamava por ele desesperada assim que o viu. Meu coração se apertou ao ver esse momento de dor, espero realmente que o pequeno sobreviva. E espero que Otis volte com o tal Shane trazendo os remédios que o menino precisa. Tem algo nesse Shane que me deixa inquieta, uma instabilidade, ele parece prestes a explodir. Eu não deveria estar pensando essas coisas sobre um homem que mal conheço, nem conversei com ele, mas meu pai sempre disse que eu sou sensível para interpretar as pessoas e foi isso que vi nele. Um homem instável. Afasto isso de meus pensamentos e me concentro em levar uma bandeja de comida para o quarto em que Carl está, Rick tem que comer e Lori também, precisam estar fortes para ajudar o menino. Entro no quarto e vejo os dois mais esperançosos, estão menos abatidos e fico feliz por isso. 

- Com licença, trouxe para vocês. Precisam se alimentar. - eu digo gentil e coloco o bandeja sobre a mesa de cabeceira 

- Obrigada pela ajuda, é muita gentileza sua. - Lori diz e sorri fraco 

- Não há de quê, se precisarem meu quarto fica ao lado. Podem me chamar sempre que precisarem. - eu digo retribuindo o sorriso, os dois acenam e eu deixo o quarto. 

Olho pela janela e me surpreendo quando vejo que já é noite. Vejo faróis de carro se aproximando da fazenda. Maggie me disse que talvez mais gente do grupo de Rick viesse para cá, então abro a porta para recebê-los, não consigo ver nada além das luzes do carro por conta do bréu que a noite trouxe. Duas silhuetas descem do carro e caminham para a casa. Com surpresa vejo meu pai já com a arma em punho, temendo os dois homens. Um jovem asiático e um homem negro, que parece pálido, se aproximam mais, não parecem ser inimigos, estão suados e abatidos, mas não parecem ser maus. 

- Vocês fecharam o portão de entrada? - Maggie pergunta sentada perto da janela 

O asiático parece perder a fala quando olha para ela. Seguro uma risada, já vi isso acontecer tantas vezes, os homens sempre perdem a fala quando olham para minha irmã. Quem não olharia para o corpo cheio de curvas e os penetrantes olhos verdes?. Maggie sempre chama atenção por onde passa, é linda e inteligente, qualquer homem ficaria encantado com ela. Lembrar disso me faz recordar diversos episódios de minha adolescência, onde os garotos se matavam pela atenção dela, e como as vezes isso lhe era inconveniente. Comparada com ela eu era pálida e sem sal. Nós nunca nos comparávamos, as pessoas faziam isso por nós. "Quase tão bonita quanto sua irmã", "Quase tão talentosa quanto Maggie", "Quase tão inteligente quanto ela". Sempre havia um quase, quando criança eu não ligava muito para isso, depois que cresci mais entendi o que aquele quase significava, e infelizmente naturalizei esse quase em minha vida. Não é culpa dela, minha irmã não tem culpa do que as pessoas falavam, ela sempre tentava me defender, mas as pessoas não ligavam. Cidade pequena é assim, tudo é pequeno, menos a língua do povo. Até que não foi ruim crescer sem chamar atenção, isso me deu tempo para descobrir do que eu realmente gostava e quem eu realmente era, e quando Jimmy e eu terminamos isso ficou ainda mais claro. 

- Oi, é... nós fechamos sim, colocamos a trava e tudo mais. Bom... prazer em te ver de novo - ele diz meio nervoso e isso me traz de volta à realidade - Nos conhecemos antes bem rápido 

- Nós só queremos ajudar, tem alguma coisa que possamos fazer? - o homem ao lado dele pergunta 

Maggie o olha e vê o machucado no braço dele, ele se apressa em explicar

- Não é uma mordida, eu só me cortei bem feio. 

- Vamos dar uma olhada nisso, vou avisar aos outros que vocês chegaram - eu digo e só assim notam que eu estou no mesmo ambiente que eles 

A era dos Mortos | Daryl Dixon  Where stories live. Discover now