Capítulo 10- Pedreira

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- Daryl -

O dia amanhece. finalmente! Desde que essa bagunça de mortos vivos começou eu não consigo dormir uma noite completa. Eu já estava acostumado a ter o sono leve, afinal cuidar de um bebê exigia isso, mas agora era como se eu estivesse constantemente alerta. A besta, minha companheira fiel, está sempre do meu lado na barraca para o caso de ser necessário.

Estamos aqui a duas semanas e algumas coisas já são perceptíveis, a primeira é que Merle vive ignorando Missy, e isso nem me incomoda muito, pelo menos ele não a está maltratando. O fato de ser ignorada está deixando Missy ainda mais determinada para fazer amizade com ele e eu rio muito da cara que ele faz quando escuta Missy chamá-lo de "Tio Mele". Sei que um dia Merle vai ceder, ninguém fica imune ao charme do meu furacão. E por falar nela, ela está abraçada a mim... Não tinha esse costume, mas a situação a tem deixado com medo, por mais que não entenda muito bem o que está acontecendo. Apesar de não saber direito, Missy sabe algo está bem errado e por isso está cada vez mais grudada em mim. É encantador a confiança que ela deposita em mim, como se nada pudesse alcança-la se eu estiver por perto. Ela me transformou em um cara que acha coisas encantadoras. O meu eu de três anos atrás iria rir muito de mim se ainda existisse.

Ela se espreguiça, coça os olhinhos. Como sempre fazendo manha ao acordar

- Papai, o dia já acodou? - ela pergunta quase voltando a dormir

- Já sim, furacão. Vamos até o rio? - eu pergunto, mas sei que ela vai

Missy amou o rio desde a primeira vez que pôs os olhos nele, mas só entra comigo. Depois que zumbis andam por aí eu me tornei um babaca ainda mais superprotetor...

- OBAAAA! A xente vai pescá? - ela me pergunta sorrindo e deixando suas covinhas em evidência

- Hoje não, filha, outro dia vamos. Papai vai com você até lá e depois tenho que sair pra caçar. - eu digo já com o coração apertado

Não gosto de deixar minha menina, ainda mais com o Merle, mas é o jeito, a comida está acabando. Era de se esperar que isso acontecesse depois de três semanas aqui. Não tenho o menor desejo de alimentar todos, mas também não vou caçar só para nós e deixar que todos olhem enquanto comemos. E como nenhum deles sabe caçar, irei ter que sair. Detesto isso.

Na primeira semana todos esperavam que o governo aparecesse com uma vacina milagrosa. Agora eu não sei pelo quê esperamos, mas sei pelo quê luto. Luto por mais um dia, mais um dia com a milha filha. Ela precisa sobreviver a isso, não vou deixar que morra.

O garoto asiático, o tal Glenn traz notícias sobre a cidade. Ele consegue entrar e sair de lá sem que esses imbecis sequer o vejam, conhece realmente cada buraco de Atlanta. Ele disse que nada parece ter mudado, zumbis ainda vagam por lá e chegou até a ver um deles vestido como um militar. Isso me deixou preocupado, se até um militar treinado sucumbiu a isso, o que será do resto de nós?

- Eu vô ficá sojinha? - ela pergunta claramente com medo. Seus olhinhos arregalados demonstram isso e eu já quero desistir de ir.

Mas não posso, faço isso por ela também.

- Claro que não! O tio Merle vai ficar de olho em você e você vai poder brincar com a menina e o menino. - eu falo

Brincar com outras crianças parece deixá-la mais animada em ficar, apesar das outras duas crianças serem um pouco mais velhas que ela.

Eu a pego no colo e vou para o rio, tomamos banho juntos e ela parece se divertir a cada mergulho. Quando voltamos o nosso acampamento improvisado está começando a acordar. Vejo Dale, o velho que está usando um chapéu ridículo como se estivesse de férias, ele me cumprimenta

A era dos Mortos | Daryl Dixon  Where stories live. Discover now