Capítulo 13 - Chicanos

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Pessoal, mais um capítulo! Peço que comentem e favoritem (podem falar, juro que não mordo, não tenho nenhuma vocação pra zumbi :)

- Daryl -


Ainda estou encarando a mão cortada de Merle. Parece uma peça do cenário de um filme de terror, só agora me dou conta, a ficha finalmente caindo, de que o mundo realmente acabou. Não vai haver uma cura, esse vírus, ou seja lá o que for, nos pegou tão rápido e com tanta força que nem sequer sabemos quem nos derrubou. Mas nos derrubou. O governo caiu, o exército deve ter caído também, aposto que os laboratórios também não conseguiram ir muito longe.

Me irrito ao ponto de não conseguir controlar, aponto a besta para a cabeça de T-Dog, esse imbecil de merda. Isso é culpa dele! Ouço o som de uma arma sendo destravada e vejo Rick me apontando uma arma, com aquela arrogância que odeio. Eu o olho, uma hora ele vai entender que não existe mais autoridade policial, espero que a queda não seja tão grande para o xerife justiceiro. Mas abaixo a besta, fito T-dog, ele parece realmente com medo de que eu faça algo. Não vou fazer, não sou um assassino, não vou deixar minha filha ter um pai assassino.

- Você tem um lenço pra me emprestar? - pergunto

- Tenho - ele diz estranhando meu comportamento

Me estende o lenço e eu o pego, vou até a mão do meu irmão e enrolo ela.

- Acho que a serra estava muito cega para as algemas - eu digo

Eles se olham e acho que esperam que eu surte, mas não vou fazer isso, tenho que me controlar. É difícil aceitar, mas provavelmente meu irmão está morto. Ninguém sobreviveria a uma mão cortada por uma serra cega em uma cidade cheia de zumbis que sentem cheiro de sangue. Sinto dor, quase me dobro, mas engulo seco e me coloco de pé. A verdade é que mesmo que estivesse vivo, ele não vai durar muito com um ferimento dessa magnitude.

- Ele deve ter feito um torniquete, talvez com o cinto. Teria mais sangue se ele não tivesse feito. - eu digo enquanto aponto para o chão ensaguentado

T-dog tem a graça de parecer arrependido. Glenn está com cara de menino fresco da cidade quando eu coloco a mão de Merle na mochila dele e Rick está calado observando tudo. Eu deveria largar esse grupo, afinal abandonaram meu irmão, mas só eu sei o quanto Merle consegue levar qualquer pessoa ao seu limite. Vamos descendo pelo prédio, seguindo o rastro de sangue dele, vejo dois zumbis caídos, foram mortos pelo Merle. Internamente eu sorrio, ele nunca se deixaria abater, não cairia sem lutar.

- Ele ainda conseguiu matar esses dois desgraçados com uma mão. Meu irmão é o cara mais durão que eu conheço - falo rindo

Os três se olham espantados e Rick fala

- Estou vendo, mas qualquer homem pode desmaiar por perda de sangue. Não importa o quanto seja durão.

Eu dou um meio sorriso, esse cara não faz ideia do que eu e meu irmão já enfrentamos. Esse não é o nosso primeiro apocalipse zumbi. No lugar onde a gente nasceu e cresceu era preciso matar um por dia pra sobreviver. Já enfrentamos muitos zumbis nessa vida. Decido me calar, falar algo pode começar a dar brecha para que perguntem como foi minha vida e eu me recuso a falar de como era antes da minha filha chegar. Continuamos nossa busca, é sombrio pensar que estou seguindo o sangue do meu irmão, é tipo uma versão macabra da história de João e Maria, que tanto li para Missy antes de dormir. Chegamos em um lugar que parece uma cozinha, vemos mais sangue perto do fogão e vemos que ele cauterizou o próprio punho. O filho da mãe conseguiu sobreviver a uma amputação! Só espero que não tenha virado ração de zumbi.

- Eu disse que ele é durão. Ninguém mata esse babaca se ele não quiser. - digo rindo debochado

Glenn olha para tudo e parece querer vomitar, Rick parece incrédulo e T-dog permanece chocado. Tenho vontade de rir dos três, mas tenho que achar meu irmão, então sigo em frente, vai ser mais difícil agora que não temos mais o sangue dele para seguir. Me aproximo e vejo a vidraça quebrada

A era dos Mortos | Daryl Dixon  Where stories live. Discover now