Capítulo 5 - Nova vida

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- Daryl -

Eu não faço ideia do que está acontecendo, estávamos na casa da senhora Richards, estávamos jantando quase em silêncio, a não ser pela velha intrometida que acha que é minha mãe. Que abusada! Como acha que tem intimidade pra me perguntar quando vou arrumar uma namorada? Não respondi, meu rosto fechado fez isso por mim. Era só o que me faltava mesmo, tenho 27 anos e não preciso ser tratado como um adolescente. A cara de Lauren rindo de mim foi o bastante. Não sei o que há com essas duas, uma age como se fosse minha mãe e a outra como se fosse minha irmã. Credo!

Agora só queria voltar pra nossa pequena discussão no jantar. Quero sair desse hospital, esse lugar e o jeito que Lauren estava está me deixando sufocado. Mas não posso e nem vou deixar a senhora Richards sozinha, ela está desesperada, dá pra ver pelo tanto que reza e chora. Além disso, Lauren é minha amiga, eu acho, e é mãe da minha sobrinha. Não posso deixá-las na mão.

Ligo para Merle, ele tem um celular, mas só eu tenho o número, cheguei a dar esse número para Lauren para que ela ligasse pro imbecil do meu irmão e exigisse que assumisse sua responsabilidade. Não funcionou, obviamente, e depois disso ele passou a ligar cada vez menos e quando o fazia nunca perguntava por nenhuma das duas. Apesar disso me sinto na obrigação de informar que a filha dele vai nascer... É filha dele e ele tem direito, infelizmente... Cai na caixa de mensagens, ligo de novo e de novo, mas ele não atende. Sendo assim deixo uma mensagem

"Irmão, Lauren está no hospital, ela passou mal. Acho que a bebê vai nascer, mas não tenho certeza. É melhor você vir. Fugiu disso o quanto quis, mas agora não dá. Tchau."

Deixo meu celular de lado e tento me acalmar um pouco. Está tudo bem com elas, Lauren passou mal, mas foi trazida rapidamente. Eles podem dar um jeito, elas lutaram tanto, vão conseguir. Tento pensar positivo, coisa que é muito difícil pra mim, afinal sempre estou pronto para o pior... Mas dessa vez não, elas vão sair dessa, eu tenho certeza...

Ficamos esperando até o médico que a atendeu aparecer, seu rosto está sério, ele olha de mim para a senhora Richards e imediatamente sei o que aconteceu. Não quero ouvir, não quero saber, saber vai tornar real e a realidade é difícil demais pra ser aceita. A senhora Richards também sabe só pela expressão dele e acaba perdendo as forças e quase cai, corro para ampará-la. Ela se apoia em mim e chora mais ainda

- Ela chegou aqui com a pressão muito alta. Tivemos que fazer uma cesariana de emergência para tentar salvar a vida da bebê. Ela teve uma hemorragia e não conseguimos reverter a situação. Tentamos de tudo. Eu realmente sinto muito. - ele diz triste

Eu não sei o que sinto, estou dormente. Isso não tá acontecendo! Que merda! Minha garganta fecha e me recuso a chorar na frente dessas pessoas. Não sou fraco, não tenho mais dez anos, não é como na época que minha mãe morreu e me deixou com o cretino do meu pai. Eu sou forte! Eu sou forte! Eu aguento! Fico repetindo isso na cabeça como um mantra, até encontrar minha voz e perguntar ao médico

- E minha sobrinha? Como ela está? - me recuso a acreditar que ela também se foi

- Ela está bem, nasceu um pouco antes do previsto, mas é saudável. Ela vai precisar muito de vocês. Vocês podem vê-la na ala pediátrica - ele diz e se retira

Eu sei disso. Ela vai precisar de nós e eu não sei nem seu nome... Mas sou forte e vou estar aqui por ela... Pelo menos vou tentar fazer isso dar certo. A senhora Richards me abraça e eu aceito, depois de muito tempo deixo alguém me confortar. Ela sabe que agora somos tudo o que aquela criança tem e que vamos trabalhar juntos nessa...

Nos encaminhamos pra ala pediátrica e eu pergunto sobre ela, digo só o nome da mãe. Ainda não tive tempo de pensar em um nome, mas vou fazer isso... Uma enfermeira aponta e eu a vejo, é uma coisinha pequena e parece tão frágil. Meu Deus!

Quero chegar perto e pergunto se posso, me autorizam e vou me higienizar pra poder entrar no ambiente, com a senhora Richards ao meu lado. Chego perto dela e de perto ela parece ainda menor, é uma pequena princesa. Uma princesa que vai precisar ser bem forte pra viver sem uma mãe, mas uma princesa que terá um tio e a avó para cuidar dela.

Peço para pegá-la no colo e quando ela está nele me sinto diferente. Não sei explicar, nunca me senti tão rendido a alguém, nunca fiquei tão emocionado em conhecer alguém como estou quando seguro este pequeno serzinho. Seguro sua mãozinha e ela agarra meu dedo, e é ali que faço a promessa de nunca soltar sua mão, de sempre estar ali para ela. Vamos cuidar um do outro. Vamos ficar bem é o que penso enquanto olho para ela e a assisto se render ao sono...

Olho para a senhora Richards e ela está visivelmente emocionada, com um olhar que mistura a tristeza por perder Lauren e a alegria por ver nossa bebê viver. Também estou assim, mas vamos dar um jeito de fazer dar certo... Fico com a bebê no colo até me dizerem que o horário de visitas acabou, não vou sair desse hospital sem ela, nem vou deixá-la sozinha. Foi a nossa promessa e vou cumpri-la

A era dos Mortos | Daryl Dixon  Where stories live. Discover now