- Daryl -
Merle chega cinco dias depois da bebê nascer, ela ainda não tem nome e é tão frágil que no início tive até medo de machucá-la quando a peguei no colo. Mas venci o medo, não consegui resistir a ela, a senhora Richards também não. Só que ela parecia infinitamente mais habilidosa do que eu, apesar disso estou melhorando... Só Merle que parece não conseguir se render a garotinha, azar o dele, não sabe o que está perdendo... Ou sabe e não se importa. Dane-se isso. Pelo menos ele registrou ela, seu nome agora é Melissa Dixon. O nome foi escolhido quando a senhora Richards me trouxe um papel com uma lista de nomes que Lauren havia escrito, como infelizmente ela não está mais aqui coube a nós dois escolher. Eu sabia que Merle não se daria ao trabalho de dar nome a bebê. Mas querendo, ou não, ele tem direitos sobre ela, não que ele ligue muito pra isso já que não se digna a olhar na direção da menininha.
Depois de cinco dias no hospital ela vai para a nossa casa, está saudável e tomou as tradicionais vacinas. Coisa que eu detesto lembrar porque ela chorou tanto que chegou a sair lágrimas dos olhos, eu a segurei e senti como se ela estivesse me acusando de deixar alguém machucá-la. Fiquei me sentindo péssimo, apesar de saber que ela precisava das vacinas para crescer bem.
Vou para o hospital buscá-la, a senhora Richards está lá, passo pela sala e vejo Merle deitado no sofá enquanto encara o teto. Ele tem que ir comigo, ninguém do hospital deixaria a menina sair comigo, afinal eu não sou o pai dela. Difícil será convencê-lo e já me preparo internamente para a luta que vai ser isso.
- Eii, Merle. Vamos logo cara, temos que buscar a bebê - eu digo enquanto o cutuco no ombro para que desperte já que parece perdido em pensamentos
- Argh! Tenho mesmo que ir? Você pode buscar ela sozinho. - ele diz seco
- Na verdade não posso, nenhum hospital deixaria porque não sou o pai dela. Você é! - eu Renato
- Tá, tanto faz. Vamos nessa. - ele responde e levanta
Sai da sala e vai em direção a moto e eu vou para o meu carro já preparação com o assento de bebê. Quando não me vê o acompanhando ele pergunta
- Onde você vai, caçula? Pensei que iríamos buscar a coisinha -
- E vamos, você vai de moto se quiser, eu vou no carro por causa do assento de bebê. - eu falo
- Peraí, você vendeu sua moto? - ele pergunta e realmente parece surpreso
- Vendi, não dá pra andar por aí com um bebê em uma moto. - eu digo
Fiquei um pouco triste de vender minha moto, afinal demorei séculos pra juntar dinheiro pra comprar ela. Mas quando vi que a moto não era um transporte segura para minha sobrinha tive que me livrar dela. Nem sinto tanta falta assim. Minha sobrinha é melhor que uma moto.
Ele balança a cabeça, suspira e diz
- Você que deveria ser pai dela. - fala sério e sem nenhum traço de deboche - É você que está pronto pra fazer tudo por ela, não eu.
- Você vai aprender...- eu digo sério
- Acho que não consigo e nem quero - ele diz - agora vamos pegar aquela coisinha
Monta na moto e eu vou para o carro. O caminho é feito rapidamente e logo estamos no hospital, me encaminho para a recepção e pergunto sobre a nossa menina, a atendente logo nos dá informções e nos encaminhamos para a maternidade.
O caminho até é feito em silêncio, meu irmão parece um bicho acuado e está louco para sair correndo daqui, principalmente depois de ouvir os choros de bebês que saem da sala.
Falo com uma enfermeira ela parece surpresa quando digo que Merle é o pai e que eu sou só o tio. Assim ela tenta colocar a menina no colo de Merle, ele olha pra mim em pânico e tenho vontade de rir de sua cara, mas me contenho, a senhora Richards não tem a mesma consideração e ri abertamente dele. A pobre enfermeira não está entendendo nada.
- Calma, Merle. Não é tão difícil assim, apoie a cabeça dela - eu digo baixinho para não assustar nenhum dos dois
- Eu pensei que você fosse o pai, tem tanto jeito com ela - a jovem me diz e eu a olho
- Ele é, sou o tio - eu respondo constrangido
- Vamos logo embora daqui! - Merle fala rude e acaba assustando a bebê. Logo o choro dela ecoa pela salaEle parece não sabe o que fazer, eu reviro os olhos e estendo os braços pra pegar minha sobrinha. Como se estivesse desesperado para se livrar dela Merle logo a passa para mim... Ela se acalma um pouco e fico balançando ela em meus bracos, ela gosta da minha voz, eu acho, já que sempre para de chorar quando falo com ela
- Shiii, Missy, está tudo bem. Está tudo bem - digo baixinho, ela me olha e para de chorar
- Viu?! Era por isso que achei que você era o pai... Você consegue se conectar com ela. Veja como ela está calma no seu colo - ela diz e sorri
- Vamos embora - Merle diz enquanto olha para mim e Missy
A senhora Richards pega a bolsa da bebê e nos segue. Saímos do hospital e eu vou colocar a bebê no seu assento
- Vamos ficar bem, Missy, vai dar tudo certo. Prometo, princesa. - eu digo para ela que está com a mãozinha na boca
Merle monta na moto, dá partida e sai sem dizer nada. Vai ser difícil.
- Vou deixar a senhora em casa - eu digo olhando para a senhora Richards
- Obrigada, meu filho - ela concorda
Deixo-a em casa e ela me diz que posso ligar a qualquer hora que ela me ajuda com a bebê. Eu agradeço pois sei que vou precisar. Vou para minha casa, pego a bebê e vou até a porta. Merle ainda não chegou, e no momento isso não me preocupa. Tenho Missy pra me preocupar e é ela que precisa mais... Abro a porta e digo para ela
- Olha, Missy, essa é sua nova casa. Vamos encarar essa aventura juntos - eu falo e ela resmunga. Acho que concordou comigo... Até ela sabe que não será fácil...
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A era dos Mortos | Daryl Dixon
RomanceJá pararam pra pensar que determinadas coisas de nossas vidas estavam destinadas a acontecer? Como se as linhas de nossas histórias já tivessem sido escritas. Não poderia ser diferente no meio de um apocalipse zumbi, pois o destino sempre dá um jei...