Capítulo 25 - Incêndio

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"Sei que é difícil atender todos os pedidos e eu sou mais um na multidão."

Pablo Slater

Passamos uma semana tranquila. Naquela sexta feira eu tinha ido para a empresa de César resolver as últimas coisas pendentes. Embora ele desconfiasse. Ainda não tinha plena certeza de que eu tinha aberto uma nova empresa.

Eu sabia que ele temia isso mais do que a Morte. Ele sabia que eu tinha todas as informações de lucros da empresa. E de como eles faziam aquilo crescer. Eu era experiente.

Se eu quisesse em uma semana estaria no topo e ele na lama. No chão. Onde ele deveria estar. Qual grande foi minha surpresa quando o próprio entrou em minha sala.

Eu estava em pé tirando cópia dos documentos que eu precisava quando ele entrou. Parei o que estava fazendo para olha- lo. Uma cópia minha mais velho. Tinha nojo de me parecer com ele.

__ Rudolf. - Disse entrando a dentro. - Vejo que está bem em seu lugar merecido. - Deu um riso cínico.

__ Por pouco tempo. - Devolvi o mesmo sorriso pra ele.

__ Olha Rudolf. Eu sei o que está fazendo. E se me tirar a coisa mais importante que tenho. Tiro a sua também.

Dei uma risada.

__ Vai me tirar o que ? Casa? Carro? A empresa não é importante pra mim.

__ Sei disso. - Deu um olhar frio que somente ele tinha.

Mudei minha expressão na mesma hora. Entendendo o que ele queria dizer.

__ Não ouse tocar nela. - Disse apontando um dedo para ele.- Ou eu acabo com sua raça.

__ Não brinque comigo Rudolf. Ou verá as consequências. - Virou as costas e saiu da sala.

Desgraçado. Acha que com ameaças ele vai me impedir. Me acuar. Vai vendo. Terminei de tirar as cópias e guardei dentro da minha pasta. Olhei no relógio e era exatamente 17:40. Suspirei. Resolvi ir na floricultura. Talvez eu falando com ela para tomar mais cuidado fico tranquilo. Suspirei outra vez e fui até a janela lateral da direita. Na minha sala.

Daqui dava para vê a floricultura perfeitamente. Afinal ficava perto.

Fiquei ali só olhando. Quando uma fumaça me chamou a atenção. Franzi a testa e fixei ainda mais a minha atenção. De repente subiu pelo telhado uma fumaça preta.

Me desesperei. A floricultura estava pegando fogo, será que ela ainda estava lá dentro?

- Droga ! - Gritei e saí correndo em disparada para a rua. Desci as escadas voando e finalmente saí na entrada do prédio. Quando estava lá fora corri em direção a floricultura.

Cheguei lá na frente e lascas de fogo já saiam lambendo a parede. Várias pessoas que trabalhavam ali perto já estavam pelo lado de fora, assistindo ao espetáculo de horror. Sem poder fazer nada. Olhei desesperado para dentro afim de vê ou tentar ver alguma coisa. Meu coração dizia que ela estava la dentro. Passei as mãos nos cabelos em forma de nervosismo. Céus se alguma coisa acontecesse com ela...

__ Já chamamos os bombeiros. - Uma pessoa falou para mim. Mais eu sabia que qualquer minuto era crucial. Ela poderia morrer. Peguei meu terno e o tirei, procurei algum canto em que podia achar água e entrei na loja vizinha.

Molhei o terno e corri para fora. Já na frente da Floricultura eu o coloquei sobre minha cabeça e fui em direção a porta de vidro que estava fechada. Ouvi muitas vozes algumas querendo saber o que eu iria fazer. Olhei para os lados e peguei um vaso que ficava do lado de fora. O Joguei contra a porta que se espatifou.

Com o terno molhado, me protegeria do calor e das labaredas. Mais teria que ser rápido. Não havia muito tempo. Nunca fui religioso, mais entrei naquele lugar fazendo uma oração silenciosa. Pelas chamas e a muita fumaça que tinha no local eu não enchergava muita coisa.

__ Margarida ! - Gritei e não escutei nada.

__ Marg. Sou eu ! - Gritei mais forte. Escutei um som abafado que vinha dos fundos e o meu coração se apertou.

__ Margarida!! - Escutei mais claro dessa vez e fui em direção aos fundos. Encontrei a porta do banheiro fechada. Gritei mais uma vez e me encostei na porta. Ela estava dentro do banheiro. Tomei um pouco de distância e joguei o meu ombro de encontro a porta. Uma. Duas. Na terceira ela abriu. Meu coração já saía pela boca. Encontrei Margarida deitada no chão do banheiro. Quase inconsciente. Não tínhamos muito tempo. A peguei no colo e saí as presas lá de dentro. Conseguimos sair antes que o restante do local se fizesse em cinzas.

Do lado de fora encontramos os bombeiros terminando de chegar em seu carro. Estendi Margarida ali mesmo no chão.

__ Marg. Fala comigo pelo amor de Deus. Não me deixa - A essa altura estava pouco me lixando. Comecei a chorar de desespero.

Um grupo de bombeiros foi com suas mangueiras apagar o fogo. Enquanto outra veio de encontro conosco.

__ Senhor. Se afaste por favor. Nos deixe fazer o trabalho. - Não ouvi continuei com ela. - Senhor. Qualquer segundo perdido é crucial. - Com relutância me afastei e ela recebeu os primeiros atendimentos ali no chão.

__ A moça é o que sua? - Perguntou um bombeiro que a atendia.

__ Minha namorada - Disse. E naquela hora lembrei do Nathan. Céus onde ele estava ?

Disquei seu número.

__ Cara. Corre para a floricultura - Disse com a voz embargada.

__ Pablo? O que aconteceu? Cadê a Marg?

__ Vem logo porra !

__ Tô indo. Cuida dela, seje lá o que aconteceu.

Desliguei e olhei para ela.

__ Volta pra mim Marg ... - Falei como um mantra. Baixinho.

[...]

MargaridaWhere stories live. Discover now