Capítulo 26 - Amor ?

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Margarida

Abri meus olhos lentamente, absorvendo a luz forte que emanava daquela sala. Senti um gosto amargo na boca. Minha garganta ardia e queimava. Olhei para os lados e fixei minha visão no Pablo que estava sentado na cadeira, com as mãos cruzadas apoiando o queixo e o olhar perdido. Fixado no chão.

Minha mente estava pesada. Lenta. Fechei meus olhos mais algumas vezes lembrando da cena de horror. As chamas querendo me queimar viva. Busquei ar com a boca e esse pequeno barulho atraiu os olhos do Pablo em mim.

Ele se levantou em um impulso e veio ao meu encontro.

__ Marg. Pelo amor de Deus ! Pensei que tinha perdido você... - Olhei para seus olhos vermelhos. Me sentia extremamente cansada. Levantei minha mão e acariciei seu rosto que estava muito perto de mim.

__ Você me salvou - Disse e era verdade. Eu me lembrava de seus braços em minha volta. Ele sorriu um sorriso nervoso e deu vários beijos castos na minha boca.

__ Céus Amor. Como eu fiquei preocupado.

Amor?

Levantou se recompondo.

__ Onde está o Nathan? - Perguntei.

__ Fazendo a sua fixa na recepção. - Disse olhando pra mim. - Marg. Tem noção do medo que eu senti ? E isso tudo me fez pensar que estamos nos relacionando a um mês e pouco e ainda não posso te chamar de minh..

__ Pablo. Por favor. Se quiser a gente conversa quando eu saí desse lugar. Me leva embora. Odeio hospitais - Disse a última frase sussurrando.

__ Claro. Vou chamar o médico.

Fiquei esperando os minutos se arrastarem até que o Nathan e seu jeito exagerado aparece pela porta. Seguido do médico e de Pablo. Suspirei querendo muito está em casa. Enrolada em algum cobertor de preferência com o Pablo e não nesse hospital.

__ Céus Marg. Você está bem? - Disse me apalpando em tudo quanto lugar.

__ Eu estou bem. Estou bem Nathan - Finalmente ele parou e me olhou suspirando alto.

__ Bem. Nada muito grave com a saúde dela. Embora inalou muita fumaça. - Disse o médico. - Creio que pela tarde,estará limpa e liberada. - Deu aquele sorriso acolhedor que para mim não tinha nada disso.

Eu só queria sair. Me esconder e esquecer aquele inferno. Tive medo de alguém não me encontrar. De não sair viva. De não vê-lo novamente.

__ Viu se a Verônica estava em casa ? - Perguntei me lembrando e agradecendo a Deus por tê-la mandado ir para casa mais cedo. Se não seríamos duas.

__ Liguei para ela assim que cheguei no local. Ela está preocupada com você- Nathan disse com um sorriso triste.- Por um momento pensei que também perderia você. - E eu sabia que ele estava falando sobre nossos pais. Pela primeira vez naquele momento um nó subiu na minha garganta.

Finalmente peguei alta. Fomos para o meu apartamento. Eu e o Nathan em um carro e o Pablo nos seguindo atrás com o seu carro.

__ Foi um pesadelo - Disse.

__ Eu sei. Agradeço ao Pablo por ter pegado você. Um pouco mais de fumaça e .... Você sabe.

__ Sonhei com Mamãe e Papai - Disse já não conseguindo segurar as lágrimas.

Nathan franziu a testa olhando rapidamente pra mim e depois para o trânsito.

__ Eles diziam para eu ser forte e ficar. Cuidar de você. Mais eu não queria escolher. Eu queria eles também. - Disse e Nathan permaneceu em silêncio. De todas as coisas da vida, falar dos nossos pais desmoronava ele.

__ Bem. Acho que Deus fez o que achava melhor. Trazer você. E sou imensamente grato a ele. Não suportaria perder você também - Disse me dando um beijo nos nós dos meus dedos.

Finalmente paramos em frente ao meu apartamento. Suspirei e quando fui abrir a porta o Pablo já estava lá. Para me apoiar e me levar. Fomos na frente e o Nathan foi atrás.

Depois que tomei um banho e me troquei me juntei com meu irmão e com o Pablo no sofá da sala, cada um com uma garrafa de cerveja na mão. Sabia que agora era a hora de esclarecer os fatos. Me sentei no meio deles. O Pablo se aconchegou como se tivesse medo que eu evaporasse na frente dele.

__ Tenho uma coisa pra falar - Disse o que tinha me acontecido na tarde do mesmo dia em que foi o nosso encontro. Quase me mataram. Com várias perguntas. O que ficou mais puto foi o Pablo.

__ Eu já disse, Foi um acidente. Um fato não liga a outro.

O Pablo também contou sobre o pai dele. Embora ele tenha dito que talvez não tivesse tempo de ele chegar ou mandar alguém lá. Não descartamos as hipóteses. Já era meia noite e pouco quando o Nathan disse que ia embora. Pedi para ele ficar mais ele deu uma desculpa, embora eu saiba que é por causa do Pablo. Por querer nos dá privacidade.

Será que era a Gabriele ou o César? Os Fatos se ligavam? Ou um tinha feito uma coisa e outro, outra ?

Minha mente girava e girava. O que o Pablo queria me dizer e eu o interrompi? E o que foi aquilo de Amor ? Ele nunca me chamou assim e eu adorei.

Fomos para o meu quarto logo depois e eu me perdi nos pensamentos enquanto ele estava no banho. Fiz uma oração em agradecimento por está viva. E que as coisas se consertem a partir de agora.

[...]

MargaridaWhere stories live. Discover now