SPIN-OFF de MFDTA
Eram de mundos diferentes, tinham dores diferentes, tinham vidas diferentes, eram completamente diferentes um do outro.
Talvez a única coisa que tinham em comum, era o desejo nítido nos dois.
A doçura que ela esbanjava o confundia...
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Eu não pensava que era tão covarde como fui hoje e nem tão imprudente.
Eu simplesmente corri quando eu a vi, eu nem sabia que a odiava tanto até vê-la agora, depois de anos, talvez a distância tenha me dado uma falsa impressão de que estava tudo bem.
Mas não está.
Enquanto eu corria para longe de casa, eu lembrava de várias coisas que bloqueei em minha mente.
Lembrei das vezes que eu me escondia debaixo da cama, com medo das festas que ela dava em casa. Chegou ao ponto de transarem na minha cama, enquanto eu estava escondida ouvindo tudo.
Lembrei das vezes que ela estava bêbada, me culpando pelo meu pai a odiar. Lembro também das vezes que a vizinha me dava comida porque minha mãe simplesmente tinha sumido.
Agora eu sei que nada está bem, eu não estava preparada para vê-la.
Peguei o carro e acelerei, talvez eu tenha quase batido no portão por não esperar ele abrir por completo.
E vou para o único lugar que me fazia sentir bem nos meus piores dias, antes eu sempre ia com o Adam.
Ele me entendia como ninguém.
Seco as lágrimas, tentando enxergar a pista na minha frente enquanto dirijo.
Respiro fundo, sentindo tudo que tentei não sentir de uma única vez.
Nós íamos e ficávamos sentados vendo as pessoas jogarem, não falávamos nada, um sentia a dor do outro.
Mas agora eu estou indo sozinha, buscando de alguma maneira eliminar minha dor. Estaciono de qualquer jeito, tentando me recuperar totalmente antes de entrar.
—Tem que pegar o número. -Paro de andar quando um cara balança algo como um chaveiro na mão. —Para pegar uma...
—Não precisa. -O corto. —Não vou jogar.
Ele faz uma careta, mas assente logo depois. Solto um suspiro aliviada enquanto procuro um lugar bom.
Sento-me em um banco vazio enquanto observava uma família se divertir, o cara que eu acho ser o pai, bate palmas alegremente quando a filha derruba apenas um pino.
Sorrio, meu pai e eu fomos no parque apenas uma vez. Essa é a única lembrança que eu lembro que fizemos coisas realmente boas.
Éramos só nós.
Desvio o olhar para um casal, mas quase que eu caio do banco quando percebo o olhar sobre mim.
Puta merda.
Dou um sorriso nervoso, sem saber o que fazer. Jade faz uma careta antes de começar a andar até mim e piorando tudo, Noah que estava ao seu lado, a segue.
Sem ter como fugir, sorrio esperando que não tenha mais resquícios de lágrimas em mim. Noah acena de maneira amigável e a Jade parece a mesma de sempre, não demonstra absolutamente nada.
