Capítulo 25

9.5K 977 141
                                    

Sorrio para pessoas desconhecidas, me sentindo totalmente deslocada

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

Sorrio para pessoas desconhecidas, me sentindo totalmente deslocada. Isso costumava ser mais fácil antes.

Fingir sorrisos até poucas semanas atrás, era o meu forte, mas agora eu mal consigo fazer isso.

Passo as mãos pelo comprimento do vestido típico para eventos assim. Meu pai me ligou quase em cima da hora para uma festa de um sócio novo, também me disse que era muito importante que eu fosse.

E cá estou eu.

Lembro exatamente o que eu estava fazendo segundos antes dele ligar:

— Tem mais de 100. -Philipe diz passando os dedos ages pela extensão das minhas costas. — Talvez mais de 200, não dá pra contar, eu precisaria de uma caneta para marcar cada uma.

Eu arqueei as costas, sentindo arrepios por onde ele passava os dedos, com tentativas falhas de contar minhas pintas avermelhadas.

Eu estava nua e não estava dando a mínima para isso, eu não estava me sentindo envergonhada. Ele se sai perfeitamente bem em ser meu escape da vida real.

A "minha vida real" é sem graça, é apenas isso, não sei ao certo se tem alguma coisa real na minha vida.

Observo meu pai de longe conversando com o tal sócio. Aquele ali que eu vejo sorrindo, enquanto finge beber alguma dessas bebidas chiques que servem por aqui, não é o meu pai de verdade.

Ele prefere cerveja barata. Ele não suporta esses ternos chiques. Quando meu pai tem tempo de ficar em casa, ele adora andar de calções largos e camisas de desenhos animados.

Eu tenho orgulho dele, de onde ele chegou sozinho. Papai nunca teve uma família acolhedora, ainda mais quando ele quis largar todos os privilégios que tinha antes da minha mãe. Ele nasceu em um berço de ouro, tinha de tudo, mas não hesitou em largar tudo por quem achou ser a mulher da vida dele.

Mas então, essa mulher quebrou o pobre coração puro dele, ele deu mais chances e foi quebrado ainda mais.

Então ele tinha um casamento arruinado, uma filha para criar e um pequeno escritório, que o fazia lucrar para o básico.

Então ele foi embora, arrumava tempo de estudar, trabalhar e ver a filha aos fins de semana. Então ele foi crescendo cada vez mais e sozinho, ele nem sequer usou o sobrenome da família para o ajudar.

Por mais que eu sinta saudades dos tempos que meu pai tinha tempo de ser ele mesmo, eu reconheço tudo que ele fez sozinho.

E agora é só eu e ele. Meus parentes por parte de mãe, infelizmente morreram antes que eu nascesse.

Ela era filha única.

Já os por parte de pai, fingem que não existimos. Mas não fazem a menor falta.

Suspiro sem ânimo algum quanto uma música chata de elevador começa a tocar. Meu pai se aproxima quando o sócio sai para falar com outras pessoas.

— Eu to faminto. -Ele bufa ao parar ao meu lado. — Comeu hoje? Quando eu fui em casa, não encontrei você.

— Comi sim. -Falo a verdade, salgadinhos de bacon enchem muito. — Eu estava na casa de uma colega para um trabalho da faculdade.  - digo, sentindo o gosto armado da mentira.

— Ah, claro. -Ele sorri sem ânimo, levando o copo de bebida, que supus ser uísque até a boca.— E está tudo bem na faculdade?

— Sim, estou me saindo bem nesse primeiro semestre. -Dou de ombros, me sentindo um pouco cansada. — Vai demorar para irmos embora?

Papai bebe o restante da bebida de uma única vez, antes de me analisar por alguns segundo em silêncio.

— Vou apenas me despedir de algumas pessoas. -Ele diz se afastando, suspiro aliviada.

Tudo que mais quero é ir embora daqui.

Tudo que mais quero é ir embora daqui

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

— Filha...-Meu pai chama minha atenção quando eu já estava quase na metade dos degraus. — Eu te amo e dorme bem.

Franzo as sobrancelhas, confusa de o porquê desse comportamento nada normal para nós.

— Também te amo, pai. -Sorrio, recebendo um suspiro cansado em troca.

Dou de ombros antes de voltar a subir para o meu quarto. Sem nenhuma disposição para trocar de roupa ou tomar banho, apenas me jogo na cama, caindo no sono logo depois, sonhando com aqueles olhos azuis tão penetrantes.



Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.
Tudo de mimOnde as histórias ganham vida. Descobre agora