Capítulo 17

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 A ruivinha estava inquieta ao meu lado

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A ruivinha estava inquieta ao meu lado. Parece que toda autoconfiança de antes tinha metido o pé.

—Então...tem vários banheiros, tem o daquela boate, o da sua amiga, tem até o meu, você decide.

Brinco tentando a deixar menos desconfortável, estamos sentados em cima do carro dela, observando cada veículo que passava pela estrada enquanto David estava lá dentro tentando explicar o que é fetiche para o meu irmão.

—Eu estou apavorada, talvez eu tenha sido impudente em ter vindo propor algo que obviamente não vai dar certo, não é?

Ela me olha como se tudo dependesse da minha resposta, enquanto apertava a própria mão.

—Com certeza, provavelmente não vai dar certo.

Afirmo sem ao menos saber do que estávamos falando, só sei que tem alguma coisa haver com o que aconteceu no banheiro.

—É, nunca vai dar certo. -Sam afirma enquanto balançava a cabeça negativamente. —Mas mesmo assim eu quero, isso é tão estupido. -Ela passa as mãos no rosto antes de focar os olhos em mim. —Então se você quiser, mesmo sabendo que não vai dar certo, eu quero também.

—Tá, eu quero. -Respondo-a. —Mas do que estamos falando?

—De repetirmos o que fizemos no banheiro, mas ninguém pode saber...eu ainda não me rebelei a esse ponto. -Ela sorri como se estivesse aliviada agora que conseguiu contar tudo.

Mas eu estava terrivelmente perdido. Forço um sorriso tentando esconder o quanto decepcionado fiquei.

Acho interessante que ninguém saiba, é até excitante, mas o jeito que ela falou é como se fosse vergonhoso alguém saber disso.

—Desculpa, eu não quis dizer o que você acha que eu disse. -Ela toca meu ombro, como se pra Sam isso fosse me confortar.

Bom, acho que sou pior do que achei que era no quesito: não demonstrar o que eu sinto.

—Eu só não quero ser como a minha mãe e decepcionar meu pai. -Sam completa com um suspiro antes de olhar para o carros que passavam em alta velocidade. —Mas agora eu só quero fazer algo por mim mesma.

—Acho que o gostosão aqui deixou a chica sem o menor juízo. -murmuro, fazendo-a rir.

—Não seja tão convencido, acho que não tive muitos para terem essa chance, se é que você me entende.

Saber disso não me fez menos com convencido.

—Não sorri dessa maneira. -Ela pede.

—Eu definitivamente fiz você perder o juízo. -Me levanto, ficando de frente pra ela. —Mas que dessa vez não seja em um banheiro, não tive muito espaço.

Sam abaixa o rosto envergonhada e eu sorrio mais ainda.

—Eu preciso ir. -A ruivinha me empurra para trás. —Eu também prefiro camas pra esse tipo de coisa.

Tombo a cabeça pra trás, quase agradecendo aos céus por não ter que ficar na imaginação, porque claramente quem perdeu a porra do juízo foi eu.

Suspiro enquanto a vejo entrar no carro e me dá um último sorriso antes de ir embora.

Volto pra dentro da oficina e percebo que vou ter que lidar com o David, que sorria de lado enquanto me encarava entrar.

—Banheiros, né?

—Cala boca, David. -Me jogo no sofazinho sem a menor vontade de trabalhar.

—David me disse que você tem fetiche por banheiros. -Meu irmão coloca a cabeça pra fora de um dos carros que estavam pra concertar. -Meu irmão é doente.

Ed completa antes de desaparecer por completo dentro carro.

—Eu acho que vou te demitir. -Finjo uma falsa seriedade para David que tinha um sorriso zombeteiro enquanto fingia analisar um pneu.

 -Finjo uma falsa seriedade para David que tinha um sorriso zombeteiro enquanto fingia analisar um pneu

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— Dez vezes trinta?

—300. —Respondo ao Ed enquanto organizo toda papelada relacionada a oficina, contas, salário e peças.

—Philipe. -Ed chama minha atenção. —Eu quero um emprego.

—E pra que uma criança quer um emprego? -Ironizo, voltando pra papelada.

—Obviamente pra ter dinheiro. -Ele bufa com raiva. —E quanto é quinhentos divido por dois?

—Duzentos e cinquenta. -Respondo-o enquanto guardo os papéis. —E pra que você quer dinheiro?

—Não interessa. -Diz ríspido.

O olho com as sobrancelhas erguidas, surpreso por ele está tão na defensiva.

—Se você me contar, eu te dou um emprego. -propus, me apoiando sobre a mesa. —E então?

—Não é justo. -Ele bufa alto. —Você não tem que saber de tudo.

—Enquanto você tiver menos de dezoito e eu ser seu único responsável, vai ter que me contar tudo.

—Quando o papai voltar, você não vai ser o único. -Exclama jogando o lápis em cima da mesa.

Encaro-o sem reação, um tanto surpreso e magoado.

—Não dorme tarde. -Murmuro antes de me levantar e ir para o meu quarto.

Me sento na cama e encaro a parede, acho que chegou a fase mais difícil.

Coloco o rosto entre as mãos e me lembro das palavras de uma assistente social:

"Pense bem, vai ser uma criança cuidando da outra, como você pode dizer que consegue cuidar dele? E a educação? Às necessidades que ele vai ter? E quando as fases perturbadas chegar? Você vai ter maturidade?"

Tombo pra trás, minha mãe nunca me perdoaria caso eu o deixasse, mas as vezes me pergunto se ele não estaria mais feliz.

Porque eu sinto que tudo que faço, vai continuar sendo sempre errado. Mesmo eu dando literalmente a minha vida para fazer isso dar certo e ao mesmo tempo, tentando amenizar o estrago que meu pai fez na mente dele.
Ed era só uma criança, levou a culpa de algo que é tão doloroso pra mim quanto pra ele e ainda por cima foi abandonado quando mais precisava de um pai.

Ed era só uma criança, levou a culpa de algo que é tão doloroso pra mim quanto pra ele e ainda por cima foi abandonado quando mais precisava de um pai

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