Dezessete

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Capítulo 17, por Ethan Watson
Plano Frustrado

Enviar toda a papelada que o meu pai pediu em um momento super inoportuno demorou bem mais que eu poderia imaginar.

O trabalho que eu pensei em resolver com 10 minutos, se agravou para 1 hora inteira, graças a maldita tecnologia não avançada da empresa dos interessados pela associação.

Quando deixo o cômodo mais triste do meu apartamento, vou em direção à sala principal encontrar com Marjorie e terminar alguns assuntos pendentes. Então, percebo que até mesmo inconsciente, essa mulher era terrivelmente boa em frustrar os meus planos.

Ela ainda me esperava no sofá, só que desta vez, desacordada. Não a culpo por estar dormindo já que está tão tarde, por isso achei melhor não acordá-la.

Amanhã precisaríamos estar na empresa pela manhã, e creio que não faz parte da rotina da Srtª Perfeita Hayes chegar atrasada.

Com um pouco de esforço físico, consigo carregar o seu corpo até o meu quarto e a coloco na minha cama. Ainda consigo trocar o seu vestido por uma das minhas camisas, o que foi quase uma missão impossível por conta do seu estado de coma.

Desligo as luzes e me deito junto à ela, ainda inconformado por essa sonolência repentina. Cubro o seu corpo com um dos meus edredons e sinto suas pernas se enroscarem nas minhas.

Bom, pelo menos desta vez ela não conseguiria sair sem me avisar, como fez da última vez que a trouxe para o meu apartamento.

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Acordo milagrosamente antes do despertador tocar, e poderia dizer que essa era a coisa mais estranha daquela manhã se não estivesse encarando o traseiro da secretária do meu pai adormecida ao meu lado.

A prioridade que estou dando à essa mulher ainda vai ser a minha perdição, não tenho dúvidas disso.

Com um pouco de dificuldade, consigo me desvencilhar dos lençóis e sair do quarto sem acordá-la.

— A noite foi boa, hum? — a voz de Marlí, uma das empregadas, perguntou observando o meu cuidado ao fechar a porta sem bater.

Sorri pra ela.

Marlí trabalha com a nossa família desde eu nasci, e quando me mudei, a minha mãe praticamente implorou para que ela viesse cuidar de mim aqui. Não hesitei, mas por querer um pouco mais de privacidade, decidi que ela não precisaria morar aqui, como costumava escolher na casa dos meus pais.

— Estou tão destruído assim?

Ela balança a cabeça negativamente, também sorrindo.

— O que você e a moça vão querer para o café da manhã? — caminhou em direção à cozinha. — Ao menos uma vez você vai conseguir comer sem estar todo apressado. Quem diz que mulher não arruma homem, certamente não conhece a família Watson.

— Ninguém nunca disse que você fala demais, Marlí? — pergunto retoricamente e só depois que entro no banheiro para fazer minhas higienes matinais percebo que nem ao menos cheguei a responder o que gostaria de comer.

Ao sair do banheiro, entro no closet para me trocar e logo em seguida, escuto a campainha tocar.

— Olá, maninho. — a voz de Kimberly soa na sala principal, antes mesmo que eu chegasse na porta para abrir.

— O que você está fazendo aqui?

Seus olhos observam todo o apartamento, como quem não quer nada.

— Vim deixar o convite para a festa surpresa do nosso pai, ou você esqueceu que sexta é o seu aniversário? — perguntou me julgando internamente.

Sim.

Claro que não, só achei que não iríamos comemorar. — minto.

— É só um pequeno jantar com alguns amigos mais próximos. — sentou no sofá e chuto os saltos de Marjorie sem que ela perceba.

O que não adiantou muito, já que ela viu sua bolsa.

— Nada que você organiza é pequeno, Kim.

Ela deixa uma risadinha cheia de cinismo escapar.

— Ethan por você não me acord... hum, bom dia? — Marjorie aparece de relance na sala e fica mortoficada ao perceber que não estávamos sozinhos.

— Bom dia. — minha irmã responde, observando a ateniense a sua frente dos pés à cabeça.

Cocei a garganta.

— Marjorie essa é minha irmã, Kimberly. E Kimberly, essa é Marjorie... — sou interrompido.

— A secretária do papai? — finaliza.

A expressão de Marjorie é de surpresa, contudo, não é estranho que Kim já a conheça. O senhor Watson gosta de deixar os filhos por dentro das mudanças da empresa, mesmo que eles não estejam nem aí — como é o caso dessa pirralha.

— Uma amiga. — Marjorie corrige e Kim gargalhou.

Ela mexe em algumas coisas na sua bolsa e retira outro envelope e uma caneta. Rabisca alguma coisa e caminha em direção à Marjorie para entregá-la.

— Aniversário do senhor Watson, espero que você vá.

Marjorie analisa o envelope e um sorriso forçado é a única coisa que ela consegue fazer.

— Claro, claro.

A minha irmã volta para o hall, indo embora do meu apartamento e vou atrás dela.

— Você poderia, sei lá, não comentar com ninguém que encontrou a Marjorie aqui? — pergunto totalmente sem jeito.

— Estão namorando escondido? — seus olhos brilharam. — Oh, meu Deus, isso é fantástico.

Antes que eu pudesse negar, Marjorie faz isso prontamente.

— Não, não estamos.

Kimberly dá uma piscadela para mim e fecha a porta.

Bom dia, então?

Procura-se uma Secretária [concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora