Vinte e três

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Capítulo 23, por Marjorie Hayes
Preparativos

A semana passou rápido, e um dos piores momentos foi ter que contar a minha visitante indesejada, vulgo mamãe, que teria que fazer uma viagem à negócios.
Ela ainda cisma em dizer que não estou apta ao trabalho, que eu poderia conseguir algo em uma área bem melhor.

Mas, ainda foi mais aceitável que a reação dos meus colegas de apartamento. Não posso negar que também fiquei com receio de deixá-los sozinhos, pois, apesar de ser apenas dois dias, ainda há um grande risco de derrubaram o prédio.

Acabo de mandar mensagem para Alla, a convidando para ir ao shopping depois que terminar o trabalho. Há anos não vou para Itália e creio que as minhas roupas não estão no clothing italiano, certamente.

— Srta. Hayes, pode fazer nossas reservas no hotel? — a voz do meu chefe corta os meus devaneios.

Ele estava na sala com Ethan conversando sobre a conferência que iríamos.

— Oh, sim, claro. — pego o iPad e continuo, — 3 reservas, certo?

— 4. — Ethan responde pelo seu pai, que agora estava com uma grande interrogação desenhada em sua testa. — Prometi a Becky que a levaria, a nomeei como minha secretária particular durante a viagem.

O seu pai tentou segurar o riso.

— Não estamos indo para nos divertir, Ethan.

Ethan revirou os olhos, estava irritado e isso era quase palpável, mas não desistiu de persuadir seu pai em nenhum minuto. O resto do tempo que passou na sala deixava claro o seu interesse de levá-la — o que me intrigou de início —, e só se retirou da sala quando fechamos nas 4 reservas. A minha, de Elliot, Katherine, Ethan e, agora, Becky.

Acompanhei o meu chefe em mais uma reunião com sócios de uma nova marca que gostariam de ter mais visibilidade, o que levou cerca de 3 horas inteiras de um bate-papo cheio de gráficos e suposições que nem de longe agradaram o Sr. Watson.

Nesse meio período, Alla já havia me mandado uma dúzia de mensagens afirmando já estar me esperando na recepção para irmos ao shopping. Evitei usar o meu celular durante a reunião, então só consegui responder seus "gritos" expressos em capslock depois de deixar o terceiro andar.

Contenho um grito de susto na minha garganta quando me sinto ser empurrada contra parede.

— Você quer me matar do coração? — digo afastando suas mãos da minha cintura.

Ethan sorriu.

— Srtª Hayes, você é muito assustada. Já está indo embora?

— Alla está me esperando lá embaixo, vamos ao shopping. — explico, caminhando até o elevador.

Em passos largos sou seguida por o meu colega de trabalho.

— Tinha planos melhores para nós, mas tudo bem. Acho que sobrevivo uma noite sem você. — beijou o meu ombro exposto.

Então foi a minha vez de rir.

Me odiava ser tão imparcialmente boba com Ethan, principalmente por conta das suas mudanças repentinas de humor. A versão que falava agora comigo era muito diferente da que conversava com seu pai horas atrás.

— Nos vemos no aeroporto, então. — viro-me para ver as portas metálicas se fechando e  Ethan refutado acenando positivamente.

Alla me esperava sentada em um dos grandes sofás da recepção, sendo julgada pelo olharinfame da recepcionista incoveniente.
Um táxi nos esperava no lado de fora, e logo estávamos caminhando por um shopping lotado de pessoas apressadas e capitalistas.

Ela me falava sobre a sua vida e seus relacionamentos problemáticos a cada loja que entravámos, me sentia extremamente mal por não dizer um terço da minha vida pessoal à ela, mas no fim penso que ela não faz a mínima questão de saber, já que aparentemente sou uma boa psicóloga — e também não vivo tantas aventuras como uma universitária.

Poderia contar sobre Ethan, contudo, ainda era um mistério pra mim mesma o que estava rolando entre nós. Não havíamos nomeado, nem nada do tipo. Não queria me encher de expectativas e no final quebrar o meu coração por perceber que ele também não era o príncipe encantado que eu esperava. Bom, ao menos ele não demonstra ser o que não é, como a maldição de Hector que me persegue fizera por tanto tempo.

E enquanto penso nessa situação como uma adolescente virgem, Ethan pode estar por aí se divertindo com outras. O que não seria um problema pra mim já que não temos nada e...

— Terra chamando Major, terra chamando... — outra vez sou pega viajando no mundo lua, mas desta vez não foi por um homem de terno.

— O que disse? — pergunto, ainda encarando a vitrine.

— Perguntei se você não vai levar o casaco. Ele é lindo.

Observo novamente a peça à minha frente, era elegante e de uma cor mais quente.
Balanço a cabeça positivamente e entramos na última loja, onde minutos mais tarde tive que implorar a Alla para irmos embora de uma vez.

Procura-se uma Secretária [concluída]Où les histoires vivent. Découvrez maintenant