Quarenta e três

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Capítulo 43, por Marjorie Hayes
O famoso Top 3

A parte mais difícil da nossa reconciliação foi, de fato, o depois: contar a verdade para os nossos pais.

Agora estava no território deles, a mansão Watson parecia pequena demais para toda àquela confusão e a única coisa que eu gostaria de fazer era sair correndo dali o mais rápido possível.

Ethan parecia terrivelmente confortável com a situação e isso me irritava ainda mais.

— Como diabos meu filho vai ser pai e eu sou a última pessoa a saber?! — Katherine grita na sala, se abanando. Eu nunca a tinha visto tão perplexa. — Sabia que tínhamos um pequeno problema de comunicação, mas não ao ponto de você ter uma vida secreta. Estava esperando, o quê? A criança nascer para vir nos conhecer?

Bateu no ombro de Ethan, ele não saiu do lugar, mas pela sua cara, o tapa havia doído.

— Mamãe, foi uma surpresa para nós também. — ele se explicou, me olhando de soslaio.

— Seu ingrato. Eu nem sabia que meu filho mantinha relacionamentos fixos. — resmungou, tentando lembrar de algo. — A última vez que isso aconteceu você tinha 17 anos, céus. Vocês já moram juntos!

Não sabia mais o que dizer, desde que contei a história, não consegui sequer abrir a boca novamente. Esperava que fosse um choque habitual por descobrir que seriam avós, repentinamente. Porém, foi mais difícil que o normal fazer com que eles acreditassem.
Kimberly nos ajudou a dar veracidade a história já que muitas vezes nos encontrou pela empresa de maneira pouco profissional.

— Não foi culpa de Ethan, eu não quis que ele contasse do nosso namoro a ninguém. — falei, quase em um fio de voz.

— Eu entendo a parte de quererem privacidade, entretanto, gostaria de ser uma avó presente e, meu Deus, nunca pensei que isso fosse acontecer antes dos 50... — parou o que estava falando para encarar o meu chefe de 1,90 cair no sofá.

Meus olhos ficam arregalados e encaro Ethan com pavor. O Sr. Watson estava tendo um ataque cardíaco?

— Não se preocupe, ele está bem. — comentou sem preocupação, ajudando seu pai a sentar ao meu lado.

— Elliot sempre reagiu mal à bebês, quase morreu quando soube que a Kim iria nascer. Eu adoro aquele vídeo. — Katherine comentou, com um sorriso nos lábios.

Observo as mãos trêmulas do meu chefe afrouxarem o nó da sua gravata, enquanto ela volta a dar o seu sermão em Ethan.

— Eu estou feliz que estejam juntos, mas vocês precisam preparar muitas coisas para essa criança. Seu apartamento não é um lar seguro para Elliot Jr. — o meu chefe comenta e eu quis gargalhar. What the fuck? — Vocês precisam de um lugar grande e como não vai mais para Londres, aqui ainda há muito espaço então...

Ethan interrompe o seu pai, automaticamente. Com uma renegociação, ele conseguiu uma forma de levar todo o seu trabalho da Inglaterra de volta à Long Beach, para ser o pai presente que me prometeu tentar ser. Não foi difícil, já que a empresa deles saíria perdendo bem mais que a nossa.

— Nem pensar, não vamos morar aqui. Vou chamar uma equipe de arquitetos para arrumar esse problema, se for necessário. Nossa cobertura é ótima.

Seu pai revirou os olhos, descontente.

— Tudo bem, ao menos não reclamaram do nome.

— Tentei fingir não ter escutado para não ferir seus sentimentos, aposto que Marjorie fez o mesmo. — retrucou, com diversão, apesar de estar falando muito sério.

Não evitei sorrir.
A pior parte já havíamos passado. Os pais de Ethan eram o maior desafio, já que soltei a bomba para os meus por telefonema.

O meu pai foi o único que não gostou nem um pouquinho sequer da notícia, já que estava irritado comigo desde o meu término com Hector — que para ele, era o meu pretendente ideal e Ethan seria só mais um americano engravatado que não usou proteção e engravidou sua filha. Por outro lado, a minha mãe ficou eufórica com a ideia de ser avó também. Ela aceitou tão bem que cismou em passar alguns dias conosco quando já estivesse perto do parto.

E os meses seguintes passaram correndo, como se os dias fossem resumidos à horas. O quarto estava totalmente decorado, Ethan conhece muita gente importante no meio da arquitetura e isso resultou em um cômodo perfeito para o nosso filho.

Estava examinando o lugar outra vez como uma mamãe babona quando senti as primeiras contrações.

Ele já havia nos dado vários alarmes falsos, chutando e me maltratando sempre que queria — com tanta habilidade que certamente vai ser um jogador de futebol.

Outra vez, agora mais dolorosa.

Levanto e vou em direção ao seu escritório, já sabíamos que estava perto do parto, por isso ele optou por passar mais tempo na cobertura, quase transformando nossa casa em uma empresa.

— Ethan, querido, acho que está na hora. Quer ligar para a minha mãe? — falo abrindo a porta.

Ele estava concentrado em uma conversa, pela tela do computador vejo dois executivos sérios e robustos.

— Está falando sério? — tirou o microfone do fone e me encarou, duvidoso. Balanço a cabeça positivamente vezes seguidas, quase me contorcendo ao receber outra contração.

— Adoraria estar brincando, amor.

Escuto um sussurro vindo dele, e me surpreendo ao entender algo em grego. Ele xingou, quase sinto uma pontinha de orgulho.

— Senhores, vou encerrar essa chamada. Estou prestes a ser pai e preciso ligar para minha sogra antes de desmaiar, porque tenho certeza que vou fazer isso em alguns instantes. — falou rapidamente e desligou, passando por mim em um raio.

Em questão de segundos, o encontro na sala com as duas malas que deixamos prontas para o grande dia e o celular do outro lado, tentando incansavelmente falar com a minha mãe.

— Jane não quer atender, precisamos ir sem ela. — se aproximou, puxando uma poltrona e me oferecendo para sentar. — Está doendo muito?

Ele não esperou para ouvir a minha resposta, e logo caminhou em passos largos para a porta, gritando e implorando pra Tommy ligar o carro. Jogou as malas para o segurança como se fossem uma mercadoria qualquer.

— Ethan, se acalme. Não é como se eu fosse ter o bebê no carro, está tudo bem, estamos preparados. — falo mesmo sabendo que não adiantaria nada.

— Meu filho está querendo nascer e nós ainda temos 10 nomes na lista para escolher o dele. Estamos atrasados, não preparados.

Gargalhei.

— Temos um Top 3, quando o vermos, vamos saber com qual deles ele se parece mais. — o beijo, arrumando seu cabelo bagunçado.

Suas mãos passam rapidamente pelas minhas costas e me sinto sair do chão, como se não passasse de uma luva.

— Eu consigo andar, Ethan. — reclamo quando percebo suas intenções de me carregar por aí.

— Não quero correr riscos.

Ele me ignorou e logo estava no carro, indo em direção ao hospital.

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Procura-se uma Secretária [concluída]Where stories live. Discover now