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Capítulo 21, por Ethan Watson
Amnésia 

Tommy Wilfiger era um cara que gostava de trabalhar e isso não era novidade pra ninguém. Contudo, só tive total certeza disso quando ele me enviou informações do que estava acontecendo no apartamento de Marjorie, mesmo depois de dispensá-lo.

Talvez seja muito psicopata da minha parte colocar a sua vida em vigilância sem termos absolutamente nada, chegando a ser até meio doentio, mas consegui explicar tudo isso apenas com uma frase mentirosa: zelamos pela proteção  dos nossos funcionários.

Não era totalmente mentira, a empresa se importa com o bem-estar dos seus empregados, mas devo admitir que nenhum outro tem um segurança particular na porta do seu apartamento.

E graças à isso, consegui descobrir o péssimo histórico de relacionamentos de Hector. Ele era um ateniense bem-sucedido e de família influente, devo acrescentar. Porém, sua relação com o sexo feminino era surpreendentemente ruim. Seus relacionamentos passados eram marcados por términos mal resolvidos e queixas em delegacias locais, envolvendo agressão e medidas protetivas.

Marjorie foi uma das mulheres que sofreram, seja lá o que, com ele. Mas diferente das outras, seu relacionamento com ele durou bem mais que cinco a seis meses e ela não fez nenhuma denúncia, apesar de invasão a domicilio ser crime até onde eu sei.

Ele tinha tendências psicopatas, isso era claro, e apesar de sentir uma raiva sobrenatural ao saber que Marjorie acobertava esse homem, fiquei mais tranquilizado por ela estar justamente no meu apartamento quando a sua mãe e Hector entraram na sua casa.

Estou ignorando sua existência desde a discussão que tivemos na sala do meu pai e, sinceramente, não sei quando foi a última vez que uma mulher me fez sentir tão imponente.

Pensei que toda essa angústia desnecessária fosse falta de algo que, em suma, desde que Marjorie entrou na minha vida, não estava tendo. Diversão. Sexo. Álcool.

Precisava disso e vi a oportunidade perfeita no convite que Rebecca me fez. Fui chamado para ir à uma pub que abrira poucos dias atrás no norte de Long Beach. Era um bairro conhecido, apesar de ser em uma das zonas mais carentes da cidade.

Bebi tanto que ao menos lembro o motivo de estar tão estressado e enfurecido com o cara que não para de dar em cima da minha amiga, mesmo depois das suas negações e insinuações beeem explícitas de que ela também gostava de mulheres. E, só percebi o quão alcoolizado estava, quando senti meus dedos sujos de sangue alheio.

Rebecca fez questão de ligar para Brian e ele prontamente veio me buscar.

— Ele sabe disso? — pergunto limpando o sangue com um lenço que o motorista me deu.

— Seu pai? — balanço a cabeça em sinal positivo. — Ele que atendeu a ligação.

Suspirei.
Não há nada que Elliot mais odeie que brigas e violência.

— Está muito bravo?

— Você nem imagina o quanto, garotão. — sorriu.

Estava ferrado, sem dúvidas.

Vejo que Brian está me levando justamente em direção ao perigo e peço que me deixe no lugar mais improvável.
Não sei ao certo como decidi ir para a casa de Marjorie, mas na hora me pareceu uma ótima idéia. E foi, apesar de tudo.

Passamos a noite juntos da melhor forma possível, e só acordo quando sinto uma movimentação estranha na cama.

Hayes estava apenas com um babydoll fino e quase transparente. Seus olhos escuros me fitavam de uma forma engraçada, enquanto ela me balançava na cama.

Esfrego os olhos e encaro o relógio que estava na parede à frente, marcando 5h00.

— Você precisa ir embora, Ethan. — ela diz, levantando para procurar minhas roupas.

— Bom dia pra você também. — volto a me cobrir com o seu edredom e ela o puxa de mim.

— Estou falando sério, seja bonzinho e vá embora antes que te vejam.

Reviro os olhos. Que péssimo hábito de acordar de madrugada esta mulher tem!

— Posso usar o banheiro antes? — digo ironicamente, já indo em direção à saída.

— Você tem 15 minutos para sumir daqui.

Para o azar da minha parceira de trabalho, um dos meus maiores inimigos era o relógio. Estava sempre atrasado e, somente a nossa despedida levou o dobro deste tempo.

Ainda consegui passar em casa para trocar de roupa antes de ir trabalhar.

A empres ainda estava praticamente vazia e, seu pai ficaria orgulhoso de vê-lo por ali tão cedo, se não tivesse se envolvido em uma briga como um bêbado qualquer em uma boate.

— Caiu da cama? — a voz da minha amiga é escutada, assim que passo pela recepção.

— Fui derrubado.

Rebecca sorriu.
Admiro quem consegue ser alegre antes das 11h da manhã.

— A delicadeza de Marjorie me encanta. Voltaram a se falar, então? — ela pergunta, como quem não quer nada.

— Como você... Yoongi, o que você sabe sobre isso?

Me aproximo do seu balcão, querendo diminuir o volume daquela conversa.

— Esqueceu que sou a sua melhor amiga? — perguntou retoricamente. — Eu já havia percebido que estava rolando algo entre vocês, mas só tive certeza quando tomei seu celular porque você queria ligar bêbado pra ela. Imaginei que fosse para o apartamento dela.

Rebecca mexe em algumas gavetas e devolve o meu celular.

Como diabos não consigo lembrar dessa vergonha? Realmente antes de matar, o nosso amigo álcool, nos humilha.

Tento conter o riso.

— Acho que não preciso pedir para não contar nada disso pra ninguém, certo?

Rebecca me dá uma piscadela, indicando que está ciente do sigilo que esta situação merece e volta a encarar o monitor, enquanto vou em direção ao elevador.

Procura-se uma Secretária [concluída]Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora