Vinte e cinco

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Capítulo 25, por Marjorie Hayes
Ciúmes? Oh-não


Passei toda a conferência seguindo os passos de Elliot e Katherine, anotando o que me pediam e tentando desviar o olhar de Ethan.
Ele estava mais atraente que nunca, com seu terno feito sob medida e seus fios ruivos rebeldes penteados para trás. Uma verdadeira tentação.

De volta no hotel, precisava de ajuda para saber o que vestir nessa festa que iríamos. Não trouxe tantas roupas assim, e o vestido menos casual que trouxe não era simples o suficiente.
Então, antes que me atrasasse, resolvi ligar para Alla pelo Skype.

- Já sentindo saudades? - foi a primeira coisa que escutei quando ela atendeu minha ligação.

Sorri com o seu comentário, a observando sentar na cama e colocar uma mão cheia de pipoca na boca. Aquele seria o seu jantar, provavelmente.

- O que você acha que devo usar para um after? Não sei o que escolher.

Ela demorou cerca de 1 minuto para lembrar de todas as peças que havíamos colocado na minha mala extremamente apertada.

- O vestido preto, com salto... hum? - examinou a peça que eu mostrava na câmera pelo espelho.

- Não acha que ele é bastante vulgar?

Sua expressão foi hilária e por pouco não cuspiu na própria cama.

- Por acaso esse after é em uma igreja? - revirou os olhos. - Major, seu corpo é lindo, você devia explorar mais suas curvas, sabe? Ser menos recatada e se vestir como uma senhora...

- Pode ir parando. - interrompi já sabendo onde chegaria esse assunto.

Bom, mas o que eu tinha a perder? Cedi aos seus sermões e me coloquei dentro daquela peça.

Não estava feio, pelo contrário, poucas vezes me senti tão bonita quanto estava àquela noite. Alla também me deu dicas na maquiagem e só me deixou em paz quando escutei batidas na porta.

Ela não sabia que iria com Ethan, então desliguei antes que meu plano de esconder minha vida amorosa da minha única amiga fosse por água abaixo.

Abri a porta e o encontrei com um sorriso enigmático no rosto, com suas mãos pra trás. Desta vez, estava mais casual, sem o blazer e com uma calça mais despojada. A camisa branca com os primeiros botões abertos lhe deixava mais maduro e era quase a sua marca registrada.

- Exagerei? - perguntei depois de um longo período da sua observação.

- Nem pensar, está maravilhosa. Só aconselho que saia rápido do quarto antes que mudemos o plano. - disse puxando a porta atrás de mim e segurando a minha mão.

Ethan havia dispensado o motorista, então ele mesmo foi dirigindo o SUV até a residência.
Era em um dos bairros mais ricos de Roma, em um condomínio bastante renomado. Não esperava menos que isso.

Ele me ajudou a sair do carro e enlaçou seu braço envolta da minha cintura enquanto caminhavamos pelo aglomerado de pessoas, assim como fez na conferência horas atrás. A "casa" - se é que podemos chamar aquele castelo assim -, estava repleta de pessoas, luzes e drinks caros. Ethan fez questão de me mostrar tudo antes de finalmente pararmos perto da piscina iluminada. O ruivo parecia conhecer o lugar como ninguém, assim como o dono da propriedade que logo veio nos cumprimentar.

Ele era jovem e muito bonito, não dava mais de 25 anos àquele magricela. Apesar de falar inglês muito bem, era óbvio sua nacionalidade italiana. Seu timbre grosso e cru tentava disfarçar, mas ele falhava ao dizer no final de cada frase um elogio em italiano. E, não foi diferente ao notar minha presença.

- Onde encontrou essa gracinha? - Ethan encarou seu amigo com um pouco de diversão, provavelmente notando o meu descontentamento em sua atitude de falar de mim como se não estivesse entre eles.

- Essa gracinha é Marjorie Hayes, de Atenas. Minha parceira de trabalho. - novamente colocou sua mão na minha cintura de uma maneira possessiva.

- É um prazer... - estendi minha mão em sua direção, dando uma pausa quando me dei conta que ainda não sabia o seu nome.

- Connor, o prazer é meu. - beijou a minha mão de uma forma galante. - Lei è una donna bellissima.

- Grazie, sei anche una buona visione.

Seu sorriso aumentou ao ver que também sabia elogiar em sua língua.

- Isso só melhora. - disse sem soltar a minha mão. - Il tuo italiano è eccellente, hai mai vissuto qui?

- Sono un buon visitatore, mi piace capire cosa mi dicono. - respondi com maestria e, devo admitir, eu podia estar orgulhosa de mim neste momento.

- Incrível, preciso ir a Atenas para encontrar uma dessas. - brincou e bateu no ombro do seu amigo, que agora estava com o maxilar flexionado.

Ethan estava com ciúmes ou só estava irritado por não entender o diálogo?

- Vamos beber alguma coisa, Watson? - perguntei nos afastando da roda, deixando Connor com seus outros amigos e indo em direção ao bar.

- Ótimo, achei que íamos ficar a noite inteira elogiando àquele estúpido.

Quis rir da sua colocação infantil.

Ele pediu dois drinks e observamos o barman seminu preparar. Aquilo me deixaria totalmente bêbada, tenho certeza.

- O que significa "buono vissoni"? - perguntou em um italiano iniciante e nada fluente minutos depois, ainda me encarando com desdém.

- Disse que ele também era uma boa visão, Ethan. Quis ser gentil! Dá pra mudar essa cara de quem comeu e não gostou? - respondi impaciente, fingindo não estar gostando da situação.

Mas não podia negar, estava adorando ver Ethan tão irritado por uma bobagem. Ele era imaturo as vezes, entretanto, isso me ajudava a entendê-lo melhor, com transparência. Era genuíno da sua parte não saber disfarçar seus sentimentos.

- Você nunca me elogiou em italiano. - bebericou seu drink.

Gargalhei.

- Mas e daí? - me aproximei dele de uma forma provocativa. - Já te xinguei em grego e, convenhamos, é um idioma bem mais bonito, não é piangi piccola?

Sussurrei o restante da frase em seu ouvido, o que fez um sorriso instigante surgir nos seus lábios. Automaticamente sinto suas mãos soltarem o copo e segurar a minha cintura e em seguida uma delas subir para a nuca, me forçando a encará-lo.

Ele tomou meus lábios, promovendo uma série de borboletas eufóricas no meu estômago, ao sentirem nossas línguas se chocando. Sempre ocorria, e a causa disso nem sequer gostava de imaginar.
Sou escorada no balcão do bar e Ethan avança o beijo novamente, dando mordidas no meu lábio inferior.

- Você me castiga as vezes. - pausou o beijo para cochichar, descendo seus lábios para o meu pescoço e dando uma série de beijos molhados na região. - Gosto disso.

- Conosco l'amore.

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