Vinte e nove

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Capítulo 29, por Marjorie Hayes
Voltamos, Long Beach


Ainda era madrugada em Long Beach quando o nosso jatinho pousou. A cidade estava fria e, por sorte, aparentemente a chuva tinha acabado de cessar quando entramos no carro. Recusei o convite de Ethan para irmos ao seu apartamento porque, de fato, precisava mostrar aos meus amigos que estava viva depois de um fim de semana tão agitado.

Brian deixou Rebecca em seu apartamento e depois seguiu para o meu. Por ser tão cedo, não estranhei que estivesse tudo calmo e normal. Mas, isso somente até perceber a presença de um homem de dois fucking metros vindo na minha direção, assim que coloquei os pés na fachada do prédio.

Reconheço a fisionomia de longe, sabendo que era o brutamontes que Ethan estava pagando para me espionar. O vejo cumprimentar Brian com a cabeça e me encarar, esperando minha caminhada começar.

— Hum, é Tommy, certo? — pergunto quando já estamos prestes a entrar no elevador, e ele acena, confirmando. — Por que está aqui de novo?

— Nunca havia deixado o prédio. — tento não mostrar surpresa. Seja lá como ele estava me observando nos últimos dias, não consegui sequer notar sua presença. — Mas, devo dizê-la que Hector saiu há pouco tempo daqui, passou a noite esperando a sua volta. 

Fiquei imóvel e agradeço as barras do elevador por existirem. O que diabos Hector ainda estava fazendo em Long Beach?

— Oh, sim, Hector. — fingi um sorriso. — Prefiro contar isso pessoalmente à Ethan, é um assunto delicado. Você se importaria?

Ele negou com a cabeça e deixou o cúbico gélido assim que as portas abriram novamente.

Me dirijo à porta e ao abrir encontro Alla agarrada com um desconhecido no sofá, ambos adormecidos. Encaro o relógio e vejo que ainda são 05h13 da manhã.

O meu quarto estava trancado, assim como havia deixado. As coisas continuavam em seus devidos lugares, e sinceramente, não me importei em estar empoeirado ou algo do tipo. Também não tive coragem o suficiente para desfazer as minhas malas, e nem ao menos percebo quando adormeci em meio a bagunça.

E passei a tarde inteira assim, dormindo como um bebê recém-nascido.

Horas e horas depois fui acordada com uma série de gritos dos meus dois colegas de apartamento, eufóricos para saberem o que fiz durante a viagem. Omiti milhares de detalhes, principalmente os que envolviam o filho do meu chefe e marquei com Alla para comermos pizza e tomarmos vinho.

Ainda esperei que Ethan marcasse alguma coisa para fazermos durante a noite, mas não me importei tanto assim com o seu sumiço depois de já ter um compromisso também.

Allana surtou ao ouvir tudo que estava saindo da minha boca.

— Em um dia você é virgem e solteira, no outro está namorando e transando com um dos caras mais desejados da California! — disse em um tom alterado, já devido a nova garrafa de vinho que estávamos determinadas a secar. — Tem ideia de que muitas morreriam para estar no seu lugar?

Sorri com o seu comentário.

— Isso não me deixa mais confortável com a situação. — nem um pouco, pensei.

Ethan era um homem atraente e chamativo, com certeza. Não era surpresa pra mim que chovesse mulheres aos seus pés sempre que precisasse, mas se ele escolheu estar comigo, não tenho com que me preocupar.

— Não é para confortar, é para te alertar.

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Por passar a madrugada inteira bebendo com a minha amiga, também acordei tarde no domingo e com uma tremenda dor de cabeça.

Após preparar o meu almoço, já estava mais recuperada e consegui focar no trabalho por algumas horas.
Resolvi limpar o meu quarto e terminar  os últimos preparativos do baile que já aconteceria no próximo fim de semana. Tudo já estava encaminhado e no final da tarde consegui abrir o e-mail da empresa e enviei os convites para uma lista de socialites e empresários importantes que Ethan havia separado.

Quando reparei no horário, já passavam das 6h da noite, e isso realmente explicava a irritação da minha barriga que implorava por qualquer alimento. Lembro-me que também não tive notícias de Ethan durante todo o dia e não podia negar que já estava com saudades dele, entretanto, não queria parecer uma namorada incoveniente e atrapalhar o que quer que ele estivesse fazendo durante o fim de semana.

Em seguida, fui tomar banho e preparar um jantar para o meu estômago faminto. O meu apartamento passou o dia inteiro silencioso e a noite não foi diferente, o que indicava que eu era a única que não estava aproveitando o domingo.

Procuro o meu celular pelo quarto e disco o número de Ethan rapidamente.

No quinto toque ele atendeu.

— Oi. — disse, estranhando o barulho abafado na chamada.

Oi, querida, tudo bem? — perguntou, hesitante. — Desculpa não ter atendido antes, estava procurando um lugar menos barulhento para falar...

Ethan er um péssimo mentiroso, eu sabia disso melhor que ninguém.

— Não, está tudo bem. Só fiquei preocupada, você não respondeu as minhas mensagens o dia inteiro.

Não olhei o celular hoje. — esclareceu, o que não era totalmente mentira dessa vez, de acordo com o seu "visto por último".

— Eu estou, hum... atrapalhando alguma coisa?

Fechei os olhos tentando rapidamente não sentir vergonha alheia da minha própria invasão. Porém, já havia escutado toda a música de fundo, sem contar na movimentação estranha do lugar que ele estava.

Não, bebê. Vim para inauguração de uma boate com Tyler, mas já estamos de saída. Quer que eu passe por aí? — agradeço por não ter feito uma ligação por vídeo, pois não consegui conter a minha expressão de descontentamento. Mas essa já era a resposta que estava imaginando.

Já passava 10h30 da noite, e Ethan estava curtindo sua noite sem mim, que até então era a sua namorada. Provavelmente não era um dos meus desejos o receber tão tarde assim no meu apartamento, justamente depois de uma noitada.

— Não precisa, também estou de saída, liguei enquanto espero o táxi chegar. — menti descaramente. — Divirta-se.

Desligo antes mesmo da sua resposta e mando uma mensagem para Alla, pedindo que venha me buscar seja lá onde ela estiver. Sua resposta foi imediata.

Parece que tenho uma festa universitária para ir.

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