Vinte e quatro

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Capítulo 24, por Marjorie Hayes
Chegamos, Itália

O primeiro dia da nossa viagem seria corrido. O sol da quinta-feira ainda estava nascendo quando pisamos em Roma, na Itália. Por ser tão cedo, me surpreendi com a quantidade de pessoas que circulavam com excitação no aeroporto, e foi quase impossível encontrarmos um táxi que nos levasse até o hotel.

O italiano fluente e engajado de Marjorie nos ajudou bastante e ela estava sempre ao lado do meu pai, repassando sua agenda ou traduzindo alguma gíria italiana que ele escutava. Nosso contato durante toda a viagem foi mínimo, não passando de troca de olhares que quase sempre eram atrapalhados por meu animal de estimação dessa viagem, Becky. Nessas horas me pergunto porque diabos desejei trazê-la.

Ao chegarmos no extravagante hotel, caminhamos em direção à bancada dos recepcionistas.

— 4 suítes, reservas em nome de Elliot Watson. — ela falou em inglês, depois de ouvir a saudação calorosa de uma recepcionista quase tão ruiva quanto eu.

Segundos depois estávamos no elevador com nossos cartões de entrada. Por obra de alguém que me odeia, meu quarto era justamente 2 andares acima do de Marjorie e de Rebecca. Ela já havia comentado sobre a distância dos cômodos, e por conta da época, o hotel estava quase em lotação.

A conferência que iríamos estava marcada para começar às 13h00, então temos a amanhã inteira para descansar e nos programar para tamanha chatisse. A parte boa era que, a maioria dos socialites que estariam lá — assim como eu, acompanhando seus pais —, fariam um after em suas residências luxuosas de Roma. E é claro que Ethan Watson não ficaria de fora, seria ultraje demais dispensar um californiano.

Ethan Watson: Vou precisar dos seus serviços de tradução após a conferência. O que me diz, Srtª Hayes?

Envio a mensagem e vou tomar banho.
O banheiro do hotel era quase tão grande quanto o meu, com uma pequena diferença na banheira e em seus jatos de água quente que mais pareciam querer arrancar o seu tecido epitelial.
Pego novamente o meu celular e percebo que a minha ateniense predileta já havia me respondido.

M. Hayes: Proposta interessante, o meu chefe sabe sobre ela?

Bom, já esperava uma resposta como essa, entretanto, Marjorie também deveria saber que meu dom de persuasão pode fazer até mesmo um papa pecar.

Ethan Watson: Não faz o tipo do seu chefe comparecer nesse tipo de ocasião. Passo no seu quarto, esteja pronta às 23h00.

Resolvi pensar que o seu silêncio após ler a mensagem me dava um sim para o convite. Então, vesti uma roupa casual e fui almoçar no restaurante que o próprio hotel possuía. Encontrei os meus pais em uma das mesas e definitivamente fui amaldiçoado com cenas de, digamos, demasiado afeto desse casal maduro.

Como será que dizem nojo em italiano?

Evitei fazer minha degustação dos pratos da culinária italiana por tanto tempo, apesar de suas massas serem dez vezes melhores que a adaptação de pastas brancas que comemos, e logo subi para me preparar para a conferência.

Horas depois, recebo uma ligação da minha secretária particular informando que todos já estavam no hall me esperando. Levei cerca de mais 5 minutos para fazer um nó na minha gravata para, enfim, descer.

Marjorie estava linda com seus cabelos perfeitamente presos e um vestido longo de cor clara que ia pouco abaixo dos seus joelhos, marcando suas curvas terrivelmente explícitas com a ajuda desnecessária de um decote nas costas. Ela mostrava um gráfico para o meu pai sorrindo, nitidamente divertida e orgulhosa da situação, assim como ele — que demonstrava estar interessado em cada mínimo detalhe.

Trocamos um rápido cumprimento na frente dos meus pais e caminhamos para fora do hotel.

Os dois carros que havíamos alugado para o período já estavam estacionados. O motorista abre a porta de um dos SUV's quando me aproximo, e logo após minha entrada, Marjorie e Rebecca também entram, respectivamente. O caminho até o prédio que ocorreria a conferência não foi longo, então chegamos justamente na hora marcada.

Rebecca foi a primeira a sair do veículo e ser estagnada por alguns fotógrafos que estavam na grande fachada, algo que ela amou, diferentemente de Marjorie, que estava quase desmaiando ao meu lado.

Puxei minimamente a sua mão e a enlacei no meu braço, caminhando em direção aos abutres.

— É fácil, você só precisa sorrir e dizer obrigado, porque provavelmente vão estar te elogiando. Como falo isso em italiano? — digo parando em frente à um dos fotógrafos, segurando a cintura da mulher ao meu lado e a forçando a encarar a câmera também.

Grazie. — Major respondeu, forçando um sorriso para a foto.

— Não há de quê. — brinco com cinismo, a fazendo sorrir, verdadeiramente, desta vez.

Procura-se uma Secretária [concluída]Where stories live. Discover now