Trinta e um

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Capítulo 31, por Marjorie Hayes
Hector Ainda Presente


Tyler Evans era uma boa companhia, e apesar de não ter comprado nenhum dos carros que vimos, o seu conhecimento sobre marcas e modelos foi muito útil. Infelizmente, aqueles que mais gostei, ainda não cabem no meu orçamento e está fora de cogitação pedir dinheiro aos meus pais.

Depois de horas andando de concessionária à concessionária, acabo aceitando o convite de Tyler para jantar em um dos seus lugares prediletos. Não era um restaurante refinado, nem uma casa de shows, como costumava ir com Ethan. O local parecia mais com uma lanchonete dos anos 60, com um clima retrô e comidas pesadas com refrigerante.

Estava lotado e apesar do horário, uma boyband adolescente ainda se preparava para cantar em um palco mais afastado.
Foi difícil chamar a atenção da garçonete de patins que dançava de mesa em mesa, mas conseguimos fazer o pedido.

A moça de meia idade avisou que talvez demorassem um pouco para trazer o nosso pedido, contudo, nem de longe isso parecia ser um problema para Tyler.

Segundos depois, sinto o meu celular vibrar e o tiro do bolso para visualizar as mensagens.

Ethan Watson: Precisamos conversar.

Major Hayes: Não posso agora, estou jantando com Tyler.

Não demorou para que aparecesse "digitando..." na tela do aparelho.


Ethan Watson: Se livre dele e saia, ou vou ser obrigado a entrar e perguntar sobre o que ele está conversando com a minha namorada.

Observo o estabelecimento em choque, a procura do meu delator. Não era possível que Ethan estivesse me seguindo.

Major Hayes: Não ouse, Watson.

Ethan Watson: Você tem 5 minutos.

Bufei encarando o meu próprio celular, com uma vontade imensa de jogá-lo pela janela.

— Aconteceu alguma coisa? — ele pergunta, provavelmente percebendo a minha mudança de humor.

— Na verdade, eu tenho que ir. Me desculpa. — forço uma expressão preocupada. — Uma amiga está precisando de mim, sinto muito.

— É algo sério? Posso ir te deixar.

Nego rapidamente com a cabeça, quase na mesma hora que ele finaliza a frase e pego a minha bolsa, saindo do estabelecimento.

O carro de Brian está me esperando do outro lado da rua. Ele sai e abre uma das portas, me fazendo encarar um Ethan totalmente enraivecido e, curiosamente, com o lábio cortado.

Ele havia se envolvido em mais uma briga?

Penso em perguntar, mas diante da situação, era pouco provável que me respondesse.
Sua voz firme manda Brian ir direto para o seu apartamento, assim, todo o caminho é feito em silêncio.

No apartamento, Ethan me deixa na sala e caminha pra o quarto. Tempos depois ele volta, vestindo um conjunto de moletom azul escuro.

— Seu plano é ficar me ignorando como se fosse um dos seus móveis? — pergunto, jogando minha bolsa em um dos seus sofás.

Ele me olha de soslavio.

— Pelo contrário, estou te dando tempo. Não tem nada pra me contar?

Então foi a minha vez de ficar sem palavras. Suspirei.

— É claro que o maldito Wilfiger não podia ficar em silêncio. Não acredito que ele não cump...

Ethan cortou a minha fala antes de sequer terminar a palavra.

— O seu segurança é como um cão leal, não foi ele que me disse nada. Recebi a visita de Hector na empresa, ele me disse que passou a noite no seu apartamento te esperando.

— Merda, eu ia contar, mas não queria que ficasse preocupado. — ligo os pontos rapidamente e observo o corte no seu lábio inferior. — Foi o Hector que fez isso?

— Ele está pior, não se preocupe. — diz e me dá as costas novamente, caminhando até a cozinha.

Nós não estávamos sozinhos. Marlí, sua empregada, ainda estava lá preparando o jantar. Ethan deu suas ordens e ela monta mais um lugar na mesa, provavelmente pra mim, se não for expulsa antes.

Vou em sua direção e penso em algo para respondê-lo, sem ligar para os outros ouvidos da casa.

— O que Hector te disse?

— Além de te chamar de coisas horríveis o tempo todo? — fingiu estar tentando recordar de algo mais. — Oh, que você me usaria e depois me chutaria, assim como fez com ele.

Soltei um xingamento involuntário. Era óbvio que cedo ou tarde ele descobriria que estávamos juntos e, agora quer destruir isso também, assim como destruiu minha vida em Atenas.

— Eu não o chutei, a gente terminou. Não sei porque ele insiste em vir atrás de mim. — digo em um fio de voz.

Se ele estivesse acreditando nas palavras mentirosas de Hector...

— Não entendo porque o protege, ele devia estar preso. Não quero que ele se aproxime, nem que esconda nada de mim.

Ethan não entenderia jamais. Hector era uma pessoa com problemas, isso o deixava três mil vezes mais perigoso. Não era fácil lidar com ele sozinha, mas talvez agora conseguisse fazê-lo sem precisar fugir.

— Tudo bem. — concordo, querendo subitamente parar de falar naquilo.

Ele senta na cadeira a minha frente e faço o mesmo. Em seguida, chama Marlí outra vez e ela vem nos servir.
Jantamos uma deliciosa massa de macarrão ao molho com vinho, sem tocar mais no assunto, por mais que eu sentisse que àquilo estivesse longe de ser resolvido.

— Preciso ir pra casa.

— Já está tarde, não quer passar a noite aqui?

Era uma proposta tentadora.

— Não tenho roupa, e amanhã não podemos chegar atrasados na empresa. Últimos preparativos para o evento beneficente, lembra?

Ethan bufou, como uma criança mimada e levantou, procurando as chaves do seu carro.

As ruas estavam escorregadias e o carro deslizava rapidamente. Poucos minutos mais tarde sou observada pelo porteiro do meu prédio passando com um ruivo tentadoramente sexy.

Quando enfim chegamos no 307, Ethan cumprimenta o brutamontes a nossa frente com um aperto de mão.

No hall, vejo que a sala estava vazia, e por mais perigoso que fosse, convidei Ethan para entrar. Ele parou dois passos adentro do cômodo e me puxou para mais perto do seu corpo.

— Sonhe comigo. — deposito um beijo no seu pescoço, subindo para os seus lábios logo em seguida.

Ele corresponde ao meu desejo na mesma intensidade, me escorando na parede colorida de Josh. Era uma tarefa difícil resistir ao físico másculo de um Watson, principalmente quando ele te dá liberdade para acariciar e beijar rodas as partes.

— Não vai ser um trabalho difícil.

Procura-se uma Secretária [concluída]Where stories live. Discover now