Procura-se uma Secretária [concluída]

Dezoito

Capítulo 18, por Marjorie Hayes
Conflito

Depois de conhecer a irmã de Ethan em um dos piores momentos possíveis, tomo café da manhã com ele e sou levada até o meu apartamento por um dos seus motoristas.

Estava pensando que hoje, talvez, pudesse faltar à empresa, já que Elliot está viajando. Contudo, minutos depois vejo sua mensagem no meu e-mail afirmando sua chegada após o almoço.

Sou recebida por Alla e, pela sua expressão de seriedade, a minha situação não era das melhores.

— Tudo certo? — pergunto, fechando a porta atrás de mim.

— Você está brincando, não é? Sua mãe acabou de sair daqui com àquele cara que diz ser o seu noivo. — seu tom de voz estava alterado e tenho quase certeza que a minha Jane falou o que não devia. — Eles passaram a noite ligando pra você e a sua mãe me fez um interrogatório enorme. Onde diabos se meteu?

Suspirei.
Era óbvio que Hector estava envolvido nessa história, aliás, sou boba por não ter imaginado antes. Que outra pessoa tiraria a senhora Hayes da sua fortaleza, senão, o meu queridíssimo ex?

— Estava com Ethan, fomos jantar e pedi para passar a noite no apartamento dele. Queria evitar encontrar com esses dois.

Allana me encara com mais surpresa ainda.

— Acho que isso piorou tudo. — ela diz, levantando-se da poltrona e caminhando em direção à porta. — Espero que consiga pensar em uma boa desculpa para sair dessa cilada.

Não consigo respondê-la a tempo, então balanço a cabeça e escuto a porta principal sendo fechada.

Deixo a bolsa no sofá e vou me preparar para sair também.

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O clima de Long Beach nessa manhã estava frio e úmido, e após ficar congelando por minutos esperando um táxi, minha última opção foi cruzar a cidade caminhando até chegar na empresa.

Eu, definitivamente, preciso de um carro.

Atravesso a rua pedindo aos deuses para não ser atropelada, já que a facha de pedestres estava há meio quilômetro depois da empresa.

Adentrei o prédio ofegante pela caminhada e relaxo ao ver o elevador vago, mostrando que não precisaria subir escadas.

A sala do meu chefe estava vazia e silenciosa, assim como esperava. Aproveito o momento para enviar os convites eletrônicos do baile para os endereços das pessoas que Ethan escalou como nossos convidados.

Fiz isso em questão de minutos, então começo a folhear a agenda dessa semana de Elliot. Também adicionei sua festa surpresa nela, para não marcar nenhuma reunião no mesmo horário.

Estava tão concentrada pesquisando o que diabos daria de presente para um homem que tem absolutamente tudo, que levo um baita susto ao ver Ethan abrindo a porta e entrando na sala como um furacão.

— Não é porquê a empresa é sua que você pode sair por aí quebrando as portas. — brinquei, fechando as abas comprometedoras do iPad.

Esperei uma resposta esperta com seu humor árduo, mas Ethan continuava respirando pesado e, merda, ele está me encarando com raiva?

— Era com ele que você falava ontem, durante o nosso encontro? — sua voz sai quase irreconhecível.

Amaldiçoado seja àquele maldito guarda-costas delator.

— Como? — finjo estar alheia. — Estava respondendo a minha mãe, Watson.

Dessa vez Ethan ainda sorriu, mas não havia uma gota sequer de humor naquele riso, pelo contrário, estava cheia de escárnio.

— Não achei que fosse tão mentirosa. Wilfiger já me contou tudo.

Bufei incrédula.

— Se já sabe de tudo, o que veio fazer aqui? — vejo seus passos se aproximando da minha mesa.

— Não entendo por que ele ainda dorme no seu apartamento, mesmo sem você estar lá e ainda sai dizendo que é a merda do seu noivo.

Que merda é essa?!

— Você não entende porque não é da sua conta, nada disso interessa à você. — deixo a minha voz no mesmo tom arrogante que a sua saíra segundos atrás.

— Ora, não acha que você me deve alguma explicação? — arqueei a sobrancelha, sem entender onde Ethan queria chegar. — Você pediu para dormir no meu apartamento para evitar seja lá o que tem à falar com Hector. Você me usou, Hayes.

Tentei segurar o riso, juro que tentei.

— E você odiou ser usado, não foi? Um sacrifício e tanto.

A expressão raivosa de Ethan aumentava na mesma medida que a minha irônia. Porém, o que fez esse homem pensar que pode interferir assim na minha vida ainda é um mistério.

— Isso não vem ao caso, você sabe. Mas eu cheguei a pensar que... — interrompo a sua fala.

— Achou errado, e então? Se não tiver mais nenhuma especulação, pode sair da sala.

Ao soltar a última frase, vejo que não estávamos mais falando tão baixo como normalmente. As nossas vozes saíam gritantes naturalmente, e já estava levantando para abrir a porta para Ethan quando, coincidentemente, o seu pai abre a mesma.

— Está tudo bem por aqui? — ele pergunta.

Ethan tira os seus olhos cheios de fúria de mim e fita o seu pai à nossa frente, ajeitando o nó da sua garganta.

— Achei que só voltaria após o almoço. — ignoro a sua pergunta e lanço outro assunto.

— Conseguimos um vôo mais cedo. Estou atrapalhando vocês?

Balanço a cabeça negativamente e volto a sentar.

— Não, já terminei o que vim fazer aqui. — Ethan responde sem me encarar e sai da sala, batendo a porta mais forte que da última vez.

Puta merda.