Procura-se uma Secretária [concluída]

Dezenove

Capítulo 19, por Marjorie Hayes
Se Brigar, Não Beba

As mensagens que recebi da minha mãe no meu encontro com Ethan pedindo para que eu fosse conversar com Hector ainda me trazem problemas, mesmo depois de dias.

Felizmente ela acreditou na minha desculpa esfarrapada de ter ido dormir na casa de uma amiga da empresa e, coincidentemente, a bateria do meu celular ter acabado logo após abrir o chat das suas mensagens.

Contudo, Ethan ainda está bravo comigo e resolveu me ignorar. Não nos encontramos com frequência para organizar o baile como foi combinado. Algumas vezes, ocorria de esbarrar com ele pelos corredores, outras quando ele precisava ir até a sala do seu pai entregar algum documento, mas nunca passava de olhares ou cumprimentos obrigatórios.

Amanhã à noite será o jantar surpresa de Elliot, e apesar de não estar com nenhuma disposição para ir, acabei me aproveitando da visita inesperada da senhora Hayes para pedir sua ajuda na escolha de um presente para o meu chefe.
Extravagante como um humano não se deve ser, Jane fez questão de usar um dos seus cartões para pagar um relógio que custava mais de 5 meses do aluguel do meu apartamento.

Allana já fez questão de ajudar com a roupa, e passamos quase a noite inteira pra escolher algum dos seus vestidos enquanto Josh era a opinião masculina da reunião — ou nem tão masculina assim.

Já passava da meia-noite quando resolvi procurar algum filme de comédia romântica para suprir as necessidades da minha realidade decadente, e estava tão cansada que logo adormeci no sofá. Porém, meu sono foi interrompido por batidas bruscas na porta tempos depois.

Ainda atordoada, consigo ver pelo olho mágico uma figura masculina e fico em dúvida se ainda estou dormindo ou realmente já acordei.

Abro a porta para encarar melhor o rosto inchado de Ethan Watson.

— Oi, — ele disse assim que me viu. — posso entrar?

— O que houve? — analiso o seu lábio levemente cortado.

— O quê, isso? — limpou com o polegar e forçou um sorriso que, com certeza, doeu ali. — Não foi nada.

Abro passagem para o seu corpo e ele adentra o meu apartamento. Seu perfume amadeirado disfarçava quase totalmente o cheiro de whisky, mas já era esperado que Ethan não viria atrás de mim totalmente sóbrio.

— O que veio fazer aqui?

— Vim te ver, senti... — se embaralhou no tapete, segurando no sofá para não cair. — sua falta.

— Você andou bebendo? — me aproximei, o firmando no chão.

Ele não respondeu, só balançou a cabeça em sinal negativo. Ethan era um péssimo mentiroso, alguém precisa falar isso pra ele.

Se fôssemos começar essa conversa, em hipótese nenhuma isso devia acontecer na sala. Os meus companheiros de apartamento adorariam saber o que o filho do meu chefe veio fazer aqui tão tarde, bêbado.

Puxo o seu braço até o meu quarto.

— Quando você vai me pedir desculpas? —

Ri da sua indagação.

— Eu te devo desculpas, por quê, exatamente? — procuro uma maleta com analgésicos que havia guardado em algum lugar enquanto Ethan observa cada mísero detalhe do cômodo.

— Você foi rude comigo e me fez sair como se estivesse errado.

Acho algodão e álcool para limpar o corte que continuava sangrando no seu rosto. Ele havia entrado em alguma briga ou simplesmente caído? Provavelmente Ethan não me responderia.