Kanato and Teddy

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Capítulo 12


  A parte da manhã se passa calmamente para a loba, que fica a maior parte do tempo em seu quarto lendo um dos livros que pegou da biblioteca particular de Reiji, saindo apenas quando a hora do almoço chega e por não querer deixar sua querida amiga Yui almoçando sozinha naquele grande salão de jantar sombrio, sabendo do receio que a loira tem de lugares assim.

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  Enquanto está fazendo o mesmo caminho de sempre para chegar ao salão de jantar, a morena acaba por encontrar Kanato sentado em uma das poltronas da sala de estar, sendo perceptível o sentimento de tristeza e o quão amuado ele está por um motivo que, até então, a mesma desconhece.

  – Aconteceu algo? – Pergunta ao se aproximar mais do vampiro.

  – Não é nada, loba. – Resmunga infantilmente.

  – Não sou humana como a Yui, como você e os outros gostam de lembrar sempre, sou uma loba e por isso tenho mais sensibilidade para perceber o que acontece e o que seres vivos sentem nas suas almas. Para de mentir e me diga. Não irei fazer chacota com isso, quero apenas ajudar. – Apesar de ser sincera até demais no que fala, seu tom de voz é calmo e demonstra uma leve preocupação, atraindo a atenção do arroxeado.

  – Não confio em você. – Resmunga novamente sem deixar o tom infantil de sua fala.

  – Você vai ficar com essa conversa de que não confia em mim só porque sou uma loba e a maioria de vocês vampiros não suportam lobos? – Reclama ficando irritada – Estou tentando te ajudar. Se prefere ficar sentado aí com sua infantilidade, problema não é meu. Pelo menos eu tentei ser legal. Passar bem. – Ela se vira na direção da porta da sala de jantar e dá dois passos na direção, começando a se afastar.

  – Eu estava com a Yui perto dos túmulos e enquanto eu corria atrás dela para assustá-la, acabei tropeçando e um galho prendeu no braço de Teddy, rasgando. – Fala rapidamente, abaixando a cabeça enquanto estende minimamente o ursinho com uma mão e o braço rasgado com outra mão.

  A morena se vira novamente na direção do mais baixo, olhando para os objetos em suas mãos e compreendendo agora o motivo de ele estar tão infantil. Ela sorri minimamente ao achá-lo parecido com uma criança, considerando a cena fofa. Selene encara mais fixamente o urso de pelúcia que ainda está nas mãos dele, um silêncio incômodo se instaura no local enquanto a jovem pensa, analisando o que deve ou não fazer. Consigo sentir uma energia sombria e pesada emanando desse objeto inanimado, qualquer ser sobrenatural conseguiria perceber e se duvidar, até mesmo um simples humano como a Yui. Me dá calafrios só de pensar em ter Teddy por perto, mas não seria legal deixar Kanato nesse estado de tristeza. Sem contar que não custa nada eu ajudá-lo. Ele foi legal ou gentil comigo para merecer que eu o ajude? Não, assim como todos os irmãos Sakamakis. Mas de uma forma bizarra, sinto que eles tem algo bom por trás de toda essa camada de sadismo e maldade.

  – Tá bem, vai. Vou te ajudar. – Fala repentinamente, ficando bem perto do arroxeado, que o olha surpreso e confuso com sua fala.

  – Não vai rir de mim por estar triste com um "simples urso de pelúcia"? Até meus irmãos riram de mim.

  – Cada um tem uma coisa pela qual presa muito, mesmo que seja um objeto mais infantil que não combine tanto com a idade que tem. Por que eu riria? – Dá de ombros – Tenho certeza que se você tivesse sido sincero com seus sentimentos e falado sobre o que aconteceu com Teddy para a Yui, ela teria dito o mesmo.

  Kanato fica encarando atonitamente a mais alta tentando compreender suas ações que, para ele, são estranhas. Mais alguns minutos se passam até que ele finalmente se levanta.

  – E como pretende me ajudar, loba?

  – Primeiro me entregue ele. – Estende a mão na direção do mais baixo, que fica hesitante em fazer o que lhe é pedido – Não se preocupe. Eu disse antes e repito: não quero fazer nada de errado, apenas te ajudar. Prometo que irei cuidar muito bem do seu ursinho e que irei costurar o braço dele direitinho que nem dará pra perceber que um dia rasgou. – Sua voz é firme e convicta, estranhamente passando confiança para o mais baixo.

  – Certo...

  Ainda com receio ele entrega Teddy para a garota, que sorri e diz que não irá demorar nada, sumindo diante de seus olhos e segundos depois voltando para o cômodo, de frente para ele. Os olhos lilases encontram Teddy nos braços da menina, esta que o entrega de volta com um sorriso amplo no rosto. O de aparência infantil pega o objeto e o observa atentamente tentando encontrar qualquer sinal de costura ou de que algum dia o braço esteve rasgado, não encontrando nada e provando que o que a menina realmente cumpriu o que prometeu momentos antes.

  – Como é possível? – Pergunta abismado, mas com um brilho animado no rosto.

  – Segredo! – Responde um pouco mais baixo, dando uma risadinha marota enquanto se afasta – Agora vê se você anima, tá bem Yandere Chibi? – Seu tom maroto não a abandona.

  – Estranha! – Fala alto apenas o suficiente para a morena escutar, fazendo-a rir novamente.

  Ela some da visão de Kanato após dar um leve aceno de mão em sinal de 'tchau' e entra no salão de jantar para se reunir com Yui para o almoço, deixando Kanato para trás com um sorriso enorme no rosto, que ele deixa transparecer apenas quando tem certeza de que ninguém pode ver.

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  Apesar da parte da tarde ter sido calma para Selene, e até um pouco para Yui também, mal sabe a morena que duas pessoas ficaram irritadas com o acontecimento do braço rasgado de Teddy: Ayato fica irritado ao saber que uma loba estava tentando ser legal com seus irmãos e não confiando nem um pouco nesse comportamento, já que desde pequeno lhe fora dito que os lobos são inferiores aos vampiros e que eram seus inimigos desde os primórdios, quando os primeiros vampiros e lobos surgiram. Em sua cabeça apenas uma coisa se passa. Quem ela pensa que é para tentar ficar nossa amiguinha? Está tentando tomar o controle? Quer nos enganar e tenho completa certeza disso. Mas a mim, Ore-sama, ela não engana. Ainda irei tirar essa história a limpo e farei ela confessar suas reais intenções!

  Já a segunda pessoa é Reiji, o rapaz sério e indiferente com o que as pessoas passam, sentem ou pensam. Seu motivo? Algo que talvez ninguém tivesse a habilidade de prever: ciúmes. Apesar de não admitir para si mesmo com todas as palavras, que dirá para alguém, ele sentiu-se com raiva e bem lá no fundo, magoado ao ver ela ser tão gentil e prestativa com seus irmãos, principalmente com Shu –por quem sempre teve certa rivalidade quando se tratava de ganhar a atenção de Beatrix, mãe deles dois–.

  Depois do incidente da escola e depois em seu quarto, na biblioteca particular, o único momento em que os dois ficavam mais perto era quando a mesma ia até lá pegar ou devolver algum dos livros que pegou anteriormente, sendo rara as vezes em que a mesma senta-se em uma das poltronas para ler. Selene parece evitar ficar perto do mesmo, respondendo ao que o mesmo fala com educação e sorrindo algumas vezes, mas mostrando desânimo e talvez até mesmo aversão em ficar perto do moreno. Só de lembrar de todos os momentos em que isso acontece, Reiji começa a sentir-se inquieto e frustrado. Ela não percebe que só em ter deixado que ela entre a qualquer momento em meu quarto e que fique o tempo que quiser para ler algum de meus livros, já é algo muito significativo? Por que insiste em me tratar desse jeito?

  Pela primeira vez, Reiji passa a mão freneticamente pelo seu cabelo, bagunçando seus fios e deixando-o com uma aparência mais desleixada, algo bastante anormal vindo dele. O que está acontecendo comigo?!


   Continua...

The Wolf - Diabolik LoversWhere stories live. Discover now