Capítulo 11

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NATE

Fazia alguns minutos que Nathan estava recuperado do show. O suor em seu cabelo ainda escorria por baixo do boné, mas os olhos já estavam secos e Lisa jurava que também desinchados do choro que não havia conseguido segurar. Como poderia? Fazia meses que aquele era seu maior sonho, e agora estava se tornando realidade depois de tanto trabalho com o site e a divulgação que haviam realizado para que acontecesse.

Do lado de fora do camarim, escutando as vozes do trio em uma sala no fim do corredor, ele sentia que o estômago estava prestes a subir pela boca. O coração já havia saltado do peito alguns minutos antes e corrido para tentar escutar a conversa pela fresta ao pé da porta, por onde podia ver suas sombras andarem de um lado para outro.

O suspiro de alívio veio quando o conhecido Joey apareceu. Não tinham tanto contato com ele quanto com Christopher, mas sabiam quem era e haviam escutado falar de sua função na assinatura da Bee Are. Seguiram o chamado que o homem fez com a cabeça e, quando ele bateu à porta e a abriu, causando o primeiro momento de silêncio dentro da sala, Nathan segurou a respiração.

Lisa foi quem entrou primeiro, porque os pés dele estavam grudados no chão enquanto os olhos corriam pelos três integrantes da banda. Tê-los visto no palco, alguns minutos antes, não o havia preparado para aquele momento. Jonny estava ao fundo, se levantando do sofá; foi tudo o que conseguiu ver até sentir a mão do empresário em suas costas, em um incentivo para que seguisse em frente. Os passos que deu fizeram parecer que estava sendo empurrado contra sua vontade.

A amiga já havia passado por Emily àquela altura e abraçado Jonny, mais perto do sofá. Uma pequena parte ativa de seu cérebro compreendia que ela estava deixando Paul para o final. No entanto, quando era hora de chegar nele, Lisa não o encontrou no lugar em que estava antes, perto de uma penteadeira. Nathan tampouco estava esperando que ele saísse de lá, mas viu o vocalista se colocar de pé e andar com as mãos nos bolsos até encontrá-lo perto da porta.

Só então conseguiu fazer com que o corpo respondesse aos comandos urgentes que sua cabeça tentava enviar pelos últimos segundos. Faça alguma coisa! E ele não teve muita dificuldade para decidir o quê, porque Paul estava parado à sua frente agora, com um sorriso acolhedor e os braços abertos com as mãos na altura do quadril para recebê-lo.

O riso que subiu por seu nariz foi involuntário, como um sopro surpreso. Nathan não conseguiu olhar para ele por muito tempo, quando baixou a cabeça e foi receber o abraço oferecido. Ele era mais alto do que jamais havia imaginado, então também não tentou envolvê-lo pelo pescoço. Pousou as mãos nas costas dele e deitou a lateral do rosto em seu peito, enquanto Paul enroscava os braços por cima dos seus.

— Então você é o Nate. — Escutou um comentário bobo no alto de seu boné, enquanto o outro encostava o queixo ali.

Riu sozinho com isso – o coração acalmando as batidas que haviam acelerado com a visão dele vindo recebê-lo, descompassado como nunca –, mas não tentou responder. Àquela altura, Nathan não sabia dizer palavra alguma, como se não fizesse parte da minoria nativa no inglês dentro da sala. Aproveitou o abraço até sentir o outro afastar o rosto do topo de sua cabeça. Ainda sem coragem de olhar para ele, foi trocar de lugar com Lisa. Cumprimentou Emily pelo caminho e seguiu para o fundo da sala.

A aproximação de Jonny pareceu menos difícil. Enquanto terminava de andar até ele, viu-o flexionar os joelhos. Entendeu que conseguiria abraçá-lo pelos ombros, só não estava pronto para que ele o erguesse do chão como se fosse uma criança. Agarrou-o pelo pescoço, quando isso aconteceu, e se permitiu gargalhar enquanto sentia as bochechas queimarem.

Durante os últimos meses, havia fantasiado aquele encontro todas as noites. Estava pronto para se deparar com um baterista suado e pegajoso, recém-saído do palco. O garoto que o segurava estava muito distante de ser assim; todos eles estavam. Os últimos minutos certamente tinham sido gastos no banho, o que ele não esperava de uma banda de moleques, após acompanhar vídeos dos bastidores de algumas turnês de outros músicos. Jonny cheirava a perfume amadeirado e ainda tinha o cabelo úmido.

Tá brincandoWhere stories live. Discover now