Capítulo 12

24 3 0
                                    

NATE

Nathan se ergueu de dentro da geladeira quando a campainha tocou acima da altura de The Used no aparelho de CD localizado na sala. O som que a seguiu foi o de sua cabeça batendo na porta do freezer acima. Com a mão sobre a região da pancada, conseguiu então se virar para a melhor amiga. Lisa também parecia ter segurado a respiração, próxima da pia. Ainda eram dez e quinze. Eles haviam dito que chegariam dali a meia hora. Nada estava pronto.

— Vai, vai atender — ela sussurrou com os olhos arregalados. — Eu dou um jeito aqui.

— Não! Lava essa mão. Cheirando a queijo. — Ele se apressou até a pia e abriu a torneira, como se ela precisasse de ajuda para se limpar mais rápido.

— Vai, Nate!

— Não põe a mão de queijo em mim!

Ela afastou os dedos de sua camiseta, e ele se pôs a correr quando viu que ela ameaçava agora esfregá-los em sua cara. Lisa era uma nojenta.

— Porca! — gritou ainda da saída e sumiu pela sala quando ela pisou mais forte no chão para indicar que correria atrás dele. Não duvidava de que logo estariam rolando no chão até ela ter passado toda a oleosidade em seu cabelo.

Parou em frente à porta e respirou fundo. Contou do dez até o sete, sem coragem de deixá-los esperando até o um, onde provavelmente teria que chegar para se acalmar. Decidiu abrir a porta de uma vez e não precisou forçar o sorriso quando o nervosismo empurrou, de imediato, um grande demais para a frente de seu rosto.

Jonny tinha um casaco grosso com o capuz sobre a cabeça e os ombros encolhidos. O de Paul parecia mais fino. Seu rosto estava parcialmente escondido dentro da gola alta, que ele fazia vir até o nariz, e as mãos procuravam abrigo nos bolsos. Nem sinal de Emily.

— Não tava frio assim antes. — Jonny apontou para a rua ao baixar o capuz e mostrar um gorro cinza sobre os cabelos. Era o cara mais bonito que já havia conhecido de qualquer forma, mas Nathan achou uma pena que ele houvesse ficado com preguiça de arrumar seu topete justo aquela noite. Poderia ficar olhando para as mexas douradas cuidadosamente bagunçadas por toda a madrugada.

— Entrem. — Apressou-se para fora do caminho. — Aqui dentro tá melhor.

Jonny disparou na frente, parecendo já acostumado com a climatização dos ambientes ao abrir o casaco ali perto. Paul o seguiu, mas parou ainda sob o batente para se inclinar e deixar um beijo em sua bochecha. Quando Nathan a sentiu esquentar com a surpresa, arriscou um sorriso em resposta para ele. O modo como os cantos da boca de Paul estavam afundados o fez baixar os olhos para o chão enquanto fechava a porta. Se Jonny era o cara mais bonito do mundo, como era possível que fosse Paul a disparar seu coração?

— Hum... Bom... — tentou concluir algumas vezes, mas se pegou distraído ao ter que obrigar seu corpo a sair do caminho do dele. Então pensou que fechar a porta poderia ajudar e, enquanto se virava de costas para fazer isso, conseguiu organizar os pensamentos. — A gente ainda tava terminando as pizzas pra colocar no forno. Lisa tá na cozinha.

— Ah, a gente pode ajudar. — Paul olhou ao redor, mas não precisou de indicação para se encaminhar ao próximo cômodo mais iluminado, de onde também vinha algum barulho. — Por aqui, né?

Nathan assentiu e quis segurar Jonny para trás, mas, enquanto lidava para pendurar os casacos que havia tomado das mãos dos dois, perdeu a chance. Alcançou-os alguns segundos depois, quando ambos já cumprimentavam sua melhor amiga. Não poderia negar ter ficado com um pouco de inveja ao ver que ela, sim, havia ganhado um beijo de Jonny.

— Do que você precisa? — Paul perguntou ao se aproximar da pia onde ela montava duas pizzas grandes.

E oito eram mãos demais para aquele trabalho, então Jonny se virou com as dele para cima. Nathan não precisava de muito para sorrir quando ele estava por perto, mas quis ter controlado o riso engatilhado pelo modo como ele parecia ter sido obrigado a se render.

Tá brincandoWhere stories live. Discover now