Capítulo 16

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NATE

A pista de patinação da Robson Square, em que Nathan havia passado alguns de seus melhores momentos com Matt e Rafe na infância, havia fechado alguns anos atrás. Falta de verba, o pai havia dito. Ele não entendia como podia ser, sendo que sempre tinham que pagar para se divertirem nela, e ela sempre estava cheia. Agora sabia um pouco melhor sobre isso, mas também achava que havia acontecido apenas para dar uma martelada final em sua infância: o último aviso de que todo aspecto daquela amizade que jurava ser eterna ficara para trás.

Contudo, assim como Nathan, Matt sabia sobre aquela outra pista de patinação sazonal que havia sido aberta nas proximidades de sua escola, de modo que não se surpreendeu quando o taxista, que seguia os táxis dos amigos dele, estacionou na frente dela. Àquela altura, queria deixar a corrida para que o grupo de colegas de classe pagasse, mas, com alguma resistência, juntou os trocados com os de Lisa e garantiu que Jonny e Paul não precisassem pagar nada. Por sorte, morar longe do centro também os deixava próximos do aeroporto.

— Tudo bem? — Escutou perto do ouvido enquanto encarava o shopping onde o espaço fora montado. Quando olhou para cima a fim de checar o motivo da pergunta, Paul criou um beicinho nos lábios. — Tá de bico.

A imagem era amável, mas, apesar de ter mexido com seu peito, não conseguiu refletir em seu rosto. Nathan não sentiu vontade de sorrir, mas se obrigou a isso ao perceber que estava sendo amargo com a pessoa errada. Passou uma mão no braço do garoto preocupado e chacoalhou a cabeça, antes de dar um passo à frente para indicar que deveriam seguir o caminho dos outros.

— Não, tá tudo certo.

— Hum. — A resposta de Paul não o convencia de que ele havia acreditado, e Nathan já estava disposto a disfarçar melhor o problema quando o viu apontar para a esquerda, ainda do lado de fora. — Vem comigo? Eu quero um chocolate quente.

Nathan deu uma espiada no Tim Hortons localizado ao fim de um grande estacionamento, depois se tornou para a amiga. Ela chacoalhava a mão para dispensá-lo enquanto encaixava o braço no de Jonny. Desatento, o baterista observou o enlace em que havia sido tomado e depois todo o arredor a fim de entender o que havia acontecido. A amiga emendava:

— A gente vai entrando e vendo se tem espaço pra todo mundo.

— Ah, é! — Só então o garoto deu sinal de vida. Logo passou a puxar Lisa para dentro. — A gente vai.

Agora, sim, Nathan se sentiu obrigado a dar risada. Não apenas isso; soube que as bochechas ficaram coradas quando olhou para baixo, depois para Paul, e assentiu. Talvez preferisse que os dois não tentassem ser tão discretos, porque a situação só piorava. Alguma coisa na risada do outro vinha conversar silenciosamente com a sua. Ele estava pensando o mesmo, e saber disso era ainda mais constrangedor.

— Não entendi por que vocês vieram de novo pra Vancouver em vez de voar direto de Calgary pra Toronto — puxou o primeiro assunto que o deixava curioso, apenas para ter sobre o que conversar no caminho. As mãos de Paul estavam nos bolsos, então decidiu fazer o mesmo com as suas.

— Ah, a gente volta pelos Estados Unidos. Acho que só veio por Toronto por causa do primeiro show.

— Ah!

— E também tem uma reunião com o Christopher de manhã.

Nathan ficou em silêncio enquanto tentava entender. Ele não estava acompanhando a banda na turnê? Quando o olhou de boca aberta para fazer a pergunta que o confundia, escutou uma risada antecipando a resposta:

— É, não faz sentido mesmo.

Aos poucos, Nathan conseguia começar a rir de novo enquanto o peso da presença de Matt e seus amigos ia ficando para trás, junto com o ar frio de dezembro. Entraram na cafeteria movimentada naquela tarde de domingo e seguiram para a fila de três pessoas à sua frente.

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