Capítulo dez - Harris

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     Safira pensa que eu acreditei em uma só palavra do que ela disse. Claro que eu não acreditei, apenas fingi que acreditei só para dar um pequeno castigo por ter mentido para mim.
    Nem preciso dizer que sonhei com ela. Cada dia que passa, o sonho parece cada vez mais real. Não dá para explicar, mas essa sensação de gostar de alguém é tão boa, machuca um pouco, mas também me faz sorrir. Lembrar dela, da sua voz, do seu sorriso, tudo isso me faz sorrir.
     E agora estou olhando para as nossas fotos que foram tiradas ontem na cabine. A minha preferida é a que estamos nos beijando. Isso me faz sorrir, não me deixa triste. É esse o lado bom do amor de que estou falando. Achar que tudo é bonito, mesmo que por alguns segundos.
    Guardo as fotos e saio do quarto para tomar o café com todos. Sento na mesa depois de cumprimentar e finjo que Safira não está aqui. Mas as únicas pessoas que faltam na mesa são Esmeralda e Nicholas.
    — Porquê a Esmeralda nunca toma o café com a gente? — Renner pergunta para Peter.
    — Sono de beleza antes do casamento. — Ele responde.
    Jade está rindo. — Nós, mulheres!
    — Eu me lembro que fiquei alguns dias de dieta para caber no vestido. — Mamãe diz rindo também.
    — Mas nós não nos importamos com nada disso. — Papai responde.
    — Claro que não. — Peter diz.
    Sorrio. — As mulheres são assim, não podemos fazer nada. Gostamos delas desse jeito.
    — Eu não sou assim. — Jade olha para mim.
    — E o Nick? — Mamãe pergunta.
    — Ele não dormiu em casa. — Bebo um pouco de chá. Não sei se Safira está olhando para mim, mas eu não vou olhar para ela.
    — Você ligou para ele? — Jade pergunta.
    — Não. Mas ele mandou uma mensagem dizendo que está bem.
    Mamãe está sorrindo por algum motivo. — Eu não acredito que amanhã você vai se casar. Ainda ontem que você era um bebê, Peter!
    — Mãe, eu ainda não vou sair de casa. Só quando tivermos a nossa casa pronta. — Ele beija o seu rosto.
    — Ainda bem. Esmeralda é como uma irmã mais velha para mim. — Renner sorri.
    — Você é mais velho que ela. — Peter diz, comendo um croissant.
    — Mas você é meu irmão mais velho, o que quer dizer que é como se ela fosse mais velha também. — Renner responde. — E vou querer presente da minha cunhada no natal.
    Faço o papel do Nicholas e olho para Rubí. — Como ele conseguiu te conquistar?
    Ela ri. — Você ia ficar chocado com a nossa história.
    Comemos tranquilamente, felizmente ninguém fala sobre mim e Maise. Também não olho para Safira em circunstância alguma, achando divertido esse jogo. Daqui a pouco ela virá atrás de mim. Tenho a certeza. Todas as mulheres são assim. Ficam preocupadas quando o idiota que corre atrás deixa de fazer isso.

    Renner saiu com a Rubí, Nicholas está dormindo, Peter deve estar com Esmeralda, então Jade me acompanha nos estábulos. Ela se oferece para não ficar sem fazer nada. Vestimos roupas de montar e vamos para lá.
   Antes de tudo, mostro o que alguns cavalos têm feito. Monto o Rei, apenas ensinando alguns passos para ele. Ele faz movimentos com os cascos, alternando, no ritmo de uma dança, me deixando orgulhoso. Jade aplaude olhando para o cavalo como se também estivesse orgulhosa. E tal como eu imaginava, Safira se junta a nós. Só agora reparo na sua blusa cheia de botões e no seu short cintura alta jeans.
   Rei faz uma vênia para as senhoras quando eu mando, fazendo elas aplaudirem. Desço do cavalo e vou buscar a Princesa para Jade montar. Ela vem até mim lentamente, admirando a minha menina. Eu ajudo ela a subir.
    — Isso! — Ela faz tudo direito como se não fosse a sua primeira vez a montar um cavalo.
    — Estou indo bem?
    — Você tem um talento natural. Está indo muito bem.
    Ela sorri. — Claro!
    — Você vai conseguir? — Pergunto.
    — Claro que não! Posso parecer muito boa e que sei o que estou fazendo, mas eu não sei.
    Monto também, ficando atrás dela, não cometendo o mesmo erro que cometi com Safira. Falando em Safira, ela está olhando para nós. Essa é a única vez que olho para ela.
    — Fica calma, Princesa! — Digo.
    — Oi? — Jade tenta me encarar, me fazendo rir.
    — Não estou falando com você. — E começamos a cavalgar, ambos segurando nas rédeas, mas ela não comanda o cavalo. O cabelo de Jade cheira muito bem, ela é muito linda e interessante, não entendo porquê Nicholas não consegue ver isso. Se podesse pedir três desejos, eu pediria: primeiro, ser eu o marido da Safira, segundo, Maise ficar bem depois de tudo isso, terceiro, Nicholas e Jade se apaixonarem perdidamente.
    — Eu percebi que você gosta do meu irmão. — Digo.
    Na verdade, eu percebi isso desde o primeiro dia que saímos juntos os quatro. Eu não sei se Nicholas percebeu também, porque ele nunca deixa nada passar despercebido e nota todos os detalhes. Se ele sabe, então está afastando ela, se não sabe, talvez seja porque não se importa muito com isso.
    — Você só pode estar doido! — Ela responde. Não esperava que admitisse porque eu sou irmão do Nicholas e pode achar que vou contar tudo para ele.
    — Chame o que quiser. Mas não se preocupe. Eu não vou dizer nada.
    — Melhor não continuar com esse assunto. Eu tenho fama de saltar de cavalos.
    Rio. — Pensei que fosse a sua primeira vez.
    — É. Mas essa fama pode começar hoje. Se você continuar falando do Nicholas, eu salto.
    — Não faça isso. Meu ombro não está completamente curado.
    Mas eu não me arrependo porque eu tive que proteger Safira e evitar que ela ficasse machucada.
    — Está bem. Não sou louca. — Continuamos na frente até que avistamos um arco-íris muito lindo. — Eu queria poder tirar uma foto.
    — Você está em cima de um cavalo. Precisa ter cuidado.
    — Claro!
    — Pergunta importante!
    — Está bem. Podia me perguntar do jeito normal, tipo: posso fazer uma pergunta?
    — Você ia responder dizendo que já fiz, e eu detesto isso. — Tento me afastar um pouco dela. Seu cabelo não me deixa em paz.
    — Também eu. É irritante. As pessoas são um pouco irritantes. Não que eu seja uma sociopata, claro que não. Só não lido com algumas espécies.
    Rio. — Como assim?
    — Eu não suporto conviver com algumas pessoas. Apenas isso. Pode fazer a pergunta.
    Já tinha esquecido. Ela sabe como desorientar as pessoas. — Ah, sim! Você tem namorado?
    — Não. Porquê? Nicholas perguntou? Se sim diga que eu não namoraria com ele.
    — Curiosidade. Nicholas não gosta que ninguém fale por ele.
    Jade fica calada por talvez dois minutos. — Ouvi Renner comentando que os cavalos têm encontros reprodutivos nos estábulos. E como eles são muito altos, como eles se reproduzem?
    Não consigo evitar rir com isso. — Não me pergunte isso, por favor.
    Damos a volta para regressar. — Veio na minha mente agora mesmo.
    — Melhor não saber.
    Continuamos rindo. — Desculpa, mas eu estou me sentindo ridícula.
    — Só não solta as rédeas.
    Jade mantém as mãos firmes nas rédeas. — Porquê não posso montar o cavalo preto? Ele é demoníaco ou algo assim?
    Ela me faz rir novamente. — Não. Ele é muito grande para você.
    — Mas eu sou alta.
    — Você não é experiente. Aquela raça é apenas para experientes.
    — Entendido. Nicholas sabe montar? — Para alguém que não gosta dele, está perguntando demais sobre ele.
    — Sim. Mas meus irmãos não fazem muito isso. Acho que eu sou o único que tem uma ligação especial com animais.
    Ela parece estar sorrindo. — Que fofo!
    Nos aproximamos, e posso ver que Safira está conversando com Nicholas. Estranho meu querido irmão mais velho ter vindo para cá. Alguma coisa o atraiu com certeza.
    — Seu irmão é um idiota! — Jade diz.
    Princesa pára quando puxo as rédeas. Desço devagar e ajudo Jade a descer e a coloco no chão, depois viro para encarar nossos irmãos.
    — O passeio foi bom? — Nicholas pergunta.
    Jade cruza os braços como se estivesse brava. — Harris, muito obrigada. Você é ótimo. Foi muito divertido.
    — De nada!
    Ela sorri para mim. — Eu vou fazer biscoitos. Tem algum sabor específico?
    Sorrio para ela. — Chocolate.
    Ela acena para mim e sai.
    Nicholas olha para mim. — O que foi isso? — Pergunta como se quisesse explicações. Sinceramente, o amor é um sentimento complicado e engraçado.
    — Como assim?
    Nicholas bufa e sai como se estivesse com raiva de alguma coisa. Olho para Safira por alguns segundos, depois escovo o pêlo da Princesa. Oiço seus passos se aproximarem.
    — Posso montar também?
    — Na verdade, estou um pouco cansado. — Continuo sem olhar para ela. Acho que meu plano está resultando.
     Ela suspira. — Você está bravo comigo?
     — Claro que não! Porquê eu estaria?
    — Por causa do que eu disse ontem.
    — Não se preocupe com isso.
    Ela toca o meu ombro, me fazendo ficar arrepiado. Meu corpo responde de formas diferentes. Eu viro para ela.
    — Vou te ajudar a subir! — E eu faço. Ajudo ela a subir, depois subo. Dessa vez, ela também está sob meu controle.
    — Pensei que você estava cansado.
    — Você é perversa, Safira! — Puxo as rédeas para começarmos a cavalgar.
    Princesa vai rápido. Eu só sei que estava tudo bem até ela se aproximar de mim. É como o meu pai disse. Estou enlouquecendo com essa mulher. Não é justo o que ela está fazendo.
    — Você que me colocou no cavalo. — Ela sussurra. — E estava agindo como se estivesse bravo.
    — Se você não me quer, porquê isso importa? — Pergunto.
    — Não disse que me importo.
    — Porquê veio até aqui?
    — Eu gosto de ver os cavalos.
    Sorrio e beijo o seu pescoço. — Você é uma péssima mentirosa.
    — O quê? — Ela parece desconcertada, me arrancando gargalhadas.
    Continuamos cavalgando e vamos nos afastamos cada vez mais. Seus cabelos estão voando, e quando Princesa corre de verdade, ela fica com medo, tentando se segurar em algum lugar. Eu aperto os antebraços na sua cintura, enquanto seguro as rédeas.
    — Não tenha medo. Estou aqui. Nunca vou te deixar cair. Prometo!
    — Está bem.
    Beijo o seu pescoço mais uma vez. — Você é linda.
    — Harris, por favor!
    — Estamos quase chegando.
    — O quê?
    Contenho o meu sorriso, olhando para o rio no fundo, que vai se tornando cada vez maior a medida que nos aproximamos e já estamos demasiado longe. Princesa pára quando chegamos.
     Desço e prendo as rédeas antes de ajudar Safira a descer. Ela desliza nos meus braços, olhando para mim e um sorriso tímido escapa dos seus lábios. Como ela não consegue ver o que está acontecendo aqui? Ela está tentando mentir a mim ou a ela?
    — Obrigada! — Ela se afasta.
    — Eu quero beijar sua boca! — Seguro a sua mão. — Você não devia ter me procurado.
    — Eu não te procurei. Eu só... queria montar. — Cruza os braços contra seu peito.
    — Em que sentido? — Me aproximo dela novamente.
    — O quê? — Ela está se afastando de mim.
    — Não se faça de inocente. Eu sei que você não gosta do seu namorado. Consigo ver, consigo sentir.
    Ela está fugindo de mim. — Harris!
    — Eu gosto de jogos. Você está jogando muito bem.
    Ela corre, e eu vou atrás dela. Não faço tanto tempo para apanhar ela e envolvê-la nos meus braços. Safira fica rindo, depois caímos os dois, ainda rindo. Nós temos muita química. E vamos explodir a qualquer momento.
    Safira pára de rir e olha para mim. — Você não entende que isso é errado?
    — E você não entende que o proibido é mais gostoso? — Aproximo meu rosto do seu.
    — Harris, por favor!
    — Não pode me dizer para não continuar. Se você não me quer, apenas me empurre e sai correndo. Eu não estou te segurando.
    Mas ela não faz nada disso. Sou capaz de cantar de alegria. — Eu... — Ela está tremendo.
    Toco o seu braço. — Me diga para parar.
    Ela fecha os olhos. — Pára!
    Toco sua perna. — Me obrigue a parar!
    — Eu não posso!
    Minhas mãos seguram a sua blusa. — Me obrigue! Me impeça de tirar a sua roupa. — Abro o primeiro botão. — Me impeça, Safira. — Sussurro. O ar está difícil.
    — Pára! — Ela está dizendo, mas não consegue fazer nada. Não porque eu a impeço, mas porque ela também quer. Ela me quer também.
     Abro outro botão. — Parar? Pára de falar? Seja mais específica. — E abro outro, e outro. — Faça alguma coisa. Só faltam dois botões.
    Ela abre os olhos e morde o lábio inferior. Ela é muito bonita e está me deixando louco. Termino de abrir sua blusa, ajudando a tirar do seu corpo e vejo seu sutiã branco de renda e sua barriga.
    Beijo seu decote, depois a sua barriga. — Você está me deixando louco.
    — Estou?
    Tiro a minha camiseta e a minha calça. — Eu não aguento mais. Você está me fazendo...
    — O quê?
    Beijo sua boca e ajudo a tirar seu short jeans, sem me afastar. Acho que já fomos longe o suficiente para parar. Não vejo qualquer sentido se a gente desistir agora.
    Nos beijamos desesperadamente. Realmente estamos desesperados. Eu coloco ela por cima de mim, para poder abrir seu sutiã, mas ainda quero saborear a sua boca. Podíamos fugir para bem longe depois disso. Eu podia pagar os bilhetes de avião, iríamos desaparecer até que as coisas ficassem calmas. Graças a ela, já não vejo sentido nenhum em me casar com Maise. Estou sentindo que a vida se tornou mais intensa e com mais significado. Estou me apaixonando.
    Está tudo perfeito demais para ser verdade, até que o celular de Safira toca. Peço para não se afastar, mas ela se afasta para atender e fica parada olhando para a tela como se estivesse em choque.
    Puta que pariu!
    Merda!
    Caralho!
    Tenho a certeza que a gente não vai continuar.

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Espero que tenham gostado.
Beijos.

Safira - Pedras Preciosas Where stories live. Discover now