Capítulo vinte e quatro - Harris

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      Essa é a primeira vez que eu sinto uma dor tão intensa quanto essa. Meu coração está doendo depois de tudo isso. Eu sabia que ela iria me machucar, mas agora eu não posso fazer nada. Eu não posso mais continuar insistindo, não tenho forças para suportar ou esperar que cada vez mais ela me machuque. Não posso mais deixar. Se ela não me quer, eu tenho que aceitar isso.
    Eu tentei. Sério que eu tentei. Eu fiz de tudo para dar certo, mas ela vai sempre correndo para ele. O que eu devia fazer é me afastar antes que me machuque ainda mais. Ela vai ficar bem, mas mesmo que não seja verdade, é o que ela decidiu para sua vida.
    Peter sempre diz que o amor não pode ser forçado. Eu estava forçando, mas agora não vou mais fazer isso. Não posso obrigar ela a ficar comigo. Pensei que depois de tudo o que aconteceu ela já estaria apaixonada por mim, estaríamos juntos, mas vejo que me enganei.
    — Deixa ver se eu entendi. — Nicholas olha para mim. — Você anda se encontrando com a Safira. É isso? Depois ela vai correndo para os braços dele?
    — Sim. Isso mesmo.
    — Ah! Nós vamos dar uma lição nela.  Ninguém brinca com os meus irmãos.
    — O que você vai fazer?
    — Porquê acha que eu vou fazer alguma coisa?
    — Porque você é o malvado da família.
    Ele ri. — Não vou fazer nada muito cruel.
    — Não se preocupe com isso. Eu já estou decidido a desistir dela. Não suporto a ideia dela correr sempre para os braços dele.
    — Sinto muito. O que vai fazer agora?
    — Fingir que nada aconteceu. Vou encher a minha cabeça com outras coisas.
    — Acho sensato. — Ele suspira. — Devíamos ir para um local que pode te interessar.
    — E que local seria esse?
    — Um bar. Você encontra muitas mulheres lá. Mas tem de ser um bom bar, para não encontrar mulheres medíocres.
    Rio. — Você é inacreditável. Mas não se preocupe. Eu prefiro ficar em casa e ler um livro.
    — Você é que perde.
    Ele levanta da poltrona e sai do quarto. Deito na cama, olho para o teto como se a imagem de Safira estivesse lá. E eu não consigo parar de me perguntar o que ele tem? Porquê ela insiste em correr atrás dele, mesmo depois de ser traída? Mas se eu continuar pensando nisso, vou me torturar ainda mais.
    Meu celular toca e eu tenho um pouquinho de esperança que seja Safira, mas não é. É a Maise.
    — Alô!
    — Harris, eu posso conversar com você? — Sua vez parece triste.
    — Sim. Estou ouvindo.
    — Podemos nos encontrar amanhã? Por favor. É muito importante.
    — Aconteceu alguma coisa?
    — Sim. Mas é melhor a gente conversar pessoalmente. Por favor, diz que vai aparecer.
    — Está bem. Eu vou me encontrar com você.
    — Obrigada. Eu te espero no meu apartamento, então. Pode ser ao meio-dia?
    — Claro.
    — Obrigada. — Desliga.
    Era só o que me faltava. Parece que os problemas não param de aparecer. Só falta Maise me dizer que está grávida. Espero mesmo que não seja isso. Eu não quero ter um filho assim.
    Suspiro e pego num livro para ler. Quem sabe assim eu caia no sono e pare de pensar nela. Mas é impossível porque Safira também aparece nos meus sonhos.
    O amor fode as pessoas de um jeito cruel.

    Não estou bem disposto, mas vou ficar bem depois de comer uma fatia do bolo de laranja da Sofia. Meu pai olha para mim, quando me sento e tento não demonstrar que estou triste e com raiva. Sim, raiva por saber que sou muito idiota. Eu tenho que saber quando não vale a pena.
    — Você está bem, filho?
    — Não, mas eu vou ficar bem, pai.
    Renner se junta a nós também, seguido de Nicholas que não pára de abraçar a mamãe. Ninguém precisa dizer quem é o preferido.
    — Bolo de laranja! — Renner senta na mesa. — Pena que o Peter não está aqui. Eu vou tirar uma foto e mandar para ele. Ah, bom dia!
    Céus! Renner consegue sempre me fazer rir. — Bom dia, irmãozinho.
    — Sou mais alto que você. — Ele sorri e põe a saqueta na água quente.
    — Bom dia! — Mamãe e Nicholas também se sentam.
    — Parece que todos estão animados. Bom, quase todos. — Papai olha para mim.
    — Perdi alguma coisa? — Renner olha para mim.
    — Não se preocupe!
    — Peter faz tanta falta! — Nicholas dá um gole no seu chá.
    — Faz sim. — Renner responde. — Agora que eu penso nisso, fui eu que juntei aqueles dois.
    — Não me diga! — Mamãe ri. — Peter lutou. O esforço foi dele.
    — Se eu não mandasse flores para a Esmeralda, eu acho que ela não ligaria para ele.
    — Se eu não tivesse dado o meu cartão para Esmeralda, ela não teria ido atrás do Peter. — Nicholas diz.
    — Foi o Peter que conseguiu o perdão da Esmeralda. — Papai ri.
    — Deviam parar de brigar sobre isso. Porquê não arrumam uma namorada?
    Olho para minha mãe com vontade de gritar que já tenho uma esposa que não quer saber de mim, mas fico calado. Realmente é melhor ficar calado.
    — Eu já tenho uma namorada. — Renner responde.
    — Eu não preciso de uma. — Nicholas olha para mim.
    — É verdade. Quem precisa de uma namorada? — Pergunto.
    Mamãe olha para mim chocada. — O que você tem, bebê?
    — Eu estou bem.
    — Você não está bem.
    — Desculpa. Eu tenho que fazer algumas coisas. — Levanto e caminho rapidamente até o meu quarto para pegar a minha carteira e chaves.
    Oiço alguém atrás de mim e tento não descontar a minha raiva. Ainda está doendo. Eu não queria que doesse desse jeito.
    — Eu estou bem.
    — Não está. — Oiço meu pai.
    Sento na cama e espero que ele faça o mesmo. Eu não vou conseguir mentir por muito tempo. Preciso pelo menos contar uma parte da história. Talvez assim, eles deixem de me atormentar com perguntas.
    — É verdade, pai. Eu estava saindo com alguém. Eu me apaixonei e achei que podíamos ter algo mais, mas ela me rejeitou. Ela foi correr para os braços de outro.
    — Ah, filho. Eu sinto muito.
    — Eu sinto mais.
    — Eu entendo o que está sentindo. Mas pense que é apenas uma fase. Isso vai passar. Peter sofreu bastante por causa da Madeleine, mas passou. Ele até tinha colocado na cabeça que nunca voltaria a amar ninguém. Mas agora, ele encontrou alguém que merecesse o seu amor. Você também vai encontrar alguém que mereça o seu amor, Harris. Eu prometo.
     — Não pode prometer algo assim, pai.
    — Mas eu prometo.
    Eu abraço ele.
    Quero muito que isso seja apenas uma fase. Mesmo que eu não esteja desesperadamente apaixonado, mas dói muito. Eu quero chorar, mas não quero fazer isso. Só tenho que aceitar que mais uma vez, eu perdi.

Safira - Pedras Preciosas Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang