Safira - Pedras Preciosas

Capítulo dezenove - Safira

     Saio do banheiro depois de guardar o cartão que Harris me deu. Não acredito que ele veio aqui me beijar e me dizer que encontrou um emprego para mim. Ele estava procurando um emprego para mim. Estava mesmo!
    Meu coração se aquece enquanto volto para a nossa mesa, onde Jade está fazendo massagem nos ombros de Nicholas, Henry está distraído no celular e não há nenhuma sinal do Harris. Eu ainda gostava de saber porquê ele veio.
    — Loirinha! — Henry sorri para mim.
    Senti ao seu lado e olho para a minha irmã. — Perdi alguma coisa?
    — Não. — Ela se afasta de Nicholas, que choraminga. — Eu estava fazendo companhia nos meninos. Vou voltar para ajudar o meu chefe.
    — Posso te pagar uma bebida? — Nicholas pergunta para ela.
    — Sério?
    — Não! — Ele levanta e deixa um monte de notas na mesa. — Tudo por minha conta. — Caminha até a saída.
    — Espero que tropece e quebre seus dentes. — Jade responde irritada.
    Nicholas sorri e mostra o dedo do meio em resposta, depois vai embora. Jade volta para trás do balcão e parece estar conversando com Mason que ficou com cara de poucos amigos a noite toda.
    Como isso não tem nada a ver comigo, eu olho para Henry. — Eu preciso ir para casa. Amanhã tenho outra entrevista de emprego.
    — Sério? Porquê só estou sabendo agora?
    — Porque eu estava brava com você, lembra? E minha irmã me recomendou ontem a noite. — Minto.
    — Qual delas?
    — Esmeralda. Ela conhece muita gente agora que é uma Tales. — Engraçado que eu também sou uma Tales.
    — Está bem. Já que o outro Tales pagou a nossa conta, podemos ir. — Ele levanta. — Vamos despedir a Jade.
    Ele segura a minha mão e me leva até Jade. Ela sorri para mim, mas não faz o mesmo com Henry. Ela disse que nunca iria deixar eu perdoar o Henry e quando soube que eu perdoei ficou muito puta comigo e disse que não ia fingir gostar dele. Henry tem feito muita coisa para agradar ela, mas Jade não é fácil de comprar.
    — Vocês já vão?
    — Sim. Nos vemos em casa.
    — Com certeza! — Ela serve um cliente e pisca o olho para ele, antes de voltar sua atenção para mim.
    — Tenha uma boa noite, Jade. — Henry sorri.
    — Boa noite! — Estreita os olhos para ele.
     Saímos do bar e encontramos o BMW do Henry. Ele abre a porta para mim, e esse simples gesto me faz lembrar do Harris, porque não houve uma única vez que ele não abriu a porta para mim.
    Fico pensando também se aceito a proposta do Harris. Eu preciso de um emprego e ele conseguiu para mim. Será que é errado? Quer dizer, deve ter pedido um favor para a sua amiga só para eu trabalhar. Aprecio isso, mas não muda a nossa situação. Acho que não há nada que possa mudar.
    Fico o caminho todo pensando no que aconteceu ontem no hotel e felizmente, Henry me deixa com os meus pensamentos. Harris foi muito carinhoso comigo e foi bom dormir no seu peito. Ele me toca de um jeito diferente, como se eu fosse feita de vidro, ele me beija como se estivesse me dando tudo. Porquê eu não consigo parar de pensar nisso?
    Estaria mentindo para mim mesma se dissesse que não sinto nada pelo Harris, mas também não posso ter esquecido Henry. Eu sei que não. Só estou confusa depois da semana intensa que eu tive com Harris.
    Mas eu já me decidi. Vou ligar para ele para que me leve para aquele escritório de advogados que ele me recomendou. Mas porquê ele está sendo tão fofo comigo? É um jeito de me fazer mudar de ideias?
    — Como foi passar uma semana com os Tales? — Henry pergunta de repente, me tirando dos meus devaneios.
    — Foi normal. A gente interagia pouco porque estávamos sempre fazendo os preparativos para o casamento. — Ultimamente tenho mentido muito. Das minhas vinte mil palavras por dia, quinze mil são mentiras.
    — Está bem. Mas eu não gosto muito que interaja com os Tales. Eles são estranhos e se acham melhores do que todos.
    Finalmente chegamos em casa, e eu me pergunto se ele está mesmo sugerindo que eu me afaste dos Tales. Isso é um absurdo.
    — Peter é meu cunhado, Renner também será em breve, minha mãe trabalha para eles, não pode me pedir algo assim.
     — Desculpa. Você tem razão.
     — Você está com ciúmes? — Pergunto.
     — Já olhou para eles?
     Claro que já! E foi muito bom.
     — Já olhou para você? — Digo. Henry é mais alto e mais bonito que o Harris. Mas beleza não é tudo na vida, não é?
    — Está bem. Estou sendo um idiota.
    — Está. Não se preocupe com eles.
    Ele me dá um beijo de despedida. — Está bem. Depois ligo para você.
    — Vou esperar. — Desço do carro e entro em casa.
    Estou sozinha porque Rubí deve estar com Renner, então tranco tudo e vou tomar um banho antes de ligar para Harris. Espero não me arrepender disso.