Capítulo trinta e um - Safira

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      Quando Harris passa pela porta, minhas lágrimas queimam o meu rosto e eu não consigo parar de chorar. E realmente não me importo que Henry me veja chorando por outro homem porque nós já não estamos juntos. Eu já não estou apaixonada por ele.
    Eu estou tentando mesmo que volte para mim. Até machuquei o meu tornozelo direito de propósito para que ele pensasse que fui assaltada e agredida, mas ele não quis ficar comigo, não quis conversar. E agora, estou com o tornozelo machucado e sem Harris. Fui muito irresponsável, mas só quero meu marido. Quero salvar o nosso casamento.
    Henry entra e fecha a porta, depois vem até mim e nota o meu pé no sofá. Ele olha para mim e se ajoelha ao meu lado.
    — O que aconteceu?
    — Saltos altos. — Não é exatamente mentira.
    — Você está bem?
    — Não.
    — Por causa dele ou por causa do seu pé? — Pergunta.
    Limpo as lágrimas. — O que você está fazendo aqui?
    — Eu precisava conversar com você. Sobre a gente.
    — Não há nada para conversar. Eu sinto muito.
    — Porquê não? Por causa dele? — Ele senta no sofá ao meu lado. — Você gosta dele? É por isso que terminou comigo?
     — Sim.
     Henry passa a mão pelo seu rosto lindo e fica em silêncio. Eu não queria que pensasse que ainda sentia alguma coisa por ele. Eu sinto, mas já não estou apaixonada. Nunca devíamos ter voltado.
    — Henry, eu sinto muito.
    Ele levanta. — Eu também. Mas eu sei que a culpa foi minha.
    Ele também passa pela porta e vai embora, me deixando sozinha. Mas o que realmente dói, foi o que Harris fez. E ele disse que não me ama. Mas eu sinto que ele não estava dizendo a verdade.
    Choro no sofá, pensando se ainda tenho alguma chance de recuperar o Harris. Eu já não sei o que vou fazer e tenho muito medo que um dia desses ele apareça com os papéis do divórcio na minha frente.
    Olho para o meu tornozelo inchado e me pergunto se amanhã eu vou conseguir trabalhar. Nunca faltei ao trabalho antes e infelizmente Karly não tem nenhuma audiência marcada essa semana, o que significa que eu vou mesmo trabalhar.
    Pouso os pés no chão com cuidado e tento caminhar até ao quarto. Mas faço devagar por causa da dor e acho que demoro dez minutos minutos para chegar lá e deitar na minha cama.

    Decido ir trabalhar de muletas e Karly fica com pena de mim. Ela tentou me mandar para casa, mas eu não quero ir para casa e ficar chorando pelos cantos, coisa que eu mereço, mas não quero fazer. Prefiro ocupar a minha mente no trabalho e esquecer que Harris existe apenas por algum tempo.
    Tiro o meu cartão do Golden e fico olhando para o nome escrito, por alguns segundos. E também lembro da minha primeira noite naquele lugar. Ele foi tão gentil, porquê eu não retribui? Porquê eu sou tão idiota?
    Suspiro e espero por Karly, mas ela liga para mim da sua sala. — Sim, chefe!
     — Vou dispensar você mais cedo. Já chamei um táxi para você e não ouse em reclamar porque é uma ordem.
     — Sim, senhora.
     Espero até ela desligar para arrumar as minhas coisas e pegar nas minhas muletas para sair dali. Eu gostaria muito de ir para casa, mas eu não quero ir para casa. Eu tenho que reconquistar o meu marido antes que ele peça o divórcio.
     Espero o táxi na calçada, até que alguém toca o meu ombro, me assustando. Eu me viro para ver quem ousa me assustar uma hora dessas, mas não esperava ver Maise.
    Ela está usando uma calça e blusa preta, assim como seus saltos altos. Ela é muito bonita, mas aquela ruiva é muito mais. E não quero pensar se Harris ainda se encontra com ela, mas sim porquê a ex do meu querido marido está aqui.
     — Oi! — Ela acena.
     — O que você está fazendo aqui? — Pergunto.
     — Nada. Porquê acha que quero alguma coisa? Eu estava passando e vi você. Acredita?
     — Claro que não acredito.
     Ela ri. — Tem razão. Estou mentindo. Não nos apresentamos como deve ser. Eu sou a...
     — Maise. — Estou cansada de saber desse nome.
     — É bom saber que me conhece.
     — O que você quer?
     — O que eu quero? Eu quero que você se afaste do Harris. Não é um pedido. — se aproxima de mim.
    — Porquê eu faria isso? Ele terminou com você. Vocês não têm mais nada.
    — Não temos porque você está no nosso caminho. A gente iria se casar. Eu tenho a certeza que foi você que estragou tudo.
     Não respondo, mas parece que isso deixa ela irritada. E quando dou por mim, ela arranca minhas muletas e me empurra na estrada. Estou no chão e com o tornozelo doendo demais. Mas essa não é a pior parte. A pior parte é quando oiço um carro em muito direção, mas para a minha sorte, deve ser o táxi que Karly chamou.
    Maise joga as muletas em mim, que bate na minha testa. — Isso é apenas um aviso. O próximo não será. — E ela simplesmente desaparece.
    Um homem simpático de meia idade me ajuda a levantar e a entrar no táxi. Eu não poderia imaginar que Maise podesse fazer algo assim. Ela parecia ser uma pessoa inofensiva, mas as aparências enganam.
    Pego no meu celular para ligar para Harris, mas ele não atende. Tento cinco vezes seguidas, mas o resultado é o mesmo e isso me faz chorar. Detesto me sentir tão fraca, detesto chorar, mas ultimamente não há outra coisa que eu não tenha feito.
     Decido enviar uma mensagem que ele não pode ignorar.

Safira - Pedras Preciosas Where stories live. Discover now