Capítulo trinta e três - Safira

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      Minutos antes

     Rubí comprou teste de gravidez para nós duas fazermos. Eu tenho medo porque não sei como Harris vai reagir agora que ele me odeia. Mas eu não posso fazer mais nada. Não tem como impedir o resultado.
    Choro quando vejo e sinceramente, não consigo imaginar se isso é uma notícia boa ou ruim, por causa da nossa situação. O que eu vou fazer agora? Agora tudo vai se tornar mais complicado.
    Rubí me abraça e sorri. — Porquê você não está feliz? Mamãe sempre disse que devemos ficar feliz se estivermos grávidas.
    — Mas o Harris me odeia! Talvez vai odiar o bebê também.
    — Não. Ele não é assim.
    — Eu não sei se devo contar.
    Rubí pousa o seu teste na mesa de centro. — Eu acho que deve. Agora eu tenho algumas situações para resolver. Você vai ficar bem?
    — Eu vou.
    Ela vai para o quarto e eu fico olhando para a TV, mas tudo o que eu vejo é o nosso bebê. Talvez eu precise de mais alguns dias para contar para ele. Ou semanas.
    A campainha me tira dos meus devaneios e vou abrir a porta. E ao que parece, o destino decidiu fazer o que eu tenho medo de fazer. Mas eu não posso contar agora.

     Agora

    Vou matar Rubí por deixar aquele teste de gravidez por cima da mesa. Mas por outro lado, ela não iria saber que Harris viria aqui me pedir para ser mais branda com Maise. Será que ele vai me perdoar se souber do bebê?
    Agora, só estou aguardando pelo momento em que ele vai aparecer com o divórcio. Talvez esse dia não esteja longe de acontecer, mas como eu vou contar sobre o bebê? Eu já menti.
    Meu tornozelo está melhor que ontem, mas ainda está pior. Não tive como trabalhar hoje e espero realmente conseguir amanhã.
    Vou para o quarto de Rubí, e vejo ela estudando e não quero incomodar, mas eu quero conversar com alguém. Pelo menos, hoje ela não saiu com Renner.
    — Você já fez o teste? — Pergunto.
    Ela ri. — Minha menstruação acabou de aparecer. Mas e você? Porquê não contou para ele?
    — Eu não sei.
    — Eu sei. Você não quer que ele volte para você só por causa do bebê. Mas ele tem direito de saber.
    Sento na antiga cama de Esmeralda. — Você ouviu tudo?
    — Ouvi sim. Sinto muito que vocês estejam nessa situação.
    — Daqui a pouco eu vou superar tudo isso.
    — Vai sim. Quer que eu faça um bolo?
    — De coco, por favor! — Faço beicinho.
    — Está bem. Eu faço o seu bolo.
    — Assim eu começo a ficar feliz. — Olho para seus livros de medicina. — Você não tem que estudar?
    — Eu tenho, mas não vou demorar. Confia em mim.
    — Está bem.
    — Eu acho que não devia desistir dele. — Rubí fecha o seu livro e levanta. — Principalmente agora que vão ter um filho.
    — Rubí...
    — Ele é apaixonado por você e você também está apaixonada por ele. Safira, um de vocês deve lutar.
     Suspiro e levanto também. — Eu não sei. — Saio do quarto com as minhas muletas.
    A campainha toca e eu vou o mais rápido que posso com esperança que seja Harris. Será que ele voltou e quer dizer alguma coisa? Se for sobre a Maise, ele pode esquecer. Se for sobre a gente, eu quero ouvir.
    Abro a porta. Nunca estive tão desiluda em toda a minha vida. Henry está aqui. Ele entra e fecha a porta por mim. Pensei que já tínhamos dito tudo, mas parece que não.
    — Henry, aconteceu alguma coisa?
    — Eu queria te ver. — Ele se aproxima de mim.
    Eu me afasto. — Já conversamos sobre isso. Eu já disse que estou apaixonada por outra pessoa.
    — Mas ele não parece querer ficar com você. Eu estou aqui.
    Ele me agarra pela cintura, me fazendo deixar cair as muletas e me beija à força. Eu tento me soltar, mas ele não me deixa, até que uso o meu pé bom para chutar entre suas pernas. Henry automaticamente me larga para tocar suas partes doloridas, me fazendo cair no chão.
    Eu choramingo porque as muletas ampararam a queda. Henry olha para mim se sentindo culpado e tenta me levantar, mas eu nego a sua ajuda.
    — Safira, eu sinto muito. Eu...
    — Vai embora, por favor! Não quero te ver.
    Rubí vem correndo para cá e olha para Henry com os olhos arregalados. Acho que parece que ele me empurrou, qualquer pessoa que olhar para nós vai pensar isso.
    — O que você está fazendo? — Rubí me ajuda a levantar e a sentar no sofá, depois apanha as minhas muletas.
    — Eu sinto muito. — Ele sai, batendo a porta.
    — Céus! O que está acontecendo?
    — Ele me beijou à força e eu bati nele.
    — Não acredito! Porquê os exs têm de ser tão estúpidos? — Ela pergunta e vai para a cozinha, sussurrando coisas que não consigo ouvir.
    Suspiro e toco a minha barriga pensando se meu filho está aguentando tudo isso. Primeiro, Maise, agora Henry. Ele é tão vulnerável, não quero perdê-lo também.
    Pego no teste de gravidez, nas minhas muletas e vou para o quarto para tentar descansar e pensar num jeito de contar para Harris que vamos ter um filho.

Safira - Pedras Preciosas Where stories live. Discover now