Capítulo trinta e nove

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     — Eu vou passar aí para buscar você daqui a pouco. Estou morrendo de saudades, amor. — Harris diz.
    — Sim. Estou terminando de fazer as malas. Por favor, não demora.
    — Não vou demorar. Eu prometo!
    — Te amo! — Sorrio.
    — Eu também te amo. — Desligo e volto a minha atenção nas minhas coisas. Praticamente já terminei de fazer as malas. Também já estou pronta, só estou me certificando que não estou me esquecendo de nada.
    Olho para o quarto e minhas lágrimas aparecem porque vou ter saudades desse lugar. Vou ter saudades de dormir com Jade, das nossas conversas durante a madrugada, vou sentir saudades de irritar ela no banheiro, vou sentir saudades de tudo.
    Saio do quarto e vou para a sala, me lembrando do momento em que viemos para cá pela primeira vez. Não acredito que estou indo embora. Amanhã eu vou acordar em outro lugar e já não vou comer as panquecas da Jade.
    Limpo as lágrimas e busco um copo de água. Gostaria que elas estivessem aqui. Mas elas já se despediram nessa manhã. Rubí segurou as lágrimas e foi para a praia com Renner depois de um grande abraço. Jade fingiu ser forte e também me abraçou. Quando elas voltarem, já não vão me encontrar.
    A campainha toca, me fazendo sorrir. Deve ser o homem que a partir de agora vai fazer parte da minha vida. Com quem vou compartilhar tudo. A minha metade perfeita.
    Vou em passos rápidos abrir a porta e fecho no mesmo instante, mas Maise impede com a sua bota negra, empurrando a porta com força até que consegue entrar.
    Procuro o meu celular, mas não encontro. Não consigo encontrar ele em nenhum lugar. Devo ter deixado ele no quarto.
    — Oi, Safira! — Ela sorri. — Voltamos a nos encontrar.
    — O que você está fazendo aqui?
    — Como assim o que estou fazendo aqui? Você rouba o meu noivo e ainda me pergunta o que estou fazendo? Isso é sério?
    — Maise!
    — Está com medo, Safira? Você é esperta porque no seu lugar, eu também ficaria com medo. — Ela fecha a porta. — Muito medo.
    — Eu posso pedir para Karly...
    — CALA A BOCA! — Ela se aproxima de mim. — Acha que pode fazer alguma coisa contra mim?
    — Maise, o Harris...
    — O Harris era meu. Você não tinha o direito de tirar ele de mim. Eu amo ele. Ele é tudo para mim. Porquê tirou ele de mim?
    — Sinto muito. — Minha voz falha.
    — Sente mesmo? Sente, Safira? — Ela quebra o vaso que estava por cima da mesa.
    — Por favor, não faça isso! Não precisa fazer isso. Não vai ter o Harris de volta desse jeito.
    Ela sorri. — Você é tão inocente! Eu posso ter tudo o que eu quiser.
    — Ele não te ama.
    Ela fecha os olhos por alguns segundos. — CALA A BOCA!
    Assusto quando joga outro vaso na parede e depois se aproxima de mim. Seus olhos estão vermelhos e cheios de lágrimas, mas também estão cheios de fúria. Ela tem ódio de mim. Um ódio bastante profundo.

                          Harris

    Dirijo em direção à casa da Sofia, ouvindo uma música suave, enquanto Nicholas fica grudado no celular. Meu querido irmão só aceitou vir porque disse que Jade não estaria em casa. Acho que ele está evitando ela porque já sabe que gosta dela. Ele não a quer.
    — Quer conversar? — Pergunto.
    — Não, se for sobre mim.
    — Não é sobre você. É sobre a Jade.
    — É sério, Harris? Você adora me torturar com esse assunto. Se eu sentisse alguma coisa por ela, eu saberia.
    Olho para a estrada. — Bom, é complicado. Peter não se apercebeu quando se apaixonou por Esmeralda, lembra? Você sabe como as coisas aconteceram.
     — Eu sei. Mas comigo é diferente. Você vai ver. Eu não digo que ela não é atraente, só não sinto nada.
    — Leva tempo a perceber. Você não quer aceitar. Mas não faz mal. Em breve... — Paro de falar quando vejo um carro estacionado na entrada. De onde eu conheço esse carro?
    — O que foi? — Nicholas pergunta.
    — De onde eu conheço esse carro? Quem está aqui? — Estaciono e desço imediatamente. Nicholas me segue.
    Quando eu fico mais perto, consigo lembrar de quem é o Austin Martin vermelho. Eu sei de quem é esse carro. Eu ajudei a comprar.
    — Maise! — Vou correndo para dentro. A porta está fechada, por isso eu arrombo e vejo sangue. Céus! Eu vejo sangue.
    — SAFIRA! — Vou correndo até elas e tiro Maise de cima da minha esposa.
    Safira está no chão, inconsciente e sangrando na testa, nas mãos, no pé e há sangue espalhado pelo chão.
    Lágrimas queimam o meu rosto e seguro ela nos meus braços, sentindo o meu coração se quebrando em pedacinhos, sentindo uma escuridão me dominar. Fico com muito medo e fico com dificuldade em respirar. Eu não posso porque ela é o meu ar.
     — S-Safira! Meu amor... meu amor, fala comigo. Por favor! — Abraço o seu corpo quando ela não responde.
    — O que você fez? — Oiço Nicholas.
    — Ela tirou o Harris de mim...
    — PORQUÊ? — Grito com ela.
    Nicholas segura os braços de Maise com uma mão e usa a outra para ligar para a ambulância e para a polícia.
     Eu volto a minha atenção para Safira. — Acorda, amor. Por favor, não faz isso comigo. — Imploro.
     Sua testa continua sangrando, seus olhos estão fechados. Eu tenho muito medo. Por ela e pelo nosso filho. Porquê isso está acontecendo?
    — Harris! — Maise chama por mim. — Não chore por ela!
    Passo a mão no rosto de Safira. — Se você me deixar, eu não vou aguentar. Siga a minha voz. Safira, acorda. Eu imploro, amor. Não faz isso comigo. — Não consigo parar de chorar. — Não faz isso comigo, amor. Você é forte. Por favor! Safira!
     — A ambulância já está vindo. — Nicholas diz.
     Mas eu sinto que estou perdendo ela. Safira está nos meus braços e não responde. E se ela não aguentar? O que eu vou fazer? Porquê eu não cheguei antes? Porquê eu não vim com ela? Porquê eu deixei que ficasse sozinha em casa? Porquê eu fui fazer uma coisa dessas? Porquê isso está acontecendo comigo?
    — Meu amor! Eu imploro. Faça isso por mim, Safira. Não me deixa. Eu preciso de você. Acabei de te encontrar. Eu preciso... meu amor. Não me deixa. Não! Não! Não!
    — Harris, vai ficar tudo bem. Acredite em mim.
    — O que você fez, Maise? — Pergunto ainda chorando.
    — Você ficou com ela.
    É tudo o que ela diz. Eu não consigo ficar com raiva porque tudo o que me importa agora é Safira. E felizmente, depois de alguns minutos, oiço a ambulância e depois vejo homens entrando em casa e tiram Safira dos meus braços, enquanto outros homens algemam Maise. Eu não quero saber dela agora. Só quero saber da minha esposa.
    Vou para a ambulância também onde um enfermeiro começa a cuidar de Safira. Nicholas se certifica de explicar o que aconteceu para a polícia enquanto eu fico rezando para Safira sobreviver. Nunca tive tanto medo em toda a minha vida.

Safira - Pedras Preciosas Where stories live. Discover now