Capítulo vinte e dois - Harris

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     Beijar Safira é tão bom que não consigo parar. Sua boca tem um gosto tão viciante, tão bom, eu nunca provei algo assim. Cada vez que seus lábios tocam nos meus, mais eu me apaixono. Posso dizer que nunca ninguém me beijou tão bem e isso só prova o quanto ela sente o mesmo por mim. Melhor ainda é saber que não está se afastando de mim. Pena que não posso quebrar a minha promessa e fazer amor com ela agora mesmo. Céus! É difícil me segurar.
    Como eu não posso me apaixonar, como posso me afastar quando há tanta química, tanto sentimento? Nós somos tão perfeitos juntos. Pela primeira vez, eu estou me entregando para alguém profundamente, mas também é porque não tenho escolha. Com Safira, meu cérebro já não funciona, meu coração está tomando conta de tudo.
    Acaricio os seus braços e suas costas, deixando que ela puxe meu cabelo suavemente, pronta para me beijar até não poder mais. Eu faço o mesmo, beijo sua boca, me doou para ela, tentando conter a vontade de tirar seu vestido. Eu só quero que esse beijo dure para sempre, mas...
    — Harris...
    — Não diga nada. Não estrague o momento, por favor! — Volto a beijar a minha esposa.
    — Está ficando tarde. Eu tenho que ir para casa.
    — Não precisa. Podemos dormir aqui. Não vou tentar transar com você. Confia em mim. A não ser que você queira.
    Olho para ela e espero que diga que sim. Que me peça para transar com ela loucamente aqui mesmo, embora esteja um pouco frio, podemos aquecer um ao outro. Eu posso aquecê-la. Será que é normal ela me deixar louco desse jeito?
    Ela afasta seu rosto, mas ainda está tocando o meu cabelo. — E a gente vai dormir no sofá?
    Sorrio. — Claro que não. Não faria isso com você.
    Levo ela de volta para dentro e vamos para o nosso cantinho privado. Tira a chave para abrir a porta do quarto e deixo ela entrar primeiro. Safira olha para o quarto, depois olha para mim como se tivesse percebido alguma coisa.
    Tudo o que eu sei é que essa cama poderia servir para outras coisas além de dormir. Seus olhos me fuzilam, mas não me sinto intimidado. O que eu sinto nem pode ser descrito. Melhor ela nem saber. Sério que estou tentando ser um bom marido. E daria muito mais de mim se ela aceitasse de uma vez a nossa situação.
     — Seu plano era transar comigo? — Pergunta como se fosse uma coisa ruim. Eu gostaria muito.
     Suspiro. — Não. Porquê pensa sempre o pior de mim? — Estou sendo sincero. O plano era comemorar o seu primeiro dia de trabalho, mas se sexo viesse no pacote, eu não me importaria.
     — Eu não sei se devo dormir com você, Harris. Eu nem devia estar aqui. Eu estou traindo o Harris.
     Reviro os meus olhos. Será que ela ainda não percebeu que eu sou o traído? Ela tem o meu sobrenome, ela é minha legalmente e tem saído com um homem que não pode provar seu relacionamento com ela para um juiz. Eu posso!
     — Na verdade, você está me traindo. — Cruzo os braços, já cansado que ela pense que aquele imbecil é a vítima da história.
     — Claro que não!
     — Você está casada comigo, Safira. Eu sou o seu marido. Tinha que ser eu a estar com você, tinha que ser o único a beijar você, te chamar de amor, te abraçar...
     — Eu... — Ela senta na cama.
     Eu vou ao seu lado e sento na cama também. — Não é tão difícil. Sei que você também está confusa.
    Ela fecha os olhos. — Parece errado.
    — Não é errado, amor. — Fico de joelhos na sua frente para tirar os seus sapatos.
    — Você disse que não ia transar comigo.
    — Sim. Eu tenho várias outras formas de demonstrar o meu amor.
    Ajudo ela a se levantar para tirar o seu vestido, revelando sua roupa íntima de tirar o fôlego. Uma calcinha e sutiã de renda branca.
    Ela olha para mim. — Tem a certeza que não está tentando me excitar?
    Tiro a minha camisa e ajudo ela a vestir. — Eu prometi que não ia tocar em você.
    — Isso inclui me beijar?
    — Não. Definitivamente, não.
    — Eu não tinha decidido se iria embora ou não.
    — Mas já está feito.
    Coloco ela deitada na cama e dobro suas roupas na poltrona. Safira faz um rabo de cavalo e cobre seu corpo com os lençóis brancos, olhando para mim. Eu quero muito ir para cima dela, estou ficando doido, por isso tenho que me acalmar.
    — Já volto.
    Volto para a sala, abro a pequena geladeira e tiro uma garrafa de água. Fico na parede de vidro observando as pessoas. O que me chama atenção, é um homem ajoelhado na frente de uma mulher no restaurante com uma caixinha de veludo aberta para ela. A mulher levanta completamente feliz e abraça ele. O homem é sortudo. Gostaria de ter essa sorte também.
    Recebo uma ligação do Peter nesse momento. Pensei que nunca mais ligaria, deve estar tento uma lua de mel maravilhosa. Pensar que corro o risco de não ter uma faz o meu coração doer.
    Peter está no quarto e Esmeralda está dormindo ao seu lado com sua camisa no corpo. O sorriso do meu irmão é enorme. Ele deve estar muito feliz. Quem não estaria, casado com a mulher que ama. Eu tenho até um pouco de inveja, mas estou feliz por ele.
    — Até que enfim lembrou da gente. — Digo, sorrindo.
    — Sim. Acabei de ligar para todos, você era o único que não estava em casa. Está com Maise?
    Lembro agora que não contei para ele que terminei com Maise. Não queria que se importasse com os meus problemas na sua lua de mel.
    — Eu terminei com a Maise quando regressamos.
    — O quê? E você não me diz nada?
    — Não achei relevante. Você precisa aproveitar sua lua de mel.
    — Onde está agora? — Só porque é o mais velho acha que todos devemos satisfação a ele.
    — No Golden.
    — Está sem camisa. O que esteve fazendo? Você não fica sem camisa sem motivos.
    Céus! Preciso mudar de assunto. — Como a Esmeralda está?
    — Ela está descansando. Amor, Harris está aqui. — Ele olha para ela. Vejo apenas sua mão acenando.
    — Oi!
    — Você está com alguém? — Insiste. Ele não tem culpa. Isso é de família.
    — Eu estou. Era isso que queria ouvir?
    — Eu conheço?
    — Não.
    — Você quer que eu acredite? Você não é assim. Poderia esperar isso do Nick e do Renner, mas não de você. O que significa que tem um relacionamento com alguém.
    — Eu não quero falar sobre isso. Podemos mudar de assunto?
    — Como quiser. Pelo menos, terminou com a Maise.
    — Ela está arrasada.
    — Tem a certeza? Não importa. Tenho saudades de todos vocês.
    — Também temos de você. Não acredito que você está casado. — E eu também.
    — Eu também não acredito ainda. — Ele mostra sua aliança. — E vou ser pai. Quando as boas coisas vêm, vêm de uma vez, não é?
    — Pelos vistos, sim.
    — Esmeralda dorme muito por causa do bebê, mas isso não nos impede de aproveitar a nossa lua de mel. Gravidez tem os seus lados bons. — Ele se aproxima da câmera e sussurra. — A líbido, por exemplo. — Ri.
    — Você não muda! — Rio também, pensando como seria ter um filho com Safira.
    — Vou desligar, porque você está ocupado. Mas depois vai me explicar muito bem essa história.
    — Claro que sim. Eu explico o que quer saber.
    — Adeus!
    — Adeus! Adeus, Esme.
    Ela não responde, e Peter desliga.
    Suspiro, dou um gole na minha água e volto para o quarto. Safira está com os olhos acesos, olhando para o teto. Eu apago a lâmpada, tiro os meus sapatos e a minha calça, que deixo bem dobrados por cima da poltrona e deito ao seu lado, mas Safira me dá as costas.
    Isso é frustrante. Eu só quero que ela desista dessa brincadeira e fique comigo de uma vez.
    Coloco a mão na sua cintura e a aproximo até que suas costas toquem no meu peito. Sinto o cheiro do seu perfume e beijo o seu pescoço. Consigo notar sua reação. Dou mais um beijo e ela solta um gemido, me fazendo sorrir.
    — Eu aprendi a andar de bicicleta quando tinha cinco anos. Você não imagina quantas vezes eu cai. Meu pai me ensinou com a ajuda de Peter. — Aperto minha mão na sua cintura. — Não gostava muito de escolas. Eu só gostava de ficar em casa com os meus irmãos, por isso meus pais me abrigavam sempre.
    — Porquê você está me dizendo isso?
    — Porque eu quero que você me conheça.
    Ela vira para me encarar, mas nem com isso afasto minha mão dela. — Quantas namoradas você já teve?
    — Posso retribuir a pergunta? — Acaricio o seu rosto.
    — Pode. Acho justo.
    — Quatro. Eu sou um homem que leva à sério os relacionamentos. Agora você.
    — Dois.
    — Sua idade? — Beijo a sua testa.
    — Vinte e três. Posso saber a sua também?
    — Se eu não quiser dizer?
    — Eu não vou responder às suas outras perguntas também.
    Sorrio. — Vinte e oito.
    Ela também sorri. — Você é mais novo que o Henry.
    — Isso é ruim? Tem preferência com idades? — Merda, isso me incomoda bastante.
    — Não. O importante é que você é mais velho. — Apoia seu rosto no seu braço. — Quando você perdeu sua virgindade?
    Eu comecei com essa brincadeira então tenho que terminar. É bom saber que quer me conhecer.
    — Dezoito anos. Eu era bem certinho.
    Ela sorri. — Qual das namoradas?
    — A segunda namorada. Agora é a sua vez.
    Ela suspira e desvia o olhar. — Foi com o Henry. Há quatro anos.
    Agora estou ainda mais incomodado. Foi com ele que ela teve sua primeira vez, será que é por isso que ela não quer deixar aquele imbecil? Ela nunca vai esquecer o homem que tirou sua virgindade. Mas isso não significa que ele seja seu amor eterno.
    — Está bem. — Também desvio o olhar e afasto a minha mão dela.
    — Você nunca fugiu para ir numa festa? — Ela parece perceber a minha reação.
    — Não. Na verdade, eu era o irmão que encobria. Encobria Peter, Nicholas e até Renner, mas quando as coisas apertavam, eu não conseguia mentir para os meus pais.
    — Porquê você é tão certinho?
    — Olha para os meus irmãos! Quando éramos mais novos, eles eram terríveis, até o Renner que é o caçula. Eu achei que seria justo que nossos pais tivessem pelo menos um filho que andasse na linha. Renner começou a escapar para festas aos quinze anos.
    Ela ri. — Eu acho isso bonito. Mas alguma coisa me diz que não aproveitou muito bem a sua adolescência. A vida é para ser aproveitada, correr riscos, mas tudo com cuidado.
    — Eu não pensava assim. — Devolvo a minha mão na sua cintura. — Agora eu quero saber sobre você. Como foi sua adolescência?
    — No meu caso, Esmeralda é que nos encobria. — Ela ri. — Ela é uma versão feminina de você. Eu e a Jade escapavamos para as festas sempre. Minha mãe nos colocava de castigo todos os meses. Rubí era equilibrada.
    — E agora, o que mais gosta de fazer?
    — Bom, eu gosto de cozinhar.
    — Hummm! — Deslizo minha mão até sua perna nua. — Eu adoro mulher que sabe cozinhar.
    — Eu gosto de ouvir música, passear, fazer compras, cinema, essas coisas chatas.
    — Eu não acho chato.
    — Comparado com o que você faz, deve ser chato sim.
    Coloco a sua perna em mim. — Eu leio algumas vezes, não sou como o Nick que não deixa os livros respirarem. Gosto de passear também, trabalhar, velejar, viajar, andar de cavalo e comer.
    — Eu disse que você era mais interessante.
     Toco seus lábios com o polegar. — Qual é a sua maior prioridade?
    Ela franze a testa. — Eu acho que é o trabalho. Nunca pensei sobre isso. E você?
    — Minha esposa!
    Safira fica sem palavras, olhando para mim com seus olhos azuis brilhando. Eu queria que ficasse mesmo, porque eu não disse nenhuma mentira. A partir do momento em que Safira se tornou a minha esposa, passou a ser a minha família. A família está sempre em primeiro lugar. Ela é a minha família, eu tenho que fazer tudo por ela.
    Não espero que ela diga mais nada e  dou um beijo de boa noite na sua boca deliciosa, depois abraço seu corpo contra o meu e fecho os olhos, cumprindo a minha promessa de não fazer amor com ela essa noite.
    Para a minha surpresa, Safira põe as mãos ao redor de mim também. Eu quero dormir assim com a minha esposa todas as noites. Henry pode ser o homem com quem ela fez quase tudo, mas foi comigo que ela casou, pena que não foi consciente e não houve necessariamente vontade. Mas alguma coisa ela sente. Ela está apaixonada, mas não quer admitir.
    Só espero que faça isso antes de me machucar.

     A primeira coisa que eu procuro na cama é o corpo de Safira, mas eu não a sinto e isso me obriga a abrir os olhos. Ela não está na cama e não está no quarto. Pulo da cama para procurar no banheiro, vou para a sala, todos os cantos, mas nada. E ela nem deixou um bilhete, nem para me mandar a merda.
     Sento na cama, pensando se a noite de ontem não significou nada para ela. Mais uma vez, ela traz esse sentimento de dor no meu peito. E se ela foi atrás dele? Fecho os olhos e tento acalmar o meu coração, que nesse momento não quer suportar a ideia dela correndo para os braços de outro depois do que tivemos.
    Aguenta, por favor!
    Você não pode desistir. Ainda não é momento para desistir.
    Aguenta, porra!
    Suspiro, levando e vou tomar um banho. Talvez quando terminar, eu me sinta melhor.

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Espero que tenham gostado.
Beijos!

Safira - Pedras Preciosas Where stories live. Discover now