Capítulo trinta e dois - Harris

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     Porquê eu sinto que estou cometendo um erro? Foi ela que me machucou, temos que terminar com isso mesmo. Eu devia estar feliz por Safira me deixar em paz, então porquê eu sinto meu peito ardendo?
    Eu tentei e não tive o que eu queria, agora tenho que seguir em frente. Eu tenho que esquecer a mulher que me machucou, que me fez sentir alguma coisa, eu tenho que me divorciar de Safira. Talvez nem devêssemos ter começado. Acho que se eu soubesse que as coisas terminariam desse jeito, provavelmente eu teria desistido no mesmo momento em que comecei a desejá-la.
    Independentemente da nossa separação, ainda me preocupo com ela, por isso que estou tocando a campainha do apartamento de Maise. Esmeralda fez bem em me contar. Ela é a melhor cunhada que eu tenho.
    Maise abre a porta para mim e passo por ela antes que diga alguma coisa. Tive que vir correndo para cá para acabar com o que quer que seja que ela pensa que vai fazer. Como foi capaz de empurrar Safira na estrada? E se tivesse acontecido alguma coisa?
    — Harris, o que você está fazendo aqui? — Pergunta.
    — Adivinha!
    — Você quer voltar a estar comigo?
    — Não! Você tentou matar Safira!
    Ela desvia o olhar. — Matar é uma palavra muito forte. Eu não fiz de propósito.
    — Eu não acredito. Ela não teria mentido para mim.
    Maise fica na minha frente. — E eu estou mentindo?
    — Ouve! Eu sei que você está assim por causa da nossa separação. Mas fazer tudo isso não vai resolver nada. Pelo contrário. Você vai acabar presa. E eu não vou poder fazer nada.
    — Eu não quis machucar ela...
    — Porquê continua mentindo? Como você sabe onde ela trabalha?
    — Eu a segui. Apenas isso. Queria saber porquê você se apaixonou por ela.
    Suspiro. — Nós não estamos mais juntos há quase um mês. Então esqueça ela. Se afaste de Safira antes que eu mesmo te coloque na prisão, Maise. Entendeu?
    Ela recusa e começa a chorar. — Harris, eu te amo!
    — Maise, pára com isso.
    — Está bem.
    — Você disse que não queria me perder, mas desse jeito não podemos ser amigos.
    — Não! Por favor!
    — Agora eu preciso ir. — Alcanço a porta e saio. Fico esperando o elevador, pensando em como Safira deve estar nesse momento. Eu também devia ligar para doutor Downey para saber como as coisas estão, mas uma parte de mim quer que ele demore uma eternidade.
    Amar é complicado. Acho que as coisas eram mais fáceis quando eu estava com Maise. Mas eu não era feliz. E com Safira, houve momentos bons em que eu realmente me sentia feliz. Aquela sensação tão boa agora é estranha para mim. Eu já não sei o que fazer. Já desisti, mas sinto que estou errando. Como eu posso estar errado?
    Pego no meu celular e ligo para Karly, depois dela me mandar uma mensagem dizendo que vai intentar um processo em tribunal contra Maise.
    — Espero que seja algo que eu queira ouvir, gostosão. — Ela atende.
    — Não faça isso. Eu acabei de conversar com Maise. Ela vai se afastar da Safira.
    — Não posso. Não é comigo que deve conversar, querido. Converse com Safira. Ela é a parte lesada.
    — Tenho mesmo que conversar com ela? É que Maise só está machucada. Ela não aceitou bem a nossa separação. Vou resolver isso. Prisão não é lugar para ela.
    — Harris, não é comigo que você deve conversar. Eu apenas defendo os interesses de Safira nesse momento. Vai conversar com ela e se ela me dizer para parar, eu paro.
    — Está bem. Obrigado mesmo assim.
    — Beijos!
    Desligo e penso como vou conversar com Safira. Talvez seja um pouco injusto pedir para ela parar o processo contra Maise, porque ela se machucou de verdade e disse que estava assustada. Será que não existe um jeito de convencer ela a pedir apenas uma medida cautelar?
    Eu não sei se quero vê-la.

     Mais uma noite, meus pensamentos me aterrorizando, me sentindo triste e sem esperança. Mais uma noite, sentado na cozinha, com uma chávena de chá nas minhas mãos e meus irmãos ao meu lado. Eu quero contar que sou casado com Safira e que vamos nos divorciar, mas as palavras não estão saindo. E agora, acho que sou livre para contar ou tenho que perguntar para Safira?
     — Ela está bem? — Renner pergunta.
     — Eu não sei. Ela não disse muito e estava chorando. Eu sei que disse que não quero mais falar sobre ela ou vê-la, mas isso tem sido impossível.
    — Eu percebi. — Peter olha para mim. — Mas o que está impedindo agora?
    — Como assim?
    — Harris, você está apaixonado por ela, ela por você, não pode desistir agora.
    Rio sem humor. — Você não entende. A minha história com Safira é diferente da sua com a Esmeralda.
    — Mas pense assim. Depois que eu machuquei a Esme, ela poderia não ter me perdoado, não acha?
    — Você não está mesmo entendendo. Eu deixei claro sobre os meus sentimentos e fazia de tudo para que ela estivesse feliz ao meu lado, mas ela ia correndo sempre para os braços de outro.
    — Mas ela estava com ele, não é? — Nicholas arqueia a sobrancelha.
    — Sim. — Minha voz sai baixa. — Mas já tínhamos alguma coisa.
    — Porque você era o amante. — Renner completa.
    — Não. Eu não... não sei.
    — E agora? O que ela fez agora? Você nunca chegou a contar. — Peter cruza os braços por cima da ilha.
    Suspiro. — Ela... disse que Henry a amava e eu não. Sei que vão achar ridículo e não vão entender os meus motivos, mas...
    — Tudo bem. Você tem seus motivos. Ninguém está te julgando. — Peter continua. — Mas, às vezes, a gente só precisa perdoar.
    — Mas eu não quero perdoar a Safira. Está completamente fora de questão.
    — Você não acha que está exagerando? — Nicholas pergunta.
    — Nick, não! — Peter toca seu ombro.
    — Mas ele não percebe que às vezes, apenas um de vocês tem de fazer tudo? Se ela é a pessoa que estraga tudo, você é a que conserta.
    — O problema é que não há nada para ser concertado.
    — Você diz como se ela tivesse te traído. — Renner desvia o olhar de mim.
    — É parecido. — Ou talvez tenha sido exatamente isso. Ela ficava com ele, enquanto eu sou o marido.
    — Você está muito machucado. Quem sabe ela também esteja. Ela parecia arrependida, Harris. — Renner diz.
    — Se arrependeu tarde demais. Eu sei que estão tentando me ajudar, mas precisam estar do meu lado, não do lado dela, por favor! Vocês são os meus irmãos.
    — Ninguém está do lado dela, Harris. — Nicholas comenta. — Estamos sempre do seu lado, pode acreditar.
    — Só queremos o melhor para você. — Renner toca o meu ombro.
    — Mas a decisão será sempre sua. Se é isso que você quer, tudo bem. Vamos te apoiar e estar do seu lado. Sempre. — Peter olha para mim.
    — Obrigado.
    Levanto e vou para o meu quarto tentar dormir, porque é apenas isso que tenho feito ultimamente. Tentar.
    Amanhã será outro dia.

Safira - Pedras Preciosas Where stories live. Discover now