Capítulo dezoito - Harris

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    Tive a ideia brilhante de seguir a minha esposa, mas agora acho que não é assim tão brilhante porque estou vendo ela com o seu amante. Ela pensa que aquelas palavras foram o suficiente para me afastar, mas não é assim. Ambos estamos fazendo algo errado: ela continua com ele, e eu estou mentindo que estou tratando do divórcio. Mas eu sei que ela vai me agradecer depois.
    Suspiro quando vejo o desgraçado tocando na cintura da minha esposa e fazendo carinho no seu rosto, sorrindo. Eu me preparo para levantar, mas Nicholas me impede com sua mão forte no meu ombro, me mantendo sentado.
    — Porquê eu tenho que ser sempre a vossa babá? — Ele diz. — Primeiro cuidei do Peter quando estava com a Esme. Depois, foi o Renner com a Rubí, agora você, eu preciso de umas férias.
    — Desculpa. É que eu gosto mesma dela e vê-la assim com ele...
    — Acho que vai ser pior se ela notar que você está aqui.
    — Qualquer um pode estar aqui.
    — Não. Nós não. Somos de classe muito alta, irmão. Mas se quiser posso dizer que estou aqui por causa da Jade.
    Olho para ele. — Sério?
    — Claro que não! E acho que um dos melhores jeitos de despertar os sentimentos de Safira é fazendo ciúmes.
    — E se isso piorar as coisas?
    — Como assim piorar?
    Não quero falar demais. Safira me fez prometer que não contaria a ninguém. Não posso fazer isso.
    — Ela vai achar que estou ficando com outra e vai mesmo casar com o imbecil.
    Olho para ela, para sua blusa preta aberta por trás, onde ele passa as suas mãos algumas vezes. Sinto minhas veias queimando, mas eu não desvio o olhar. Para a minha sorte, ou azar, ele nota o meu olhar sobre a minha esposa que ele acha que é sua noiva.
    O que ele faz depois? O idiota beija ela na minha frente. Ele beija a minha mulher na minha frente sem desviar os olhos de mim, querendo que eu veja a cena. Implicitamente, está me dizendo que Safira é dele, mas se não fosse a minha promessa, eu mostraria todas as provas do nosso casamento.
    — Que filho da puta! — Nicholas está rindo. — Desculpa, irmão, mas eu faria o mesmo.
    — Isso não tem graça, Nick. — Sinto um misto de dor e raiva.
    — Porquê você não dança?
    — Eu não quero dançar.
    Desvio o olhar porque não posso mais olhar para aquele beijo interminável. Mais uma vez, para a minha sorte, ou azar, Jade me reconhece e acena como uma criança de cinco anos.
    — Merda! A Jonhanson idiota nos viu. — Nicholas revira os olhos. — Pensei que estava demasiado ocupada sendo observada por um cretino que está comendo ela com os olhos.
    — O quê? — Viro para ele, porque realmente não entendi.
    — Nada, irmão.
    Volto a minha atenção no casal que ainda está se beijando, até que Jade vem até nós com um grande sorriso. Está com um vestido preto justo, saltos altos e com os cabelos soltos.
    — Oi! — Ela se aproxima.
    Levanto para abraçar ela, mas sinto duas pessoas me queimando com os olhos. O homem de camisa atrás do balcão e meu querido irmão teimoso.
    — Como você está? — Pergunto.
    — Ótima. Não vai me dizer nada, Nick? — Ela olha para Nicholas.
    Ele boceja. — Esse trabalho é a sua cara, garçonetezinha!
    Ela revira os olhos. — O que os irmãos Tales estão fazendo aqui? Pensem que só bebiam em lugares bem melhores. — Arqueia uma sobrancelha como se soubesse de tudo.
    — Não é da sua conta, não é? — Nicholas levanta também.
    — Eu falei com você, por acaso?
    Ele está sorrindo. — Sentiu a minha falta? — Se aproxima dela. Jade cora e desvia o olhar.
    Eu sento no meu lugar. Para se juntar a nossa festa, o homem de camisa surge com cara de poucos amigos. Porquê a vida dos Tales tem de ser dificultada por alguém? Porquê as Jonhanson têm sempre admiradores?
    — Boa noite! — Ele fica do lado da Jade. — Algum problema? — Força um sorriso.
    Finalmente, Safira se afasta do desgraçado. Mais dessa vez é azar mesmo, porque ela nota que sua irmã está cercada por três homens atraentes e se aproxima da gente.
     — Não. Mason, esses são os cunhados da minha irmã Esmeralda.
     O tal de Mason toca o ombro de Jade, como se estivesse marcando território de forma subtil. Como eu tinha dito, não temos a sorte de Peter. Ele era o admirado da relação.
    — Ah! Jade já me falou de vocês. Os irmãos Tales.
    — Pensei que éramos famosos pela cidade. — Nicholas não se afasta da Jade.
    — Harris! — Oiço Safira.
    Merda!
    — E Nicholas! — Nicholas revira os olhos, mas eu sei que está achando tudo isso divertido.
     — O que os irmãos Tales fazem aqui? — Pergunta Henry.
     Mason olha para Nicholas com desprezo, eu acho. — É verdade?
    — Eu vim porque soube que a Jade trabalha aqui. — Nicholas sorri, deixando ele mais irritado. Meus irmãos são incríveis.
    — Você é um péssimo mentiroso. — Jade diz.
    — Eu não sabia que você tinha namorado. — Mason olha para ela.
    Noto também que Henry toca na minha esposa. Se ele tocar no traseiro dela na minha frente, eu perco a cabeça. Já estou cansado de suportar essa merda!
    — Claro que não! Eu não tenho ninguém. — Jade sorri.
    — Quero uma bebida! — Nicholas senta ao meu lado. — Querem se juntar a nós?
    — Claro! — Henry responde sentando e trazendo Safira, minha esposa, ao seu lado.
    Alguém vai morrer!
    — Carinho, porquê não trás bebidas para os nossos clientes? — Mason não tira os olhos do meu irmão, que está se divertindo com a cena.
    — Sim, Carinho. Bem gelada. — Nicholas pisca um olho para Jade.
    Aceno a cabeça em negação. — Eu estou bem. — Estou tentando não repetir o mesmo errado de alguns dias. Mas graças a embriaguez, eu me casei com a Safira.
    Jade desaparece.
    — Veio mesmo por causa da Jade? — Henry pergunta.
    Olho para ele. — Desculpa, você é...?
   Safira fecha os olhos por alguns segundos. — Ele...
    — Sou o Henry Davies. Namorado da Safira.
    Pensei que iria ser gabar dizendo que é noivo, mas ainda bem que não faz isso. E o imbecil não sabe que eu ando investigando sobre ele. Não posso deixar qualquer pessoa se aproximar da minha esposa.
    — Harris Tales! — Marido dela. Quero dizer, mas não posso.
    — Eu sei quem você é!
    — Ainda bem que sabe. — Não consigo sorrir para ele. Claro que não. Ele está com a minha esposa!
    — Eu sei de muita coisa. — O imbecil sorri, orgulhoso, olhando para a minha esposa.
    Será que sabe que ontem ela estava gemendo o meu nome? Ou que ela é legalmente minha? Não sabe, filho da puta, então, cala a boca!
    Estou mesmo me segurando.
    — Dá para perceber.
    — Eu sou Nicholas. — Nicholas tenta afastar a tensão entre nós. — O Tales mais inteligente.
    — Não parece. — Consigo ouvir Mason. Ele se senta com a gente.
    Nicholas tem problemas com mesas grandes, porquê eu sentei com ele? Tem mais três cadeiras vazias na nossa mesa.
    — Desculpa? — Pergunto.
    — Eu disse que a Jade está vindo.
    Todos olhamos para ela vindo com uma bandeja cheia de bebidas. — Aqui está tudo. — Distribui aos seus donos. — Mais algum pedido?
    — Não, carinho. — Nicholas responde. — Quer se juntar a nós?
    Eu acharia essa cena engraçada se um desgraçado não estivesse sussurrando no ouvido da minha mulher. Jade senta ao meu lado.
    — Pensei que estivesse trabalhando? — Pergunto.
    — Eu sou a gerente desse lugar.
    Nicholas engasga.
    — E eu sou o dono. — Mason responde.
    Dessa vez, quem engasga sou eu.
    — Algum problema com nossas bebidas baratas? — Mason olha para nós com desdém.
    — Não. — Olho para minha esposa teimosa.
    Henry percebe e beija ela.
    É sério, caralho?
    — Ah! Não houve problemas aqui enquanto Jade esteve fora nesses dias? — Pergunta Nicholas.
    — Eu senti falta dela sim. — Mason responde. Se Nicholas quer deixar ele irritado está mesmo conseguindo.
    — Então, Safira! — Digo. Henry afasta sua boca imunda dela. — Quando será o casamento?
    — Em breve! — O idiota responde. — Ainda estamos tratando de outros assuntos.
    Se ele soubesse...
    — Claro. Pensei que iriam se casar em pouco tempo, não é senhorita Jonhanson?
    Safira estreita os olhos para mim. — Eu tenho que ir ao banheiro. — Ela levanta e sai.
    — E você, Jade? Quando vai arrumar um namorado? — Pergunta Nicholas.
    Mason levanta como se não pudesse mais suportar meu irmão. — Tenho assuntos para tratar. — Mas dá para perceber que está incomodado e com raiva. Espero que não nos espere na frente do bar com vários homens de negro.
    — Céus! Porquê ele ficou assim tão irritado? — Nicholas exagera na sua voz sarcástica.
    — Você! — Jade responde.
    — Eu só estava curioso sobre certas coisas, idiota!
    Jade levanta. — Vou ver como a minha irmã está.
    Ela sai desfilando, fazendo Nicholas rir muito. Talvez seja da bebida, não sei.
    — Você deve ter percebido que ele gosta dela e estava se certificando de que você não conseguisse encantar ela. — Henry responde, olhando para mim. — Devia se afastar e deixar ele continuar tentando a sorte.
    — Eu só estava brincando. — Nicholas olha para mim. — Eu não sinto nada pela Jonhanson idiota.
    — Percebi. Mas não é motivo para não deixar que outros namorem ela.
    Nicholas fecha a cara. Eu nem preciso dizer mais nada sobre isso, não é?
    Envio uma mensagem ao Renner.
    Harris: Como conseguia suportar ver Rubí com outro na sua frente?
    Renner: Eu pensava sempre que se eu não me controlasse, eu perderia ela. Porquê, irmão?
    Harris: Obrigado.

    Agora mando uma para Jade.

    Harris: Preciso da sua ajuda para distrair o Henry.
    Jade: Claro. Não gosto mais dele mesmo. Estou indo.

    Sorrio pensando em como seria ótimo ter Jade como cunhada. Olho para Nicholas, que está lendo minhas mensagens, então ele pega no seu celular e manda uma para mim também.

    Nicholas: Como conseguiu o número da Jade? E porquê você tem?
    Harris: Isso importa? Pensei que não gostava dela.

    Suspiro e encaro Henry, depois de receber um olhar mortal do meu irmão. Mas não dura muito porque Jade aparece sorrindo e massaja os ombros do Nicholas.
    — Voltei.
    — Eu não me sinto muito bem. Vou para casa. — Toco na gola da minha camisa duas vezes e Nicholas percebe. Céus! Eu amo meus irmãos. — Vou pagar a conta.
    — Não! Eu pago. Vai descansar. Você tem uma reunião importante amanhã. Eu te encontro em casa. — Bate os dedos na mesa, me dando o sinal de que vai controlar a situação.
    — Obrigado. — Olho para Henry. — Foi interessante, Henry. Adeus, Jade. Despeça a Safira por mim.
    — Não se preocupe. — Henry responde.
    Eu levanto e vou em direção à saída, que para a minha sorte é na mesma direção que o banheiro. Entro no corredor escuro e vejo uma mulher saindo dele assobiando.
     — Desculpa! Tem alguém no banheiro? Loira? — Pergunto.
     Ela me olha de cima a baixo. — Sim. Tem uma garota loira. — E se afasta.
     Eu olho para os lados e entro antes que alguém me veja. Safira está secando as mãos e assusta quando olha para o meu reflexo no espelho. Eu tranco a porta e me aproximo.
    — O que foi aquilo? — Pergunto.
    — O quê?
    — Você sabe o que eu quis dizer.
    Ela vira para mim. — É verdade. Você e Henry agindo como idiotas. Pensando bem, apenas você.
    Rio sem humor. — Sério? Desculpa, mas a minha esposa, que transou comigo ontem e me beijou várias vezes, estava ao lado de outro homem.
    — Eu não sou sua esposa.
    — Quer que eu refresque a sua memória? — Me aproximo e beijo sua boca antes que ela diga mais alguma coisa.
    Seguro suas mãos atrás das suas costas e deixo a outra mão na sua nuca, puxando ela para mim. Ela luta no começo, mas depois se entrega para mim. Aos poucos, estou descobrindo seus pontos fracos.
    Sua boca é tão macia, tão deliciosa, tem um gosto muito bom. Ela tem gosto de minha mulher. Não vou desistir até que ela diga que quer continuar sendo a minha esposa.
    Só me arrependo de não ter deixado marcas nela quando a gente transou ontem. Mas estou surpreendido por saber que ela deve perdoar cada merda que aquele filho da puta faz. Que mentira será que ele contou para ela dessa vez?
    O importante é que ela não pode mentir para mim dizendo que não sente nada. Ela é a única que está afastando os sentimentos e admite o que realmente está acontecendo. Mas eu vou fazer ela perceber que devia estar voltando comigo agora para a nossa casa.
    Me afasto e tiro um cartão do meu bolso. — Eu encontrei um emprego para você. — Entrego o cartão do endereço e número. — Amanhã posso levar você para lá. O salário é bom.
    — Harris...
    — Vai trabalhar como secretária de uma amiga. Ela é boa pessoa e vai te tratar bem.
    — Não sei o que dizer.
    — Não precisa dizer nada. — Me afasto dela e abro a porta. Olho por cima do ombro. — E... não me arrependo do que aconteceu ontem a noite. Eu voltaria a fazer tudo de novo.
     Saio antes que ela diga alguma coisa que me machuque. O que eu vi essa noite foi o suficiente para me fazer passar a noite em branco.
    Minha esposa está me enlouquecendo!

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Espero que tenham gostado. Beijos!

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