Prólogo

939 82 50
                                    

Yashiro andava sorridente pelas ruas de sua pequena cidade. A população não era extremamente numerosa, então todos se conheciam. Isso explicava o fato de vez ou outra ela cumprimentar algumas pessoas em sua caminhada.

Era feriado, não precisaria trabalhar hoje. Aproveitou o dia para escrever alguns textos que estava devendo para a escola — ela não era uma das alunas mais aplicadas — e talvez alguns poemas. 

Agora, caminhava ao lado do muro branco, abraçando seu caderno de anotações e algumas flores. Entrou no local, cumprimentando o porteiro com um breve sorriso e caminhou pelas ruas desertas.

Aoi, sua melhor amiga, já havia comentado sobre esse estranho costume. Perguntou se ela sofria com algum problema ou se precisava de ajuda. Yashiro, obviamente, achava rude e dizia apenas ser um local onde podia relaxar.

Afinal, não é tão comum alguém gostar de frequentar lugares como um cemitério. 

Olhou para o banquinho abaixo da árvore que costumava sentar e pensou duas vezes: estava inspirada e disposta, caminhar um pouco mais não faria-lhe mal algum. 

Continuou seguindo a trilha asfaltada, aspirando todo aquele frescor das árvores que achava maravilhoso. O sol estava fraco e ameno, um dia consideravelmente agradável. 

Olhou ao redor, observando a vastidão de túmulos e lápides. Sentia-se um pouco cabisbaixa, afinal, sua cidade era famosa por justamente aquilo: histórias bizarras de assassinatos e crimes misteriosos.

Vez ou outra, era normal repórteres aparecerem pedindo entrevistas dos moradores a respeito de rumores que se espalhavam por todo o estado. 

Encontrou um pequeno morro envolto de grama, um pouco distante da estrada principal. Sentou-se nele, abrindo seu caderno para escrever. 

Respondeu alguns questionários e nem percebeu o tempo passar. O laranja cobria todos os tons azuis do céu, indicando o pôr do sol. O sol se escondia timidamente no horizonte à mesma medida que Yashiro suspirava, viajando em seus devaneios.

Os tons quentes remetiam-lhe à paixão ardente, ao amor intenso. Seus olhos brilhavam ao imaginar-se vivenciando ambos com um garoto bonito e atraente. 

Enquanto guardava seus materiais para voltar, um pequeno coelho de pelagem castanho-rosada aproximou-se. Yashiro sorriu, acariciando os pelos macios dele. 

— O que faz aqui? — Perguntou ao animal, mesmo sem esperar uma resposta. 

Ele fugiu por entre alguns arbustos e Yashiro involuntariamente o seguiu. Passou pela cortina de folhagens, surpreendendo-se com o que ali estava escondido: Um túmulo aparentemente antigo, com um estranho selo grudado em sua lápide. 

Tentou ler as escrituras, mas só conseguiu decifrar as letras após limpar um pouco da poeira acumulada em sua superfície. 

"Yugi Amane"

— Bem, é um cemitério — Yashiro disse, soltando uma risadinha. — Acho que eu deveria encontrar túmulos por aqui. Mas por que esse estava tão isolado? — Revistou o lugar, não havia nada além de alguns musgos no limite do muro. 

Ficou intrigada com aquele acontecimento repentino, antes que florescesse-lhe a dúvida: "Quem é — ou pelo menos foi — Yugi Amane?"

Chegou em seu apartamento, organizou seu jantar, tomou um banho e sentou-se em frente ao pequeno computador. A curiosidade falava muito mais alto que qualquer outra ocupação que tivesse naquele momento.

— Yugi… Amane! — Digitou o nome, exclamando ao encontrar apenas uma página correspondente: o blog de sua cidade. O título era, de fato, bem atrativo. 

"Você conhece a lenda de Hanako?"

𝑂 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑡𝑜 - Hananene fanficOnde histórias criam vida. Descubra agora